O rock no Brasil começou a engatinhar com artistas que faziam
versões de Elvis, Chuck Berry e afins. Anos depois, durante a Jovem Guarda,
artistas como Renato e Seus Blue Caps, Jerry Adriani e Ronnie Von chegaram a
flertar com o estilo, porém foram os Mutantes, banda formada por Rita Lee e os
irmãos Batista que surgia o primeiro grande representante do rock nacional. Já
nos anos 70, Raul Seixas também deu outro ânimo ao estilo, além de algumas
bandas com características mais progressivas, como O Terço, A Bolha, etc, mas
sem grande repercussão comercial nacionalmente falando. Foi somente nos anos 80
que o rock no Brasil realmente ganhou espaço, com diversas bandas talentosas
teve seu momento de ouro, iniciando com o lançamento do primeiro disco da Blitz
em 1982 até meados da década de 90, o rock viu suas melhores bandas produzindo
discos que não devem nada a grandes nomes da música internacional.
Como já fiz a lista das minhas dez bandas preferidas dos Estados
Unidos, resolvi dessa vez, listar minhas cinco bandas preferidas no rock
nacional. Como foi dito daquela vez, listas são divertidas e interessantes,
desde que não sejam levadas a ferro e fogo, além disso, são muito divertidas de
serem elaboradas.
Segue meu top five:
Barão Vermelho
Como disse um amigo meu, eles são algo como os Rolling Stones
brasileiros. A banda carioca formada em 1981 sempre se destacou pela essência
rock n’ roll do seu som, com influências fortes de bandas da década de 60 e 70,
como os citados Stones, The Who, Deep Purple, Led Zeppelin, entre outros. Ao
contrário das outras bandas de sua geração que seguiram o caminho do pop dos
anos oitenta, com sintetizadores e afins, o Barão sempre se manteve executando
seu hard rock potente, flertando vezes com o blues, noutras com baladas
românticas, mas sempre com grandes canções.
No início a banda contava com os vocais do carismático
Cazuza, reconhecidamente um dos maiores compositores da música nacional,
participou dos três primeiros discos da banda, que possuem clássicos do rock
nacional, como “Bete Balanço”, “Pro Dia Nascer Feliz”, “Maior Abandonado” e
“Todo Amor Que Houver Nessa Vida”.
Cazuza deixou a banda em meados de 1985, meses após a
apresentação da banda no festival clássico Rock In Rio I, durante as gravações
do quarto disco da banda. A saída não foi amigável, tendo o cantor rompido
laços com a maioria dos integrantes durante um bom tempo, porém com o tempo
inegavelmente a saída do vocalista se mostrou melhor para ambas as partes.
A banda sentiu muito a saída de seu front man e principal
compositor, justamente na fase de preparação do novo disco, “Declare Guerra”,
lançado em 1986. Com colaboração de compositores como Renato Russo e Arnaldo
Antunes, o disco é ótimo, porém foi pouco trabalhado pela gravadora e obteve
poucas vendas, porém nele estão músicas excelentes como “Bagatelas”, “Torre de
Babel” e “Declare Guerra”.
Em 1987, a banda lança “Rock N’ Geral”, com maior
participação dos membros no processo de composição, no entanto, apesar de ser
um bom álbum e das boas críticas, vende apenas 25.000 cópias.
O voo só voltaria a aprumar no ano de 1988, com o lançamento
de “Carnaval”, um dos grandes discos da década, com destaque para a faixa
“Pense e Dance” que foi trilha da novela Vale Tudo. Em 1990, finalmente o Barão
voltaria a ter destaque no cenário nacional, com o lançamento de “Na Calada da
Noite”, com faixas como “O Poeta Está Vivo”, “Invejo os Bichos” e “Beijos de
Arame Farpado”. Esse período marca a saída do baixista Dé (substituído por
Dadi, ex Novos Baianos e A Cor do Som) e do tecladista e fundador da banda
Maurício Barros.
