quarta-feira, 3 de outubro de 2012

QUANTO VALE O SHOW?


A morte da apresentadora Hebe Camargo (08/03/1929 – 29/09/2012) traz de volta à tona uma situação que vemos sempre que ocorrem tragédias, sequestros, grandes crimes e falecimento de celebridades, o oportunismo com que diversos canais, com seus respectivos programas de tv, internet, jornais, etc. tratam o caso.

Não estou aqui dizendo que Hebe não merecesse homenagens, longe disso, ela era ótima no que fazia, carismática conseguiu transmitir muita alegria durante sua longa carreira e cumpriu de forma digna sua missão nesse plano. Porém, às vezes tenho a sensação que as mídias ficam apenas aguardando esses fatos acontecerem para iniciar uma enxurrada de homenagens, programações inteiras dedicadas a depoimentos de possíveis amigos e gente que se dizia muito próximo da pessoa. Fica a dúvida de até que ponto a programação visa homenagear o artista e onde começa a buscar alavancar sua audiência com o poder da imagem de uma celebridade.

Por que não fazer essas homenagens a ela em vida? Não daria audiência? Fica a dúvida.

Outros casos até mais graves ocorrem em casos de sequestros, como no célebre caso no interior de São Paulo dos ex-namorados Lindemberg e Eloá, quando a apresentadora Sonia Abrão, então na Rede TV entrevistou o sequestrador via telefone para o seu programa diário no meio da tarde. A polícia julgou o fato como extremamente impróprio e um complicador sério na resolução do caso, que como lembramos terminou de forma trágica, com a morte da menina, sua amiga gravemente ferida e o rapaz detido.

Quanto vale o show? Até que ponto a cobertura de um caso como esse é necessária e ajuda realmente em algo? Por que não homenagear e até ajudar em alguns casos nossos grandes artistas quando eles ainda estão por aqui?

Na minha humilde opinião, isso não é jornalismo, é oportunismo. Mas muito dessa parcela de culpa vai para os expectadores, leitores e internautas, que parecem cada vez mais atraídos pela tragédia, pelo bizarro. Sei que faz parte do instinto humano essa atração pelo chocante, mas temos que discernir até que ponto não estamos colaborando para um show de horrores que não agrega nada além de alguns zeros a mais nas gordas contas dos diretores das tvs, sites, jornais e revistas.



David Oaski




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