quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

A NOVIDADE QUE VALE A PENA: TRUPE CHÁ DE BOLDO



Um dia morno. Faz calor no meu quarto. Calor mesmo, de o suor escorrer, com o ventilador fazendo barulho ao fundo. Entediado, zapeando a tv, com meu velho hábito de ainda passar pela Mtv, na esperança de que eu tenha entrado sem perceber numa máquina do tempo e acorde em meados dos anos 90, quando a emissora costumava passar – pasmem – videoclipes, quando ouço uma música diferente da massa sonora atual, um vocal feminino, cantando versos do tipo: “Não quero ponta / Eu quero tanto / Te fumar inteiro / Pra ver se chapa”, tudo isso somado a uma melodia meio psicodélica, meio pop me chamou muita atenção.

Algum tempo depois fui saber que quem tocava aquela canção era uma banda numerosa, de 12 integrantes, com o nome curioso de Trupe Chá de Boldo. Ainda bem que fiquei sabendo disso depois de ouvir a música, pois talvez só pelo nome e naipe dos integrantes o contato com o grupo poderia ter demorado mais.

Mais que os Titãs: os membros da Trupe
As informações biográficas da banda ainda são escassas na Internet, mas sabe-se que o grupo foi fundado em meados de 2005 em São Paulo por um grupo de estudantes e já tem dois álbuns lançados, o primeiro intitulado “Bárbaro”, de 2010 e em 2012, o disco que lhes tem trazido algum destaque “Nave Manha”.

Emergida de uma cena paulista efervescente que conta ainda com artistas como Tatá Aeroplano e Tulipa Ruiz, o grupo cresceu demais no segundo disco, deixando de ser um emaranhado confuso de influências para trazer a tona um disco com canções tão fortes quanto desleixadas, com produção de Gustavo Ruiz (irmão de Tulipa), e influências claras de samba, bossa, tropicalismo e da vanguarda paulista, a banda flui seu som diante desse caldeirão e entrega um dos discos mais interessantes da música nacional recente.

Em “Nave Manha”, há elementos que não são facilmente localizados na MPB atual que anda tão careta e quadrada. Há sacanagem, sagacidade, há melodias espertas, letras com jogos de palavras, lembrando Arnaldo Antunes, tudo com texturas sonoras agradáveis e extremamente criativas.

A banda ao vivo
Em alguns momentos, a semelhança com o Grupo Rumo é notável, assim como é possível notar na obra de Tulipa Ruiz, ao que parece a nova geração vem finalmente dando o merecido valor que a época não deu aos membros mais pop da Vanguarda Paulista.

Quando se fala em novas bandas nacionais já espero o clichê. Ou são bandas de rock adolescentes falando sobre suas emocionantes jornadas amorosas no shopping center ou temos artistas MPB, que querem soar como um novo Caetano Veloso, mas a pretensão desses não os deixa ver como estão sendo ridículos.

Já com a Trupe é possível ver criatividade a cada canção, sendo que originalidade num tempo de canções de plástico é muito bem vinda. Ao vê-los tendo algum reconhecimento através da Mtv e mídias da Internet passo a ter alguma esperança de ver uma nova cena com artistas que por mais que não sejam brilhantes, fazem o possível para divertir, sem ofender a inteligência de ninguém.

Dê o play em “Nave Manha” e deixe a boa vibração te levar.





David Oaski


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

COMO NÃO GOSTAR DE AC/DC

Logo clássico da banda


Não é uma regra. Mas no rock n’ roll existem certos padrões, como por exemplo, gostar de Beatles é quase uma unanimidade entre os rockers, assim como Rolling Stones ou Led Zeppelin. Mas mesmo esses dinossauros ainda possuem uma ou outra rejeição, como no caso do Led que é acusado continuamente de plágio; os Beatles por terem sido o Restart de sua época; e o Rolling Stones por ser superestimado. Quem conhece um pouco a fundo a história do rock, sabe que todos esses argumentos não passam de baboseira sem fundamento, tampouco abalam a carreira fantástica dessas bandas.


