A morte da apresentadora Hebe Camargo (08/03/1929 –
29/09/2012) traz de volta à tona uma situação que vemos sempre que ocorrem
tragédias, sequestros, grandes crimes e falecimento de celebridades, o oportunismo
com que diversos canais, com seus respectivos programas de tv, internet,
jornais, etc. tratam o caso.
Não estou aqui dizendo que Hebe não merecesse homenagens,
longe disso, ela era ótima no que fazia, carismática conseguiu transmitir muita
alegria durante sua longa carreira e cumpriu de forma digna sua missão nesse
plano. Porém, às vezes tenho a sensação que as mídias ficam apenas aguardando
esses fatos acontecerem para iniciar uma enxurrada de homenagens, programações
inteiras dedicadas a depoimentos de possíveis amigos e gente que se dizia muito
próximo da pessoa. Fica a dúvida de até que ponto a programação visa homenagear
o artista e onde começa a buscar alavancar sua audiência com o poder da imagem
de uma celebridade.
Por que não fazer essas homenagens a ela em vida? Não daria
audiência? Fica a dúvida.
Outros casos até mais graves ocorrem em casos de sequestros,
como no célebre caso no interior de São Paulo dos ex-namorados Lindemberg e
Eloá, quando a apresentadora Sonia Abrão, então na Rede TV entrevistou o
sequestrador via telefone para o seu programa diário no meio da tarde. A
polícia julgou o fato como extremamente impróprio e um complicador sério na
resolução do caso, que como lembramos terminou de forma trágica, com a morte da
menina, sua amiga gravemente ferida e o rapaz detido.
Quanto vale o show? Até que ponto a cobertura de um caso como
esse é necessária e ajuda realmente em algo? Por que não homenagear e até
ajudar em alguns casos nossos grandes artistas quando eles ainda estão por
aqui?
Na minha humilde opinião, isso não é jornalismo, é
oportunismo. Mas muito dessa parcela de culpa vai para os expectadores,
leitores e internautas, que parecem cada vez mais atraídos pela tragédia, pelo
bizarro. Sei que faz parte do instinto humano essa atração pelo chocante, mas
temos que discernir até que ponto não estamos colaborando para um show de
horrores que não agrega nada além de alguns zeros a mais nas gordas contas dos
diretores das tvs, sites, jornais e revistas.
David Oaski
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