terça-feira, 29 de outubro de 2013

O QUE DE MELHOR ROLOU NA MÚSICA EM 2013 (ATÉ AGORA)

2013 vem sendo mais um grande ano da música e o Ideologia Rock organiza pra você que anda meio desligado das atualidades sonoras, um apanhado do que de melhor ouvimos no decorrer do ano:

David Bowie, o camaleão do rock gravou uma jóia pop chamada "Next Year" e essa canção ficará marcada na discografia do cara:




Essa canção sensacional faz parte da fase mais madura do Queens of the Stone Age. Dê o play e vicie...



Grata surpresa do rock nacional, a banda paulista Vespas Mandarinas:




Apesar do álbum "Hail to the King" ser um pouco irregular, essa é mais uma bela balada dos contestados caras do metalcore californiano:



Os outrora espinhudos do Arctic Monkeys se tornam aos poucos uma das grandes bandas de rock do cenário atual...



Uma das melhores músicas do melhor álbum do ano até aqui. Os escoceses do Franz Ferdinand capricharam:



Linda canção do Kings of Leon!!!



O Pearl Jam já é um clássico e não se fala mais nisso...



Sonzeira do Daft Punk!



O pop envolvente e cada vez mais sofisticado do Justin Timberlake...



Outro dinossauro do rock que lançou um disco irregular, mas essa música é realmente uma pedrada...



Supergrupo encabeçado por Richtie Kotzen, muito foda!


Se você lembra de mais algum som que marcou o ano até aqui comenta aí...


David Oaski




segunda-feira, 28 de outubro de 2013

TUDO ERA MAIS LEGAL


Chame de memória afetiva, de saudosismo, de apego ao passado ou até mesmo ranzinza, mas se compararmos o mundo atual ao de 15, 20 anos atrás, veremos que tudo era mais legal.

Não sou nenhum ancião, nasci em 1988, tendo vivido a adolescência do final dos anos 90 ao começo dos anos 2000, mas lembro o suficiente e leio o suficiente sobre a época para saber que tudo está mais chato, entediante e efêmero.

Até a disseminação dos computadores e da Internet no começo dos anos 2000, o comportamento humano era totalmente diferente e a história ainda não teve distanciamento suficiente para notarmos o quão drásticas são as mudanças. Basta analisarmos como as pessoas ouviam músicas, compartilhavam informações, assistiam filmes e, principalmente, interagiam entre si que veremos o quanto são substanciais as alterações nos comportamentos dos indivíduos nessa nova sociedade em que vivemos.

Até duas décadas atrás o único jeito de ouvir um disco de um artista que você admirasse era comprando o LP ou K7, ou ainda tentando caçar um ou outro som na rádio e gravá-lo. Além disso, as pessoas paravam para ouvir música, esse era o programa principal, chegando a reunir galeras em torno de uma audição. Hoje em dia, ouvir um disco é uma atitude totalmente banal, executada enquanto se está em redes sociais ou na academia ou no serviço, mas nunca realmente prestando atenção na arte que invade seus ouvidos. Toda essa trivialidade faz com que cada vez mais artistas de qualidade duvidosa ganhem status de astros, sem contar o fato de que a qualidade dos arquivos comprimidos em MP3 é pra lá de questionável, tendo na maioria das vezes perca notável na qualidade da reprodução da música.

Diante da facilidade de enviar um e-mail, seja pelo computador ou pelo celular, muitos se esquecem de que a única forma de se comunicar com parentes distantes era através de caras ligações interurbanas ou cartas. O hábito de escrever cartas era dos mais prazerosos que existiam e a ansiedade de aguardar a resposta também valia a pena. Tudo isso longe da frieza proporcionada pelos correios eletrônicos.

Outro exemplo claro é a forma como as pessoas assistem filmes hoje em dia, mal e porcamente através de downloads de péssima qualidade, por streaming online travando a cada dois segundos e comprando de baciada de ambulantes em que os DVDs mal leem os discos. Até algum tempo atrás para ver um bom filme, as pessoas alimentavam o habito de ir ao cinema (que ainda existe, é claro) ou iam às locadoras, rodear os corredores, ler as capinhas, entrar na sessão de pornô. Toda essa porcaria pirata e a acomodação dos seus donos acabou com o mercado de locadoras.