Outro dinossauro do rock que muitas vezes é posto num patamar inferior aos citados é a banda australiana AC/DC, que mesmo sendo de fora do eixo Inglaterra / Estados Unidos, conseguiu desde seus primeiros anos mostrar que tinha muita qualidade, sempre liderada pelos irmãos guitarristas Malcolm e Angus Young.

A banda com Bon Scott
Desde a entrada do carismático vocalista Bon Scott para a banda na primeira metade dos anos 70, eles obtiveram sucessos em sua terra natal, com discos que hoje em dia são tidos como clássicos como “High Voltage”, “TNT”, “Let There Be Rock” e “Powerage”. Mas o sucesso mundial absoluto que os colocaria no topo das paradas viria com “Highway To Hell”, de 1979, que possui canções que a banda executa até hoje, como a faixa título, “Girls Got Rythm” e “Shot Down In Flames”.

Um ano depois, o sucesso e a carreira da banda foram postos à prova de forma drástica, com a morte do vocalista Bon Scott, engasgado em seu próprio vômito após uma bebedeira. Nessa época ninguém sabia o que esperar da banda e ao que parecia o fim do grupo era irremediável, pois substituir um ótimo vocalista como Bon, um cara que era a imagem da banda ao lado de Angus não seria nada fácil.

A banda com Brian Johnson
Ledo engano. Cinco meses após a morte do vocalista (!), a banda anunciaria seu substituo, o inglês Brian Johnson, que com seus vocais roucos e presença de palco cativante conseguiu de forma inimaginável sobrepor a imagem de Bon com os fãs da banda rapidamente. Grande parte desse mérito se deve ao lançamento dois meses após sua entrada do best seller da banda, o clássico absoluto e álbum mais vendido da história do rock, “Back In Black”, que continha um rock cru como de costume, mas com uma produção azeitada, guitarras precisas e excelentes dos irmãos Young e cozinha extremamente competente formada pelo baixista Cliff Wiliams e pelo batera Phill Rudd.

Dali a banda voaria alto sem turbulências na história do rock, sempre com turnês gigantescas e apresentações antológicas, lotando todos estádios e festivais que passaram. É óbvio que lançaram discos não tão inspirados no decorrer das décadas, porém cada bolacha possui um ou dois petardos que muita banda sonharia em gravar.

Passinho clássico de Angus Young
Quando se fala em AC/DC, há uma acusação constante de que a banda se repete, que cria as mesmas melodias desde seu princípio, que não possui criatividade artística. Tão besteira quanto às acusações a outras bandas do começo do texto. A banda tem sim um estilo próprio, que sempre foi o de fazer rock direto ao ponto, com ótimos riffs do sensacional figura Angus Young, com a segurança de seu irmão, o subestimado Malcolm. Porém isso não quer dizer que a banda se repita, pelo contrário. No meu ponto de vista eles foram sim fiéis ao seu estilo, ao que acreditam desde quando muito novos, no rock como forma de diversão, de extravasar seus sentimentos, como fonte de energia. Tanto que o interesse dos jovens pela banda segue existindo ao redor do mundo, pois eles transmitem essa vitalidade tão característica na adolescência.

São 40 anos do mais puro rock n’ roll, sempre em altíssimo nível, dando ao AC/DC crédito para adentra ao olimpo do rock, não deixando nada a desejar a nenhum dos outros monstros.

Caso um alienígena pousasse na Terra e perguntasse do que se trata esse tal de rock n’ roll, responderia de primeira entregando em suas mãos o “Back In Black”, pois ali está a tradução extrema do que se trata esse ritmo que tanto nos fascina.



David Oaski



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

À BOA MÚSICA POP



O que seria música pop? Tudo aquilo que é popular certo? Exato. Nesse sentido, o cara pode tocar desde heavy metal até axé e ainda assim ser pop.