Durante os anos noventa, a banda seguiria com destaque na
mídia e sucesso comercial, flertando inclusive com a música eletrônica, como no
álbum “Puro Êxtase”, de 1998. Já na década passada, a banda lançou entre
diversas pausas nas atividades, somente um álbum homônimo, que gerou os singles
“Cuidado” e “A Chave da Porta da Frente”, além do lançamento do cd e dvd “Mtv
Ao Vivo”, relembrando sucessos de diversas fases da carreira. Além disso, os
integrantes investiram em projetos paralelos, incluindo álbuns de sucesso de
Frejat, esse que após toda incerteza deixada pela saída de Cazuza se consolidou
como um dos melhores cantores e guitarristas do rock nacional.
O Barão Vermelho possui uma carreira de trinta anos e uma
regularidade invejável, nenhum disco da carreira da banda é ruim, pois apesar
das fases conturbadas a banda sempre criou boas canções, apelou a grandes
letristas e mesmo os discos renegados à sua época hoje são tidos como
clássicos. Eles conseguiram achar a linha tênue que separa o hard rock de
qualidade do ridículo e mantiveram a qualidade sonora em todos os lançamentos
da carreira.
Pra mim, a melhor banda da história do rock nacional.
Raimundos
“A vida me presenteou com dois primos já marmanjo, o muito
justo era o Augusto e o safado era o Berssange, numa tarde ensolarada toda
aquela criançada tomando um refrigerante”. Assim começa o primeiro disco dos
Raimundos, com “Puteiro em João Pessoa”, o vocalista Rodolfo Abrantes conta uma
história alucinada de como perdeu sua virgindade. A banda conquistaria uma
geração com suas letras irreverentes e pornográficas.
A banda foi formada em Brasília no ano de 1987, pelo
vocalista Rodolfo Abrantes, o guitarrista Digão e o baixista Canisso. Porém a
banda não vai pra frente, devido aos integrantes estarem envolvidos em outras
bandas e iniciando estudos. A volta da banda como atividade principal dos
músicos só se daria em 1992, já com o baterista Fred na formação da banda,
estava pronta a formação clássica da banda.
Desde o início, a banda se caracterizava pelas letras
engraçadas, com muitas palavras chulas, comumente contando histórias bizarras
escritas pelo vocalista Rodolfo. Outro elemento importante no som da banda era
a influência nordestina, com algumas músicas dos dois primeiros discos
flertando claramente com o forró, tendo inclusive participação do cantor do
estilo Zenilton. Vale lembrar também, que a banda foi a primeira a falar
abertamente do uso de maconha em suas letras.
O primeiro disco, homônimo, sairia em 1994, pelo selo
Banguela, gerenciado pelos Titãs que participam inclusive da gravação e
produção do disco. Já de cara, a banda mostrou a que veio, com um dos melhores
discos de estreia de uma banda de rock nacional, pois continham hits do calibre
de “Nega Jurema”, “Bê A Bá”, além da citada “Puteiro em João Pessoa” e “Selim”,
uma balada que fala sobre vaginas e afins, essa última alavancou as vendas da
banda, que chegaram a marca de 120.000 discos vendidos na época.
No segundo disco, Lavô Tá Novo, lançado em 1995, a banda
assumiria de vez o lugar de destaque do rock nacional na década de 90. O álbum
continha a clássica “Eu Quero Ver O Oco”, “Esporrei Na Manivela” e “I Saw You
Saying (That You Say That You Saw)”, além disso, a banda começou a deixar menos
em evidência a influência nordestina em comparação com o disco anterior, tendo
somente “Tá Querendo Desquitar (Ela Tá Dando)” com essas características.
No álbum seguinte, “Lapadas do Povo”, de 1997, a banda já
mais madura, tenta incluir letras mais sérias em seu repertório, com conteúdo
social e letras mais sérias, tais como “Andar Na Pedra” e “Baile Funky”, no
entanto o disco não repetiu o sucesso dos anteriores, fazendo com que a banda
voltasse a irreverência com o lançamento seguinte.
Em 1999, a banda lançaria seu best seller, “Só No Forevis”,
que continha a popularíssima “Mulher de Fases”, além dos sucessos “A Mais
Pedida” e “Me Lambe”. Esse é o disco mais pop do Raimundos, não a toa o mais
vendido e que pôs eles definitivamente em todas as rádios e programas do país.