Tudo isso é motivo de saudade, mas o principal definitivamente é a forma como as pessoas interagem hoje em dia. Cada vez mais distantes e frias, priorizando o contato via Internet ao cara a cara, com preocupação em tirar fotos o tempo todo para mostrar aos amigos algo que nem está sentindo tanto prazer em fazer, por pura osmose. Nas gerações passadas, os casais (quando saudáveis) chegavam em casa à noite e conversavam sobre seus dias, os adolescentes formavam rodinhas em condomínios e na rua, além de brincar o dia todo nesses mesmos locais. As pessoas compartilhavam histórias olhando nos olhos um do outro, isso não tem Internet que pague.

É claro que não sou louco nem cego de não reconhecer os benefícios da Internet, que diminuiu fronteiras, integrou o mundo e facilitou infinitamente o acesso à informação, porém mesmo com toda essa facilidade as pessoas cada vez mais adotam um comportamento alienado, com pouco ou nenhum sistema de filtragem de informação, de gostos e atitudes.

O avanço mais considerável que o Brasil teve nos anos recentes foi no âmbito econômico, de forma que o cidadão médio e até de baixa renda tem maior poderio econômico, mas isso também trouxe uma onda de consumismo e endividamento, além do que não trouxe consigo avanços em outras áreas de suma importância do país, como saúde, segurança e educação.

O fato é que vemos cada vez menos artistas criativos, pois os poucos que existem sobrevivem em pequenos nichos, e cada vez mais gente se sentindo sufocada e angustiada num mundo cada vez mais esmagado pela tecnologia que oprime qualquer um que saia da linha de mediocridade que o sistema impõe como certo.

As relações humanas ficaram pra trás, estamos todos virando robôs.


David Oaski





quarta-feira, 23 de outubro de 2013

OS DOIS LADOS DO PROCURE SABER


Tudo começou quando um grupo de celebrados artistas da MPB, tais como Caetano Veloso, Chico Buarque, Djavan, Gilberto Gil, Roberto Carlos e Erasmo Carlos, anunciou que estava formando um grupo intitulado Procure Saber, em que eles discutiriam entre outras coisas, a proibição de publicação de biografias sem autorização prévia do biografado. Ou seja, qualquer um que resolva relatar através de livro a vida de um indivíduo terá que obter o aval do mesmo para publicar a obra.

De imediato, a mídia através dos jornalistas, colunistas e blogueiros se manifestou totalmente contra a ação dos artistas, alegando se tratar de uma ação contra o direito à liberdade de expressão. De bate pronto, através de Paula Lavigne, empresária que gere a carreira de diversos artistas brasileiros, inclusive seu ex-marido Caetano Veloso, o movimento rebateu afirmando que antes da liberdade de expressão está o direito à privacidade, daí se sucede um debate onde não há meio termo, ou se é radicalmente contra os artistas ou contra os biógrafos.

Paula Lavigne - testa de ferro do movimento
É realmente surpreendente ver gente do naipe de Caetano Veloso e Gilberto Gil, que sentiram na pele os efeitos da ditadura apoiarem uma causa que remete à censura, porém consigo entender o lado dos artistas quando me coloco no lugar deles. Creio que ninguém em sã consciência gostaria que fosse publicada uma biografia sua em que diversos de seus podres do passado são contados sem dó nem piedade. Além disso, não são poucos os casos em que maus profissionais do jornalismo / literatura se utilizam de boatos, fofocas e mentiras como fonte de informação sem nenhum tipo de checagem ou postura profissional.

Os jornalistas e biógrafos rebatem dizendo que uma iniciativa do tipo desta apoiada pelo Procure Saber é muito perigosa, pois pode gerar um mercado editorial repleto de biografias ‘chapa branca’, sem nenhum compromisso com a verdade de fato, mas sim em agradar o biografado. Além do que seria impossível publicar biografias de criminosos, políticos ou malfeitores em geral, já que, se vivos não autorizariam ter seus crimes expostos e, se mortos, dificilmente teriam os direitos liberados pela família.

