Nota: 8,0
Após três anos desde o lançamento de “Sonic Boom”, de 2009,
uma das maiores bandas de rock de todos os tempos está de volta, transbordando
vitalidade e rock n’ roll, os coroas das caras pintadas parecem não terem
sentido o efeito do tempo e produziram um disco que parece ter saído da década
de 70 e descido nos dias de hoje pronto pra farrear e mostrar pra molecada como
é que se faz rock.
Esse é o vigésimo álbum de estúdio da banda e soa como os
primeiros, é hardão de primeira, com guitarras afiadas, vocais agressivos, letras
sacanas, refrãos marcantes e tudo que a banda sabe fazer de melhor, num disco
muito bem produzido, com Paul Stanley assumindo de vez o comando criativo da
banda, tendo produzido o disco com o auxílio de Greg Collins.
Grande parte da crítica especializada vinha desdenhando o
lançamento dos caras, achando que possivelmente a banda seguiria a onda dos
últimos álbuns, acomodados num som que só carrega a grife Kiss, mas
acrescentava pouco à carreira da banda. No entanto, queimaram a língua, já que
não se pode desmerecer em momento nenhum, artistas com tamanho talento como é o
caso da banda norte americana.
O disco abre com o primeiro single “Hell or Hallelujah”, que
conta com Paul Stanley nos vocais, e um ritmo alucinante. As guitarras de Tommy
Thayer dão as cartas, entrelaçando com a base de Stanley, tudo harmonicamente
no seu devido lugar, redondo. “Wall of Sound” é um hard mais cadenciado, com o
linguarudo Gene Simmons nos vocais, um ótimo solo e acompanhamento ótimo do
competente Eric Singer na bateria, músico que já tocou com o Black Sabbath e
Alice Cooper (tá fraco o currículo do cara né?!).
A festa, digo o disco, segue com “Freak” e “Back to the Stone
Age”, cantadas por Stanley e Simmons respectivamente, ambos com as vozes
afiadas, diga-se de passagem, veremos ao vivo se eles conseguirão manter a
pegada. As duas canções são ótimas, com letras pegajosas, aquela maneirada da
banda antes do refrão, explodindo num mini coro, cantado a plenos pulmões, com
partes quase faladas no meio da canção e novamente ótimos solos, principalmente
a segunda. “Shout Mercy” tem uma pegada mais heavy metal, no andamento da
guitarra, mas segue o padrão de qualidade do disco, com Stanley nos vocais.
O próximo single “Long Way Down”, poderia ter sido gravado
por uma hairband dos anos 80, e tem uma pegada de hit, com Stanley nos vocais –
por acaso ele canta nos dois primeiros singles. Se ainda houvesse rádios de
rock seria sucesso garantido. Em “Eat Your Heart Out”, Simmons canta numa
melodia com muito suingue, falando sobre as mulheres de um jeito que só ele
sabe, sacana, mas sem forçar a barra. Novamente um grande solo de Thayer. Gene
segue nos vocais em “The Devi lis Me”, um hard pesado, na linha ‘malvada’ do
linguarudo, característica em extinção no marasmo de algumas bandas atuais.
“Outta This
World” e “All for the Love of Rock & Roll” trazem Tommy Thayer e Eric
Singer nos vocais principais, respectivamente. Na primeira, Thayer dá show, cantando muito bem, com
um timbre parecido com o de Stanley, segura muito bem a bronca e deixa qualquer
órfão de Ace Frehley saciado. A segunda é o que mais se aproxima de uma balada
no álbum, com o baterista cantando de forma correta e como o nome da canção
sugere é uma confissão de amor ao rock. O fato de termos quatro vozes
diferentes no disco ao meu ver é ótimo, pois diversifica o play e o torna mais
interessante ainda.
“Take Me Down Below” é minha preferida até agora e tem os
vocais divididos entre Simmons e Stanley, seguindo o padrão versos no
andamento, um pré refrão, seguido pelo ponto alto da música, com Stanley
cantando a plenos pulmões o título da música, segue o solo e o ciclo se repete.
Rock é simples, pra que complicar?
O disco fecha com “Last Chance”, cantada por Paul, com
variações no andamento, mas mantendo o peso, encerrando com classe esse ótimo
álbum de rock n’ roll.
Os monstros voltaram, com a mesma pegada de sempre, lançaram
o melhor disco do ano até aqui, que ouso dizer que se fosse lançado nos anos 70
ou 80 seria considerado um clássico, mas nos dias de hoje, pode passar batido.
O rock é simples, sempre foi, de uns tempos pra cá chega a
ser difícil encontrar uma banda que invista no seu som, tenha boas melodias e
um disco com boas canções, é só isso que é preciso para lançar um bom disco de
rock: talento, energia e feeling, e o Kiss sabe como poucos unir esses fatores.
O disco é direto ao ponto, e que mal há nisso?
Quando somos crianças temos medo de monstros, depois
crescemos e perdemos essa ingenuidade, ainda mais com esses monstros em cena,
aí que não o que temer, basta apreciar
.
Prepare o som e ouça o disco, mas afaste as cadeiras, pois
possivelmente você se pegará dançando entusiasmado no seu quarto se sentindo de
volta à adolescência.
David Oaski
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