quarta-feira, 15 de maio de 2013

ANOS 90 - ROCK NACIONAL



Passada a sensação dos anos 80, em que o rock era em questões comerciais o equivalente ao que é o sertanejo universitário hoje, a década de 90 começou com vacas magras para o rock nacional. Poucas bandas tiveram gás pra seguirem lançando bons discos e mesmo estas tiveram que lutar com a ascensão dos pagodes, axés e lambadas da vida.

Chico Science & Nação Zumbi
Bandas como Paralamas do Sucesso e Legião Urbana seguiram fazendo sucesso e obtendo boa repercussão com seus discos após a década de ouro do rock; outras rumaram para um lado mais alternativo, nunca deixando de fazer shows, mas chamando atenção de uma cena mais underground do que num momento anterior, esse era o caso dos Titãs e Ira, por exemplo; outras bandas simplesmente se perderam diante do sucesso, como o caso clássico do RPM; além dessas haviam também as bandas surgidas no final dos anos 80, que apesar de talentosas, não demonstravam força ou carisma para continuar o sucesso de seus antecessores, como o Biquini Cavadão, Hojerizah e Heróis da Resistência. Vale a pena considerar também, que como todo movimento de sucesso na história da música, era óbvio que aquela maré de sucesso absoluto no rock nacional uma hora perderia força, e foi o que aconteceu nos idos de 1989, 1990.

Tudo indicava que o rock não teria o mesmo ímpeto da década que se encerrava, mas não é que diversas bandas surgiram Brasil afora e, apesar de não ter o mesmo espaço, foram cavando seu lugar na música brasileira e sem pedir aprovação a ninguém se consolidaram no mercado e cativaram o público.
Skank com visual de gosto duvidoso, típico da época

Vindos de Minas Gerais, Pato Fú, Jota Quest, Skank e Sepultura; de Brasília, Rumbora, Raimundos e Natiruts; do Rio de Janeiro, Planet Hemp, O Rappa e Los Hermanos; de São Paulo, Mamonas Assassinas e Charlie Brown Jr; e de Recife, Chico Science & Nação Zumbi e Mundo Livre S/A, foram os principais destaques.

Os malucos do Raimundos
Muito se fala do talento e poesia da geração dos anos 80, principalmente na figura dos dinossauros Titãs, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso e Legião Urbana, cujo eram e são até hoje grandes bandas, mas pouco se fala sobre como o momento era favorável ao rock e sobre quanta porcaria surgiu na onda daquelas sete, oito bandas ótimas. Realmente, há de se convir  que o período foi muito fértil, mas os herdeiros dessa geração também foram muito competentes e mesmo sem o mesmo espaço em termos comerciais tiveram grandes êxitos, mesmo assim são rotineiramente subestimados.

Os anos 90 tiveram a sacanagem e tiradas sensacionais dos Raimundos, fundindo rock e ritmos nordestinos (principalmente no primeiro álbum); a fusão com rap e o discurso afiado a favor da liberação da maconha com o Planet Hemp; o reggae rock com ótima letras de Marcelo Yuka do Rappa; o ska, que depois viria a se aproximar da MPB do Los Hermanos; o bom humor dos Mamonas Assassinas; e o talento indiscutível e criatividade de Chico Science, que ao lado da Nação Zumbi fez uma coisa única e extremamente original dentro da música brasileira, fundando o movimento manguebeat; e o talento pop certeiro do Skank, no início com muita influência de ritmos jamaicanos, depois flertando mais com Beatles e rock inglês.

Enfim, são bandas pra todos os gostos, que assim como seus antecessores marcaram época e atravessaram gerações. Deve-se muito respeito e consideração ao rock nacional dos anos 80, mas os anos 90 indiscutivelmente também tiveram seus méritos.



David Oaski




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