Em 2001, quando a banda era a maior do Brasil, em meio a
turnê do bem sucedido Mtv Ao Vivo, a banda anuncia seu fim, retornando meses
depois sem o vocalista Rodolfo, que alegou que como compositor estava preso ao
formato irreverente das músicas da banda e não se sentia mais a vontade em
cantar as músicas da banda.
Desde então, em meio a imensas trocas na formação, o único
que se manteve o tempo todo na banda foi o guitarrista Digão, que assumiu os
vocais principais com a saída de Rodolfo da banda, houve lançamentos como o
inconstante “Kavookavala” e o ep virtual “Ponto Qualquer Coisa”, mas sem a
mesma repercussão dos tempos gloriosos.
A banda segue na ativa com Digão, Canisso, Marquim e Caio e recentemente
lançou um dvd e cd ao vivo, relembrando os sucessos da banda com algumas
músicas inéditas num projeto do canal Multi Show; lançou também um Split com o
Ultraje A Rigor, onde uma banda faz versões de músicas da outra. Há previsão de
um disco de inéditas a ser lançado entre esse ano e o próximo.
O Raimundos é um raro caso de banda que esteve no auge máximo
da música pop e decaiu se tornando novamente independente, os integrantes
seguem buscando reconquistar seu espaço e mostrar que podem sobreviver longe da
sombra dos fãs carentes do Rodolfo.
Titãs
Banda paulistana formada em 1982, por nove músicos, que se
conheceram entre bandas e escolas de São Paulo no final da década de 70.
Durante os trinta anos de carreira, a banda flertou entre diversos
estilos musicais, entre eles, o funk (“O Que”), o punk (“Polícia”), o reggae
(“Marvin”), new wave (“Insensível”), MPB (no disco acústico Mtv), entre outros,
sempre com composições criativas e letras excelentes, fruto da colaboração das
oito cabeças que unidas foram a formação clássica dos Titãs: Arnaldo Antunes
(vocalista e grande compositor), Paulo Miklos (vocalista, compositor e multi
instrumentista), Nando Reis (baixista e compositor), Marcelo Fromer
(guitarrista e compositor), Sérgio Britto (tecladista e compositor), Branco
Melo (vocalista e compositor), Tony Belotto (guitarrista e compositor) e
Charles Gavin (baterista).
Devido a cada membro da banda ter um estilo de composição, os
discos dos Titãs possuíam diversidade impar, com canções entrelaçadas, porém
cada uma com uma característica principal, como a poesia torta de Arnaldo, as
baladas pop de Nando ou os hits radiofônicos de Sérgio Britto. Eram oito caras
mega inteligentes e criativos, produzindo música honesta, ou seja, dificilmente
não daria certo, pois é, mas quase não deu.
A banda só foi obter sucesso e reconhecimento da crítica no
seu terceiro disco, “Cabeça Dinossauro”, de 1986. Apesar de os dois primeiros
discos terem gerados singles de relativo sucesso, como “Sonífera Ilha” e “Televisão”
e outras canções que só fariam sucesso anos depois, como “Insensível” e
“Marvin”, a banda não conseguiu emplacar e pintava como uma eterna promessa,
porém após a prisão de Arnaldo Antunes e Tony Belotto em 1985, a banda se une e
renova seu som, com letras politizadas e protestos sociais que abrangiam desde
a polícia até a igreja, transformando a revolta em boa música, lança um dos
melhores discos da história da música nacional, com composições e um disco que
hoje em dia mais parece um Greatest Hits, a banda finalmente encontrava sua
identidade e se afirmava como uma das grandes bandas do rock nacional.
Mantendo o ótimo nível, a banda lança em 1987, o disco “Jesus
Não Tem Dentes No País Dos Banguelas”, que mantem o sucesso de seu antecessor,
com hits como “Comida”, “Corações E Mentes”, “Diversão” e “Lugar Nenhum”, não
deixou a peteca cair e novamente soa como uma coletânea, devido a imensidão de
músicas conhecidas do álbum.