O gênero música pop em si, aquele que ficava na prateleira pop das extintas lojas de disco também sequer tem uma característica sonora comum entre si. Os artistas se caracterizam por não se prenderem a nenhum estilo musical, flertando entre rock, reggae, música eletrônica e outras, sempre com canções naquele formato clássico, com refrãos marcantes, backing vocals, etc.

O astro do pop atual, Bruno Mars
Muita gente vê a música pop com maus olhos, o que acho uma tremenda babaquice, pois como em todos os outros estilos, há bons, ótimos e ruins artistas. Em meio a tanta porcaria que a gente vê diariamente, como as Nick Minaj, One Direction e Justin Bieber da vida, muitos acabam achando que a música pop se resume a isso e passam batidos por artistas excelentes e extremamente talentosos, como Bruno Mars, Justin Timberlake, Gotye e Adele, por exemplo.

O rei do pop, Michael Jackson
Esses caras que eu citei, junto com alguns outros figuras do pop rock, como Coldplay, Maroon 5 e Nickelback, sempre aparecem com composições interessantes, melodias cativantes, que grudam na mente, no bom sentido da coisa. São músicos e bandas que caem no gosto popular e tem sim muito talento.

Ao que parece, o público mais radical dentro de determinado estilo, não consegue reconhecer qualidades numa banda que cai no gosto do grande público, como só o que fosse legal é aquilo que está ali no seu mundinho obscuro. Tenho a impressão que se o gênero que esse tipo de público gosta passasse a fazer sucesso como num meteoro desses de sertanejo universitário, o cara passaria a ouvir outra coisa, tamanha a aversão ao que é tido como pop.

O pop rock singelo do Coldplay

Estou citando artistas contemporâneos para mostrar que existe música boa de qualidade sendo feita hoje em todos os estilos. Mas se formos lembrar dos dinossauros, surgem nomes do porte de Michael Jackson, Prince, The Police, Madonna, entre muitos outros, artistas que estão marcados na história da música mundial.

Não faço distinção entre artistas pop, independentes, se são conhecidos ou não, o que me importa é o som. Se eu gosto, ouço e pronto. Mas confesso que admiro muito esses caras que conseguem esbanjar talento e, ainda assim, caírem no gosto popular, criar álbuns com melodias precisas, shows grandiosos divulgados através de turnês gigantescas e ainda alimentarem os tabloides de fofoca ao redor do mundo.

Um salve à boa música pop e todos os representantes que a tornam muito relevante, seja no passado ou no presente!



David Oaski

sábado, 16 de fevereiro de 2013

A ESPERA



Ela não sabe o que quer

E hoje em dia, quem sabe

Ela está tão propensa a fazer tudo dar certo que se esquece de se divertir

Fico no meio desse tsunami hormonal

Sou mais simples

Pelo menos acho que sou

Quando você tem, não quer

Quando quer, não pode ter

Natureza estranha essa nossa

Em alguns momentos penso em me impor e mandar tudo às picas

Em outros quero gritar aos quatro ventos sentimentos que não tenho a menor convicção se tenho

Mas a opção mais sábia é esperar

Esse verbo tão difícil pra mim e pra maioria de nós, seres humanos imediatistas

Esperar preparado para a felicidade ou para a frustração

Sempre se lembrando que é melhor ter coragem de tentar do que medo de viver

Se você tem medo de viver, então já não vive

Guardo meu medo para a morte não para a vida

Quem dera a vida fosse um texto, em que posso controlar o seu desfecho.


David Oaski

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

QUEM PUXOU O GATILHO?



Sempre que vejo alguém defendendo a pena de morte no Brasil acho uma opinião completamente desmedida.

Não, não sou nenhum defensor exacerbado dos direitos humanos, mas a questão não é essa.
O que passa sempre pela minha cabeça sempre é o quanto de acesso à cultura, educação, saúde e segurança aquele criminoso teve na infância e no decorrer de sua vida.