Vejo argumentos toscos dos dois lados da discussão, como por exemplo, quando Djavan cita numa coluna para um grande jornal que os biógrafos fazem fortuna com os livros. Onde Djavan pensa que está? Esqueceu que no Brasil a leitura é um hábito escasso. Além do mais o mesmo cantor se atrapalha na coluna ao dizer que para o biografado seria necessário haver uma remuneração, ou seja, não basta o autor ganhar uma miséria pela venda dos livros ainda tem que dividir os lucros com o biografado que não colaborou em nada com a pesquisa e publicação do livro. Absurdo.

Mário Magalhães - biógrafo de Marighella
Vi também jornalistas misturando as coisas, atacando a figura pessoal dos artistas e mesmo suas carreiras. O movimento é uma coisa, os artistas são outra. Alguns jornalistas dizem que quando se é uma figura pública não se pode exigir direito à privacidade de sua história. Será que não? Precisamos lembrar que por trás da figura pública há um individuo como qualquer outro. Até porque uma publicação caluniosa pode sim ser processada, mas sabe-se que nossa justiça é morosa e uma vez que o livro vai pras prateleiras é difícil reparar o estrago.

É realmente complexo achar um meio termo nessa discussão, por isso acho o debate saudável, li um relato do jornalista Mário Magalhães, blogueiros do Uol e escritor da biografia de Carlos Marighella, em que ele descreve detalhadamente os pormenores e perrengues para se escrever uma biografia no Brasil e realmente é uma tarefa árdua, pra poucos. Com mais empecilhos, realmente se tornará cada vez mais difícil bons escritores se interessarem em fazer uma biografia de um personagem marcante da nossa história, seja no âmbito musical, da literatura, do cinema, do crime ou do cotidiano de um modo geral.

Creio que a limitação ao crivo do biografado como regra geral não seja a solução para evitar calúnia e difamações, mas sim métodos rápidos e eficazes impostos pela justiça como punição a escritores mal intencionados.

Já basta a ignorância em que vivemos, não precisamos da volta da censura pra dizer o que devemos ou não ler e assistir.


David Oaski



sexta-feira, 18 de outubro de 2013

RESENHA: MECHANICAL BULL - KINGS OF LEON



 Nota: 7,5

O Kings of Leon é um caso peculiar no mundo do rock. Formada em 2000, pelos irmãos Caleb Followill (vocais e guitarra), Nathan Followill (bateria), Jared Followill (baixo) e seu primo Matthew Followill (guitarra), em Nashville, interior dos Estados Unidos, eles apareceram como barbudos mal encarados que tocavam um som cru, com influências de country e Southern rock.

Nos primeiros lançamentos da banda, desde o EP “Holly Rover Novocaine”, lançado em 2002, passando pelo aclamado primeiro álbum “Youth And Young Manhood”, de 2003, a banda alcançou sucesso principalmente no Reino Unido que os abraçou como uma das maiores bandas de rock surgida nos últimos tempos.

Nos lançamentos seguintes a banda ia incluindo em seu som pouco a pouco uma diversidade maior de influências, tendo pinceladas de diversos estilos musicais em seus discos, como pop, reggae e rock de arena.

Família Followill
Essa evolução culminou com o sucesso mundial alcançado pela banda com seu best-seller “Only By The Night”, lançado em 2008, em que a estética da banda alcançou o auge do pop rock, somado a isso a mudança no visual dos integrantes, que passaram a se apresentar de forma mais asseada, com a barba feita, de modo que os barbudos indies estranhos passaram a ser galãs tocando nos principais festivais ao redor do mundo. Hits como “Sex On Fire” e, principalmente, “Use Somebody” fizeram com que a banda mudasse seu status no cenário musical mundial, alcançando grande reconhecimento internacional e finalmente passando a ser sucesso em sua terra natal, os Estados Unidos.