Dois anos depois, em 1989, os Titãs mudam consideravelmente
seu estilo para o lançamento de “Õ Blésq Blom”, onde a banda se aproxima mais
da MPB e tropicalismo em faixas como “Flores”, “O Pulso” e “Miséria”. Este
disco, assim como o “Cabeça Dinossauro”, aparece em dez de dez listas dos
melhores discos gravados no Brasil em todos os tempos.
Nos anos noventa, a banda se aproxima da sonoridade grunge,
voltando a crueza de outros momentos e trabalhando com o produtor Jack Endino
(Nirvana), tendo uma queda na popularidade no início da década, numa fase que
marca também a saída de Arnaldo Antunes que visava se dedicar inteiramente a
projetos solos. No entanto, a banda voltaria ao estrelato vendendo duas milhões
de cópias de seu “Acústico Mtv”, de 1997, com versões mais acessíveis ao gosto
popular de diversos clássicos da banda.
Na década passada, eles gravaram bons discos, como “A Melhor
Banda de Todos Os Tempos Da Última Semana” e “Como Estão Vocês” e perderam
Marcelo Fromer, falecido em 2001, vítima de um atropelamento e Nando Reis, em
2002, devido a problemas de relacionamento com os outros integrantes e a
vontade de investir na carreira solo do músico.
Os Titãs seguem na ativa com quatro integrantes da formação
original da banda e estão realizando uma turnê comemorativa ao 30 anos de
banda, esbanjando vitalidade e rock n’ roll, é a banda mais versátil e criativa
do rock nacional.
Legião Urbana
Banda de Brasília, formada em 1982, por Renato Russo
(vocalista e compositor), Marcelo Bonfá (baterista) e posteriormente Dado Villa-Lobos
(guitarrista) e Renato Rocha (baixista).
Após o final do Aborto Elétrico, Renato Russo sai pela cidade
com seu violão num projeto chamado O Trovador Solitário, que dura pouco. Logo
após, Renato chama Bonfá e dá início aos planos de formar uma banda que mudaria
o mundo, a Legião Urbana.
Muito influenciado pelo rock britânico da época, com bandas
como Joy Division, The Smiths, The Cure, Jesus & Mary Chain, Echo and The
Bunnymen, entre outros, a Legião calcou seu som e se consolidou como uma das
maiores bandas da história do rock nacional, tendo Renato se transformado num
dos principais representantes de sua geração, sendo relatado comumente como um
dos poetas do rock nacional.
Já no primeiro disco, de 1985, a banda mostrava a que veio,
com letras de altíssimo nível para uma banda que estava começando e composições
grudentas (no bom sentido), a Legião já se destacava do restante das bandas
contemporâneas, tanto na sonoridade, quanto na característica vocal de Renato,
além das letras serem politizadas, terem conteúdo social, questionamentos
jovens, enfim, tratarem de tudo que a juventude passava naquele momento de
transição que o país vivia. Ali já estavam singles do quilate de “Será”, “Ainda
É Cedo” e “Geração Coca Cola”, pra se ter uma ideia.
A banda afastou o trauma do segundo disco, em 1986, lançando
seu clássico mor, “Dois”, onde a banda se afirma no cenário nacional e passa a
vender rios de discos, com as canções pop “Quase Sem Querer” e “Eduardo e
Mônica”, as ‘britânicas’ “Daniel Na Cova dos Leões” e “Tempo Perdido”, a densa
“Acrilic On Canvas” e a poesia brilhante de “Índios”, a banda conseguiria o que
todos artistas desejam quando iniciam sua carreira, fizeram uma obra atemporal,
que permanecerá pra sempre no imaginário pop nacional.
Em 1987, a banda lança mais como obrigação com a gravadora do
que criação conceitual, o álbum “Que País É Esse 1978/1987”, que trazia
composições de Renato nos tempos de Aborto Elétrico e músicas que haviam
sobrado das gravações de “Dois”, que originalmente seria um álbum duplo. Apesar
desse motivo, o disco também é um clássico, contendo as clássicas “Que País É
Este” e “Faroeste Caboclo”, além das manjadas “Eu Sei” e “Angra dos Reis”.
