Conheci o Golpe de Estado no ano passado, quando baixei o primeiro álbum da banda, homônimo, lançado em 1986. De cara não pude crer como aquela banda era pouco celebrada e reconhecida nos dias atuais, pois as melodias eram incríveis, as letras muito bem elaboradas e a banda possuía um entrosamento fantástico entre si.
Minha curiosidade aumentou e segui ouvindo os outros álbuns
da banda: “Forçando A Barra”, de 1988; “Nem Polícia Nem Bandido”, de 1989;
“Quarto Golpe”, de 1991; e “Zumbi”, de 1994. A apreciação foi aumentando
gradativamente a cada álbum, assim como a qualidade sonora da banda ia se
aperfeiçoando a cada novo lançamento.
Formação Clássica: Catalau, Zinner, Nelson e Helcio |
Na sua fase clássica, a banda era formada por Catalau
(vocais), Paulo Zinner (bateria), Nelson Brito (baixo) e Helcio Aguirra
(guitarra) e juntos faziam um hard rock cru, com pitadas de blues e até heavy
metal, só que ao contrário da maioria de seus contemporâneos, faziam letras em
português, sendo essas com uma qualidade invejável a bandas de maior
reconhecimento na mídia. Pra se ter uma noção do respeito que o Golpe tinha na
cena rock, eles tem parcerias com gente do naipe de Branco Melo e Arnaldo
Antunes (Titãs) e Rita Lee, além de terem se apresentado ao lado do Ira!, entre
outras bandas.
O ótimo vocalista Catalau também compunha a maior parte das
letras da banda e escreveu coisas sensacionais, como “Paixão”, “Olhos de
Guerra”, “Velha Mistura” e “Caso Sério”. A cozinha formada por Zinner (que
depois tocaria na banda da Rita Lee) e Nelson também é algo a ser destacado,
pois além de muito entrosados preenchem devidamente cada espaço da melodia, que
é capitaneada por Helcio, certamente um dos melhores guitarristas do Brasil,
vide a variedade de riffs e qualidade dos solos da discografia do Golpe.
Formação atual: Helcio, Roby, Nelson e Dino |
Por fazer um tipo de som visto pelas rádios e gravadoras como
pouco acessível, o Golpe de Estado sempre ficou relegado ao segundo ou terceiro
escalão do rock nacional, sendo pouco reconhecido fora da sua cidade natal, São
Paulo. Enquanto bandas da época (segunda metade da década de 80) faziam um som
mais comercial, como Legião Urbana, Capital Inicial, Biquini Cavadão e RPM, o
Golpe preferiu seguir seus ideais e fazer aquilo que eles realmente
acreditavam. No entanto, apesar da boa repercussão dos discos e shows bem
requisitados em São Paulo, eles não chegaram perto de alcançar as massas como
os outros citados.
O performático Catalau e o excelente Helcio |
Chega a ser revoltante ver tantas bandas medíocres fazendo
sucesso dentro do cenário do rock nacional e notar como o Golpe de Estado nunca
recebeu o devido reconhecimento, mas de qualquer forma, os álbuns e vídeos da
apresentações estão na Internet pra qualquer um que tenha curiosidade
localizar.
É fundamental ressaltar que a banda segue na ativa, com
Helcio e Nelson da formação original, o talentoso vocalista Dino Linardi
(Catalau virou evangélico e conta histórias parecidas com as de Rodolfo,
ex-Raimundos) e Roby Pontes na bateria. Eles seguem fazendo diversos shows
Brasil afora e lançaram um álbum ano passado: “Direto do Fronte”, com
participação de Dinho Ouro Preto no primeiro single: “Rockstar”, que brinca com
os perrengues da profissão de roqueiro que a banda conhece bem.
Se não conhece o Golpe de Estado, corra atrás do material,
pois é hard rock do bom, feito por músicos honestos e talentosos, que seguiram
ao pé da letra a ideologia rock n’ roll.
David Oaski
Excelente matéria!
ResponderExcluirParabéns pelo bom gosto!
Obrigado Michel!!! Um abraço!!!
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