Fui elucidado pra esse aspecto da questão após assistir o filme documentário “Ônibus 174”, dirigido pelo José Padilha, o mesmo de “Tropa de Elite”. O filme relata o sequestro de um ônibus ocorrido no Rio de Janeiro, em 2000, e relata também as origens do sequestrador, que quando criança havia sobrevivido ao Massacre da Candelária, seu pai biológico havia abandonado a sua mãe, e esta seria assassinada na sua frente. Ou seja, o cara era um monstro, mas a omissão da sociedade fez de tudo para que ele se transformasse nesse monstro. Você já parou pra pensar que poderia ser você ao ter essa sorte no lugar dele?

Claro que entendo plenamente a dor de quem perde um parente ou alguém próximo vítima da violência, num momento cego de raiva, tornam-se incapazes de avaliar as coisas com clareza, mas me espanta pessoas de fora dar essa solução barata para um problema social, cujos principais responsáveis são nossas autoridades, nossos políticos e nós mesmo que reagimos com omissão a tanto descaso e corrupção por parte dos que gerem nosso país.

Antes de discutirmos questões como pena de morte e aborto, precisamos resolver todas essas questões que vem antes e são de suma importância, para que aí sim, com TODOS brasileiros tendo acesso à educação decente, tendo um bom discernimento cultural, com segurança, saúde e condições dignas de sobrevivência, possamos pensar em punir crimes de forma mais radical.

A partir de agora, sempre que você for julgar um criminoso, faça a reflexão sobre quem puxou o gatilho, pois efetivamente foi o bandido, mas por trás dele haviam vários dedos omissos que podiam ter evitado aquele tiro.



David Oaski

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

RESENHA: RESPOSTA CERTA - DAVID NICHOLLS

Capa da edição brasileira do livro


Nota: 7,5

Resposta Certa (título original “Starter for Tem”) é um livro lançado no Brasil em 2012, escrito pelo autor David Nicholls, o mesmo do best-seller com bem sucedida versão cinematográfica “Um Dia”.

O livro tem como personagem principal e narrador o jovem Brian Jackson, que se encontra no auge da necessidade de autoafirmação dos seus 19 anos. Brian está ingressando através de uma bolsa de estudos na faculdade de Literatura Inglesa, saindo de casa para ir morar numa república, em busca de desenvolver seu talento como escritor de contos, novelas e poesias e finalmente conhecer garotas, se divertir em festas e tudo que ele imagina haver em abundância na faculdade.

Aos poucos, vamos conhecendo melhor Brian (ou Bri como os mais próximos o chamam). Sabemos que ele perdeu o pai ainda muito novo, que tinha um trabalho que não gostava, fumava e bebia muito, desde então a relação com sua mãe se tornou um pouco distante. Além disso, ele possui dois amigos mais próximos: Spencer (seu melhor amigo) e Tone (um ogro que vive pegando no seu pé).

Durante a saída de casa, Brian está cheio de expectativas e deixa sua cidade em busca de novas experiências e com o sonho de participar de um programa de auditório de perguntas e respostas chamado “Desafio Universitário”, em que equipes representantes de diferentes faculdades se enfrentam num game de conhecimentos gerais.

Chegando a sua nova casa, ele conhece Marcus e Josh, com quem dividirá a moradia. Ambos têm um projeto muito interessante de fazer cerveja caseira, o que sempre mantem algum gole de álcool por perto. Já na primeira festa, Brian conhece as duas garotas com quem viria a se relacionar no decorrer do curso, Rebbeca, uma garota um tanto excêntrica, politizada e extremamente engajada com causas sociais; e Alice, uma garota linda e inteligente, a típica garota dos sonhos de qualquer adolescente, não é diferente com Brian, que mesmo se achando em vantagem em diversas situações por se considerar um rapaz inteligente, se apaixona por Alice.

Ainda durante a festa, Jackson encontra num mural informações sobre a inscrição para o desafio e se lembra com afeto de quando assistia o programa ainda criança ao lado de seu pai. No dia seguinte, aparecem cinco pessoas para o teste da equipe que representará a faculdade, lembrando que a equipe deve ter quatro membros. Entre os concorrentes está Alice, que pede cola em diversas questões a Brian, que consegue a proeza de ficar em quinto lugar. No entanto, um dos participantes contrai hepatite, abrindo uma vaga na equipe, herdada por Brian. A equipe se forma então com Patrick, o capitão do time, um mauricinho elitista; Alice, a linda garota, e paixão secreta de Brian; Lucy Chang, uma linda e humilde asiática estudante de medicina; e nosso protagonista Brian, um sujeito inteligente, de humor questionável e quase sempre especialista em estragar tudo.