Mais experiente e com sua identidade aparentemente definida a banda está de volta em 2013, com seu sexto álbum, “Mechanical Bull” que mostra a evolução e maturidade alcançadas pela banda no decorrer desses 13 anos de existência. Neste álbum a banda junta o que tem de melhor das suas influências, formando um belo álbum, com destaque para as linhas de guitarra de Caleb e Matthew e pelos vocais de timbre marcante de Caleb, esses fatores aliados à ótima cozinha garantem fluidez e precisão a cada melodia do play.

O disco tem no mínimo quatro músicas totalmente acima da média, são elas: “Rock City”, com pegada country e ótimo solo de guitarra; a stoner “Don’t Matter” deixaria Josh Homme orgulhoso, com guitarras e teclado fazendo a cama para os vocais de Caleb, possui um excelente solo de guitarra; já “Temple” é um pop rock dos melhores; e “Family Tree” é comandada por uma belíssima linha de baixo, num country rock muito potente com ótimo refrão.
Reis de Leon

Não confunda, apesar dessas canções se sobressaírem o restante do álbum, mesmo um degrau abaixo segura bem a bronca, como no primeiro single “Supersoaker” que abre o disco com melodia acelerada e cantada de forma urgente, com características parecidas com “Coming Back Again”.

A balada melancólica e arrastada “Beautiful War” tem certa beleza, mas chega a ser um pouco cansativa, ao contrário de “Wait For Me”, que é mais direta. “Comeback Story” é uma semi balada country, com outro belo trabalho das guitarras e notável influência de gospel americano. A fábrica de baladas anda fértil pro lado do Kings of Leon, pois ainda há espaço para “Tonight”, balada cuja melodia vai ganhando força, com óbvios ares noturnos; “On Te Chin” é mais interessante, com melodia bem encaixada e ótimo clima do campo.
Os guitarristas são o destaque do álbum

A versão deluxe do álbum ainda contém os pop radiofônicos (e melhores que algumas das faixas inclusas na versão simples) “Work On Me” e “Last Mile Home”.

Mais um bom lançamento para o farto ano de 2013, “Mechanical Bull”, apesar de alguns escorregões se junta a curiosa e interessante discografia do Kings of Leon, uma das poucas bandas que possuem o mérito de compor melodias trabalhadas, com ótimas guitarras e agradar o público além do mundo do rock, tocando em rádios e deixando adolescentes molhadas.

O rock perde cada vez mais espaço e relevância diante de outros estilos musicais e bandas como Kings of Leon e Nickelback, apesar de contestadas, ainda fazem as guitarras transgredirem as barreiras dos nichos cada vez menores reservados ao rock n’ roll.


David Oaski 

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

RESENHA: FRANZ FERDINAND - RIGHT THOUGHTS, RIGHT WORDS, RIGHT ACTION




Nota: 9,0

Uma das muitas bandas consideradas a salvação do rock no início do milênio, os escoceses do Franz Ferdinand nunca pareceram se preocupar muito com esse rótulo, tratando de lançar bons discos e hits marcantes no decorrer de sua competente carreira, iniciada em 2002, na Escócia, por Alex Kapranos (vocalista e guitarrista), Bob Hardy (baixo), Nick McCarthy (guitarra e teclados) e Paul Thomson (bateria).

A banda em 2013
Os álbuns do Franz Ferdinand sempre variaram entre o garage rock dos anos 70, o pop dançante dos anos 80 e o indie rock do começo da década de 2000, no entanto faltava aos escoceses um álbum mais coeso, uma obra completa que se tornasse um registro marcante para a turma de Kapranos. Realmente o verbo está certo: faltava, pois com o lançamento de “Right Thoughts, Right Words, Right Action”, a banda põe as mangas de foras num esporro pop, sensual, dançante e psicodélico mostrando que ainda tem muito chão pela frente e não será mais uma esquecida banda obscura com dois ou três sucessos como vários de seus contemporâneos que a crítica insiste em exaltar.

O álbum é rápido, são 10 faixas e somente três chegam à casa dos 4 minutos. A velocidade, no entanto, não gera falta de qualidade, pelo contrário, o disco é enxuto e extremamente cativante, com canções que te pegam de primeira, sem apelar ou soar pegajoso.