Novamente a banda mescla um resquício de sonoridade punk ao pós punk britânico,
com canções pop acústicas, sempre com linhas de guitarra marcantes, característica
imposta por Dado Villa-Lobos, que nunca foi brilhante tecnicamente, mas criou
melodias que ao primeiro acorde já sabemos do que se trata.
Em 1989, após a saída conturbada do baixista Renato Rocha, a
banda segue com sua formação como trio, como ficou eternizada, e lança “As
Quatro Estações”, novamente fazendo um sucesso monstruoso, com direito a shows
lotados em qualquer lugar que a banda passava. Puxavam o disco, dois dos
maiores sucessos da banda: “Há Tempos” e “Pais e Filhos”, obrigatórias em
qualquer roda de violão e luais a partir de então. Nesse álbum, a banda soa
mais pop, com diversas canções com potencial radiofônico, com violões e levadas
acústicas.
Dois anos após, em 1991, a banda lança “V”, um disco mais
soturno e melancólico, que revelava o momento difícil que Renato passava, com
seu vício em drogas e álcool e a descoberta da aids refletem o clima deprimente
do disco. O disco vendeu “apenas” 700.000 cópias, um fracasso para os padrões
da banda (bons tempos da indústria fonográfica hein). No álbum, não há nenhum
clássico incontestável da banda, mas possui canções marcantes como “Vento no
Litoral”, que foi regravada pela Cassia Eller, “O Mundo Anda Tão Complicado”, “Metal
Contra As Nuvens” e “Teatro dos Vampiros” que anos mais tarde entrariam no
repertório do “Acústico Mtv” da banda.
“O Descobrimento do Brasil”, lançado em 1993, teve como carro
chefe “Perfeição”, que ganhou videoclipe e teve boa veiculação na Mtv. Nesse
disco, a banda faz um som que mescla o pop com rock alternativo. Contém também
a faixa preferida de Renato, “Giz”.
Em 1996, a banda lança “A Tempestade ou O Livro Dos Dias”,
que traz em sua maioria, letras bastante depressivas e introspectivas,
refletindo o momento que Renato vivia, já bastante debilitado pelo vírus HIV.
Foi registrada apenas a voz guia nas gravações, sem as vozes definitivas e
Renato não quis posar para fotos no encarte do álbum. A principal música do
disco foi “A Via Láctea”, em que Renato aparentemente revela um dos seus dias
durante essa fase, a letra é muito triste. Possui também “Dezesseis” que fala
sobre rachas e está presente na coletânea “Mais do Mesmo”.
A banda ainda lançaria de maneira póstuma, o disco “Uma Outra
Estação”. Originalmente o lançamento seria duplo, juntamente com seu
antecessor, porém o projeto não foi aprovado pela gravadora. Ao contrário do
anterior, as letras não são tão deprimentes, apesar da voz fragilizada de
Renato.
A Legião Urbana é um daqueles casos típicos de ame ou odeie.
Muita gente torce o nariz, outros são simplesmente fanáticos. Eu me encontro na
ala dos que amam a banda, longe de ser fanático, mas considero fascinante a
obra dessa banda, as melodias, as letras de Renato Russo, enfim, é uma das
poucas bandas brasileiras que cada obra possui pormenores que você só descobre
através de pesquisa e tudo mais, e não digo aqui de peripécias durante gravações,
nem loucuras de músicos megalomaníacos, me refiro a música em si, ao play, as
letras de Renato transmitiam emoções, sem qualquer tipo de forçamento de barra
ou pieguice, bom “Ouça no Volume no Máximo”.
Chico Science e Nação Zumbi
Banda originalíssima formada em 1991, em Recife, trazendo
consigo um som que mais tarde marcaria época intitulado de manguebeat, que foi
um movimento criado por Chico Science, vocalista e líder da banda e Fred Zero
Quatro, líder do Mundo Livre S/A, outra banda representante do movimento.