O escritor, ator e roteirista David Nicholls
Através desse enredo central, se desenvolve a história, com a aproximação de Brian com Alice, envolvendo uma visita frustrada à casa de campo dos pais dela; uma visita de Spencer, que está quebrado, a Brian, que termina de forma trágica, com Brian achando que ele estava dando em cima de Alice numa festa, que rolou uma confusão entre Spencer e Patrick; Brian tendo um amasso surreal com Rebeca na véspera de réveillon, que acabou interrompido, pois a mesma estava menstruada; um desentendimento entre Brian e sua mãe que está tendo um caso com um amigo da família;

Finalmente Brian consegue ter uma noite de amor com Alice, porém quando o mesmo acha que os dois estão tendo uma relação, ele é pego de surpresa no meio de uma declaração de amor, com Alice mandando outro cara sair do armário de seu quarto desnudo. Tudo isso na véspera do desafio.

Brian fica arrasado e toma um porre memorável e só acorda com Patrick desesperado para que fossem logo para a gravação do desafio. Ele está puto com Alice e solta algumas indiretas para a mesma. Chegando ao estúdio, onde todos os conhecidos estão na plateia, há um ensaio em que Brian vai muito mal, o que tira Patrick do sério, sendo que os dois acabam brigando, tendo Brian ficado inconsciente. Ele acorda numa sala do estúdio e se vê ao lado de Lucy e Rebbeca (que foi assistir à gravação), porém ambas saem da sala para convencerem Patrick a aceitar Brian de volta à equipe. Então ele repara que os cartões com as perguntas e respostas do programa foram esquecidos por alguém numa mesa próxima a ele. Após alguma hesitação, ele olha dois cartões, sendo que de um ele sabia a resposta e o outro ele decora.

Durante a gravação do programa, após uma aproximação no placar da equipe de Brian, chega a hora da pergunta que o mesmo havia decorado, porém ele se antecipa e antes que o apresentador tornasse a pergunta compreensível, Brian responde de forma correta, o que causa espanto geral e, posterior desclassificação do grupo.

O livro encerra com Brian de férias ao lado de Rebbeca, escrevendo uma carta pra Alice, dizendo que havia voltado pra casa e ia começar de novo a faculdade em outro lugar e que gostava da sensação de estar começando de novo.


Considerações Finais

O livro é muito divertido e a escrita é muito dinâmica, pois não há gorduras, de forma que está sempre acontecendo algo. Nicholls mostra talento e uma ironia fina imposta ao personagem de Brian, que em certos momentos é impossível não soltar algumas gargalhadas.

Além disso, o autor mostra de forma muito honesta, uma visão de como somos toscos quando jovens, pois transmitimos uma imagem forte e prepotente, mas na verdade por dentro estamos repletos de dúvidas e inseguranças.

Brian não é um herói, longe disso, é um cara inexperiente, atrapalhado, porém muito culto. É interessante olhando de fora, como seria fácil fazer diferente em várias situações, porém com a idade de Brian fazíamos exatamente a mesma coisa.

O livro lembra o roteiro de uma comédia romântica e pelo que pesquisei já existe uma versão cinematográfica, produzida por Tom Hanks. Fiquei curioso.

Se você está a procura de uma leitura leve e divertida, Reposta Certa é o livro. Caso procure leituras mais subjetivas e intelectuais passe longe.




David Oaski



segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

LEI SECA



O termo lei seca me remete ao período da década de 20, quando nos Estados Unidos ocorria a proibição completa da comercialização das bebidas alcoólicas, relegando ao tráfico e a clandestinidade o consumo de qualquer tipo de bebida destilada.