O play abre com o clima dançante e que cheira à pista de dança de “Right Action”, com guitarras galopantes, vocais e backing vocals bem encaixados naipe de metais, juntando as características mais marcantes da banda. Na sequencia vem a excelente “Evil Eye”, certamente uma das melhores músicas do ano, que abre com a bateria seguida por um grito e mistura doses de psicodelia aos comuns teclados da banda. Já “Love Ilumination” é mais acelerada, com ótimas linhas de guitarras e um solo esperto, formando uma canção pop deliciosa.

O carismático front man, Alex Kapranos
“Stand On The Horizon” começa mais amena, quebrando o ritmo frenético do álbum pela primeira vez, mas rapidamente ganha corpo, com melodia bem suingada e letra que fala sobre um cara orgulhoso correndo atrás de uma garota. A balada pop ensolarada “Fresh Strawberries” mantém o clima das ótimas canções, porém é curioso notar que a maior parte das letras não reflete a pegada das melodias cheias de energia e dançantes, pois tratam de temas melancólicos e desesperançosos, muitas vezes com um tom jocoso, traço forte dos vocais de Kapranos.

O álbum volta então ao ritmo frenético com a acelerada “Bullet”, enquanto “Treason! Animals.” mistura a levada dançante com a pegada psicodélica. Dando um contraponto, na sequencia surge “The Universe Expanded” com clima intimista e minimalista com Kapranos quase sussurrando os vocais, com uma leve subida no refrão remetendo ao The Killers.

Fechando o disco, “Brief Encounters” e “Goodbye Lovers & Friends” possuem levada mais cadenciada, com suingue das guitarras e melodias deliciosas, sendo que a primeira é quase um reggae e a segunda remete a ritmos havaianos e brinca com a frase “I don’t play pop music, you know i hate pop music” com um tom sarcástico, numa canção pop até as entranhas.

O álbum possui melodias precisas. Não há nada extremamente inovador, tampouco músicos virtuosos, mas a experiência e sagacidade dos escoceses fizeram com que estas 10 joias se encaixassem devidamente em seu devido lugar, formando uma obra direta e concisa e, o mais importante, deliciosa de ser desfrutada.

I know you love pop music Kapranos, por isso seu grupo fez um dos melhores discos do ano.


David Oaski








segunda-feira, 7 de outubro de 2013

SE EU FOSSE EU...


Tenho minhas manias. Quem não tem? Aparento ser calmo, mas sou ansioso. Tenho minhas qualidades. Também sei ser doce, sei como tratar uma mulher. Respeito os mais velhos e tenho noção de hierarquia. Sou disciplinado com o que me comprometo a fazer, porém não me comprometo com muita coisa.

Sou tímido com quem não conheço e extrovertido com quem tenho intimidade (todo mundo é assim, certo?).

Minha cabeça quase sempre joga contra. Quando não estou tranquilo, ela sempre manda adrenalina ruim, que me deixa sem rumo, irritadiço e já paguei caro por isso.

Me incomodo muito com a forma como o povo do meu país leva a vida, de forma alienada, inculta, mas sei que não posso culpa-los, nosso governo não faz por onde, com seus investimentos pífios em saúde, segurança e, principalmente, em educação, o pilar para um povo mais evoluído e com maior poder de discernimento.

Cada vez mais minha personalidade se fortalece, pro bem e pro mal. Cada vez tenho mais apego aos meus princípios e mais noção do quanto ser correto não me traz absolutamente nada a não ser uma consciência tranquila ao deitar minha cabeça no travesseiro à noite. Por outro lado, cada vez sou menos tolerante com o que não gosto e relevo menos o que considero babaquice, como arrogância, mimimi, desonestidade, pagode e afins.

Muitas vezes transpareço ser um cara duro, com piadas de humor negro, provocações e sarcasmo. Sinceramente não me preocupo com isso, quem tiver interesse de me conhecer a fundo vai saber que é só uma casca, quase um mecanismo de proteção pra não me entrelaçar nesse mundo sujo que me rodeia. A ideia é mais ou menos essa: despreze quem não lhe acrescenta nada e dê um braço por quem se importa com você.