O som da banda era único até então na música nacional, com
influências de Robertinho do Recife, a banda soube mesclar com perfeição rock,
hip hop, maracatu e MPB, resultando numa sonoridade totalmente original e de
boa qualidade, o que é mais importante. Além disso, a Nação Zumbi contava com
uma formação fora do comum para uma banda na época, com alfais, tambores e todo
um aparato de percussão, que trazia muito peso ao som. Outro destaque da banda
sempre foi o guitarrista Lúcio Maia, um dos melhores do Brasil, sempre teve a
técnica muito apurada, além de ser muito criativo. Isso sem falar nas letras,
presença de palco e carisma do vocalista Chico Science, não fosse ele, talvez a
banda nunca tivesse surgido aos holofotes do Brasil.
Com Chico na banda, só foram lançados dois álbuns, ambos
clássicos absolutos da música nacional, o primeiro de 1994: “Da Lama Ao Caos”;
e o segundo de 1996: “Afrociberdelia”. A carreira do promissor compositor foi
interrompida em 1997, num acidente automobilístico.
Já no primeiro álbum, haviam clássicos como “A Cidade”, “A
Praieira” e a faixa título, além de viagens – no melhor sentido da palavra – de
Chico, como “Antene-se” e “Banditismo Por Uma Questão de Classe”. O álbum tinha
o peso da percussão, os timbres sensacionais de Lúcio e as viagens sensacionais
de Chico, difícil não gostar. É um daqueles álbuns indiscutíveis da música
brasileira.
Em 1996, sairia o segundo álbum, “Afrociberdelia”, que seria
o último registro em álbum de Chico Science. Neste a banda mantem a pegada do
anterior, porém com canções ao meu ver, ainda melhores. São vinte canções
excelentes, além de três versões de “Maracatu Atômico”, regravação do Jorge
Mautner que fez muito sucesso, entre outras o disco tem “Macô” e “Manguetown”,
num verdadeiro caldeirão sonoro, onde há de tudo, de funk a mpb, de ritmos
africanos a ritmos tipicamente pernambucanos, além de rock e rap. Com a qualidade
artística inata de Chico abençoando tudo.
Com a morte de Chico Science, Jorge Du Peixe, um dos
percussionistas da banda, assumiu os vocais, tendo a banda mantido a sonoridade
num primeiro momento, mas após alguns lançamentos se permitiu utilizar muitos
recursos eletrônicos em seu som, através de samplers e sintetizadores. Já são
cinco álbuns lançados desde o falecimento do antigo front man da banda, sendo
que Jorge Du Peixe segurou bem a bronca, apesar de não ter o mesmo carisma de
seu antecessor .
Os destaques da discografia da banda nesse período são “Nação
Zumbi”, de 2002, “Futura”, de 2005 e “Fome de Tudo”, de 2007. Em todos eles, a
banda se mostra afiada e entrosada, com composições pesadas e letras fortes, a
banda segue muito original, bebendo em diversas fontes, sem nunca soar
acomodada ou buscando lugares comuns na enormidade de seu som.
Num primeiro momento, a banda me soou cafona, no entanto, vi
como estava completamente enganado, a Nação Zumbi, com ou sem Chico Science
possui um som totalmente único no rock nacional, além de ter aquelas
composições meio viajandonas, que você não entende muito bem, mas se amarra,
falta essa ousadia nos artistas de hoje, afinal arte não é pra ser explicada e
sim apreciada e aprecio muito o som dessa banda, que influenciou toda uma
geração de bandas que viriam a seguir.
E essa é minha lista, critiquem, sugiram, elogiem, mas acima
de tudo busquem conhecer os pormenores da discografia dessas bandas, pois elas
valem muito a pena, já que cada uma ao seu estilo fez parte da vida de muitas
pessoas e marcaram gerações.
David Oaski
Caro, uma boa seleção, mas trocaria Barão Vermelho por Camisa de Vênus.
ResponderExcluirNa verdade, aqui, pensando rapidão.
ResponderExcluir5 - CSNZ
4 - Ultraje a Rigor
3 - Titâs
2 - Camisa de Vênus
1 - Legião Urbana