No Brasil, o termo se refere ao combate ao consumo da bebida alcóolica por parte de motoristas no trânsito. Com a implantação da lei, eram comuns nas grandes cidades do país blitz ou comandos da polícia, se utilizando do bafômetro para pegar os motoristas sem condições de dirigir de acordo com uma quantidade mínima que pode ser encontrada.

O indivíduo tem o direito de se recusar a fazer o teste, porém caso o policial desconfie do comportamento do cara, ele pode o levar para delegacia e solicitar um exame de sangue.
Desde o princípio surgiram inúmeras discussões sobre a quantidade permitida de consumo de álcool ser muito baixa, a ponto de uma cerveja já se caracterizar como uso abusivo e consequentemente virar uma multa gravíssima.

Quando a fumaça em torno da Lei Seca já havia abaixado e estávamos até com a impressão de que a ronda em torno do cumprimento da lei estava mais frouxa, surge uma nova resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran), diminuindo ainda mais a tolerância dos testes de bafômetro de 0,10 miligramas de álcool por litro de ar para 0,05, sendo a infração considerada gravíssima, gerando multa no valor de R$ 1.915,40. Além disso, caracteriza-se como crime de trânsito a quantidade igual ou superior a 0,34 miligramas de álcool por litro de ar. O que mais chama a atenção é que dessa forma, até o uso de um antisséptico bucal pode ultrapassar o limite imposto pela lei.

Dá pra ver que o governo pretende através da lei coibir ao máximo extremo que os indivíduos assumam a direção de seus veículos após a ingestão de bebidas alcoólicas. Acho justo, afinal, são muitas mortes causadas por acidentes de trânsito diariamente, ainda mais em fins de semana e, principalmente em feriados prolongados, muitas vezes causados por condutores que abusam do álcool. E quando se trata de segurança à vida, realmente acho que todas as medidas são válidas e pra sanarmos de vez os problemas a radicalidade se faz necessária.

Por outro lado, acho que o governo, tanto federal, quanto estadual e municipal deveriam oferecer mecanismos que permitam que cada vez mais o consumidor de bebida alcoólica não dependa de seu carro ou moto. Por exemplo, se o cara vai pra um barzinho ou balada que não seja perto de sua casa, voltando de madrugada, salvo raríssimas exceções de cidades do país, ele ficará horas esperando algum ônibus passar, pois nos fins de semana e feriados, ao invés de as empresas de transporte público aumentarem suas frotas, elas diminuem. E nem venham falar em táxi, pois o preço cobrado é absurdo, ainda mais no período noturno.

Não adianta também esperar que as pessoas simplesmente parem de beber sua cerveja nos fins de semana, happy hours, festinhas e afins, pois o consumo de álcool faz parte da nossa sociedade. Não sejamos hipócritas.

Essa lei, ao contrário de outras, é muito útil e tem total fundamento, mas nosso governo gosta muito de cobrar certas posturas do povo, mas não oferece condições mínimas para que todos tenham gosto em contribuir. Enfim, devemos cumprir nosso papel, mas espero que o governo e suas respectivas autoridades também cumpram o deles.


David Oaski



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

PERSONALIDADE



Depois de certa idade, você começa a se questionar sobre sua personalidade

Se era isso mesmo que queria ser, se era isso que achou que ia se tornar

Na verdade acho que poucos devem perceber e realmente se importar

Mas de qualquer forma é uma reflexão válida

Qual o preço que a gente paga

Por necessidades, conveniências ou covardia

Sem se impor quando deveria?

Até que ponto você montou um personagem

Até onde posso acreditar nessa embalagem

Até que ponto é tudo uma simples imagem

Transmitindo uma mensagem

Totalmente distorcida de quem você realmente é

Engolimos sapos, somos omissos, por outro lado somos agressivos, estouramos e simplesmente 
ficamos perdidos

Pensamentos confusos, divididos

Sem saber ao certo o que pensar

No fim das contas, a grande questão é saber se essa personalidade é de verdade

Ou não passa de vaidade



David Oaski