De perto ninguém é normal e eu to bem longe disso. É sempre necessário pesar os prós e contras e analisar quem vale a pena ou não permanecer na sua vida ou só passar como mais um dos milhões de momentos que se passam nesse raio que é a vida.

Por enquanto, espero que vocês sigam ficando.

Abraço a todos amigos!



David Oaski

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O FIM DE BREAKING BAD


Não sou um aficionado por séries, confesso. Porém quando li um artigo na Rolling Stone Brasil a cerca de um ano sobre uma série chamada Breaking Bad que vinha fazendo cada vez mais sucesso e com um enredo tão diferente do que estamos acostumados a ver, tive a curiosidade aguçada. Resolvi então baixar os primeiros episódios e ver se aquele hype era justificado. Rapidamente notei que era, e muito!

Elenco da série
O protagonista é Walter White (Bryan Craston), um professor de química de meia idade, que leva uma vida medíocre em todos os sentidos, tem um filho com deficiências físicas e uma esposa grávida. Para piorar o cenário, Walter descobre que tem um câncer em estágio avançado, de forma que ele tem poucos meses de vida.

Tomado pela frustração e desespero diante de tal situação, Walter resolve fabricar metanfentamina com o objetivo de deixar sua família em melhores condições após sua morte. Até então, uma causa justa, um modo inescrupuloso, é verdade, porém na situação limite em que ele se encontrava, de certa forma compreensível.

Uma história simples e improvável você poderá pensar. No entanto, no desenrolar das temporadas, é possível notar o quanto a história é bem amarrada, quanto os personagens são cativantes, quanto o roteiro é trabalhado, e direção e elenco são incríveis.

Jesse e Walter cozinhando o cristal azul
Dirigida por Vince Gilligan, que já havia trabalhado na cultuada série Arquivo X, a série apresenta além de White, há também o seu ajudante e sócio Jesse Pinkman (Aaron Paul), seu cunhado, que ironicamente trabalha na Agência Anti Drogas, Hank (Dean Norris), sua esposa Skyler (Anna Gunn), sua cunhada Marie (Betsy Brandt) e seu filho Walter Jr, o Flyn (RJ Mite). 

Além desse elenco fixo presente desde o começo também fizeram parte da série os vilões Tuco e Gustavo Frings (Giancarlo Esposito), o segundo certamente um dos melhores vilões de todos os tempos em qualquer tipo de obra fictícia. Ainda tiveram espaço o carismático e presepeiro advogado Saul Goodman (Bob Odenkirk) e o soturno ajudante de Frings, Mike (Jonathan Banks).

Heisenberg - o alter ego sombrio de White
Não vou aqui me esticar no desenrolar de cada temporada, pois já existem estes guias na Internet, além é claro de ser possível baixar em poucas horas uma temporada completa de qualquer série via arquivos em torrent. Gostaria apenas de deixar registrado o quanto eu admiro essa série, uma forma de arte como vi poucas na minha vida, tamanha a atenção dada a cada mínimo detalhe, de forma que nada, nenhum mínimo incidente ocorrido na série aconteceu por acaso, cada cena, cada passagem possuía uma história, uma identificação, uma continuidade. Tal apreço com a condução da série levou ela a ser cada vez mais reconhecida no decorrer de suas temporadas, vide que na primeira temporada a audiência era irrisória e na quinta e ultima foram quebrados recordes e mais recordes de telespectadores ao redor do mundo.

Enfim, acho ótimo ter acesso a uma série fantástica como Breaking Bad em tempos de cultura cada vez mais rala no Brasil e no mundo.

Se você ainda não conhece, assista e se encante, se surpreenda e mantenha a relação de amor e ódio com cada personagem de Breaking Bad. Certamente você vai se ver em algum momento, obrigado a ver 3, 4 episódios em sequencia tamanho o nível de adrenalina imposto pelo drama.


David Oaski