sexta-feira, 29 de junho de 2012

QUANDO A MPB É ROCK N' ROLL



MPB, sigla que define a música popular brasileira, rótulo difícil de ser identificado, devido ao significado amplo de popular, sendo que podemos definir tudo que toca no rádio e enche os estádios e festivais como popular, porém, existe também o rótulo Pop, usado para identificar bandas com som mais moderno e aproximado do rock. Por exemplo, tanto Skank, quanto Maria Gadú são populares, vendem discos e se apresentam nos principais festivais do país, mas o Skank se encaixa na prateleira do Pop e a Gadú, na da MPB. Bom, é difícil explicar conceitualmente, mas sabemos diferenciar quando ouvimos.

O termo surgiu na década de 1960, num momento de declínio da Bossa Nova, e foi popularizada através dos festivais de música, que eram transmitidos em rede nacional e tinham grande popularidade. Nomes como Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Velloso e Elis Regina se tornaram febre entre o público e ganharam status de astros desde então, com melodias e letras que abordavam os mais diversos temas, como relacionamentos e problemas sociais, sempre com melodias acessíveis e palatáveis para o grande público.

O rock n’ roll já existia desde a década anterior (anos 50), alcançando popularidade através de Elvis Presley, Chuck Berry e Little Richard, e nos anos 60, começavam a surgir principalmente Beatles e Rolling Stones. No entanto, na época o som um pouco mais pesado não era bem visto pela sociedade, sendo que só as pessoas com mais poderio aquisitivo e conhecimento cultural privilegiado consumiam o rock.

Durante o período da ditadura (1964-1985), a MPB teve papel importante na luta contra a censura e manifestações contra o sistema político. Artistas como Geraldo Vandré, com “Pra não dizer que não falei das flores”, procuravam formas cifradas de passarem suas mensagens sem serem barrados pela censura. Outros como Gilberto Gil e Caetano Velloso, chegaram a ser sequestrados pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), porém liberados em seguida e exilados. Além destes, vários outros artistas se envolveram em manifestações em busca da liberdade do país e pela livre expressão através de sua arte. Com o fim da ditadura, em 1985, os artistas puderam finalmente seguir suas carreiras de forma correta, porém sempre com o ranço desse passado de lutas.

Nos dias de hoje, a MPB, na sua maioria, sofre de um ‘bundamolismo’ generalizado, tendo virado música de barzinho, com artistas pretensiosos, que se acham a reencarnação de Bob Dylan, mas só sabem fazer barulhos estranhos, tentando reproduzir sons de instrumentos entre a letra da canção. Em contraponto, há artistas muito interessantes como Lenine, Paulinho Moska, Zeca Baleiro, Arnaldo Antunes, Céu, entre outros.

Quando se fala em MPB, quem ouve rock costuma torcer o nariz e fazer bico, o que pra qualquer um que tenha o antigo hábito de usar os neurônios é uma tremenda bobagem, já que há espaço pra tudo. No meu entender, não é porque ouço Metallica que não posso ouvir Jorge Ben, ou porque ouço Beatles, que não posso ouvir Tim Maia ou algo do tipo. Música boa, é música boa e ponto final, pode ser forró, rock, mpb, samba, se te tocou de alguma forma e você curte, é tudo que importa.

Alguns artistas da MPB podiam facilmente ser incluídos no status de astro do rock, pois tiveram em determinados momentos mais atitude rock n’ roll que muitas bandas coxinhas durante toda uma carreira. Por exemplo, Caetano Velloso, ainda jovem com seus cachos, vestido de forma andrógina, cantando sobre a liberdade; Chico Buarque, com suas letras brilhantes, identificando cada poro da sociedade; os Novos Baianos, com seu swing moderno capaz de conquistar qualquer um através do tempo; toda a sagacidade dos Secos e Molhados à sua época; a sensualidade da voz de Luiz Melodia; todo o ritmo do Tim Maia; o balanço sem igual do Jorge Ben; entre tantos outros. Certamente são artistas inovadores que foram criativos e tiveram personalidade suficiente para quebrar padrões, questionar valores e se exporem ao ponto de arriscar suas carreiras e, em alguns casos, até mesmo suas vidas, em diferentes épocas do nosso país, na luta por um país livre, longe da repressão. Quer exemplo de atitude mais rock n’ roll que esse?

Se levarmos em conta o rock nacional propagado pela mídia atualmente com a MPB, notamos claramente vantagens para o segundo estilo, basta verificar uma letra do Zeca Baleiro e do NX Zero ou do Lenine e do Fresno para ver qual das duas é mais transgressora e remete à ideologia trazida pelo rock.

Afirmo firmemente que a MPB tem, em vários momentos, muito de rock n’ roll, não só no ritmo ou no andamento das músicas, mas também na ideologia, na postura, nas letras e se analisarmos somente nosso rock nacional perante à MPB, talvez o segundo estilo tenha sido mais transgressor que o primeiro.

Por isso, ponho no mesmo panteão da música nacional, Titãs, Legião Urbana, Barão Vermelho, Raimundos, Raul Seixas, Caetano Velloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, entre outros, sem distinção do estilo que cada um representa, mas sim com respeito ao que cada um representa no cenário cultural nacional.




David Oaski



quarta-feira, 27 de junho de 2012

SALA DE ESPERA...


Sigo esperando. Meia hora, duas horas, centenas, milhares de horas. Estou na mesma sala que eles. Eles se movimentam de forma peculiar, parecem robôs. Eu também sou um robô? Acho que não, me lembro de já ter visto meu sangue. Voltando à espera. Eu olho pra eles e sei que sou da mesma espécie que eles, mas não me enxergo neles. Não vejo características semelhantes nem por um momento. Eles gastam seu tempo com coisas que pra mim não tem o menor sentido e sou cobrado por não querer pra mim essa realidade de plástico. Olho pra fora e o barulho é um frescor. Ouço pássaros não tão longe, e pessoas conversando, gritando, interagindo e eu ali, parado, numa gaiola assustadora onde todos parecem tão satisfeitos. Porque eles gostam disso? Será que eles gostam? Será que já pararam pra pensar se realmente gostam? Divaguei. Retornei e ainda me sinto um corpo estranho. Já é quase hora. Hora de me juntar a eles. Também virarei um robô. Mas tenho sentimentos, uso meu cérebro, questiono as coisas. Oras, não sou um robô. Não vou aceitar essa vida de rato de laboratório. Eu não tenho razão pra aceitar. Tenho vontade de sacudi-los como se fossem sonâmbulos. Mas não adiantaria, eles não querem ser acordados. Pelo contrário, eles gostam disso tudo. Gostam de falar do que fazem para outros robôs. Cada robô tem um status, quanto maior o status, maior a alegria. Mas eles não parecem tão alegres. Será que sou paranoico? Devo ser. Mas pra mim a vida é muito mais que ficar trancado num escritório...



 David Oaski

segunda-feira, 25 de junho de 2012

RIO + 20


Tudo começou com o Eco 92 (ou Rio 92), vinte anos atrás, na cidade do Rio de Janeiro. Um evento que reunia representantes das principais potências mundiais, voltado à discussão de questões ambientais, de preservação, soluções para poluição e degradação do meio ambiente. 

Na época, a visão do futuro era catastrófica, previa-se que ao chegarmos onde estamos, o mundo estaria definhando, num estado de pré apocalipse. Várias soluções possíveis foram apresentadas e pouco utilizadas, ou seja, foram traçados objetivos utópicos que seriam impossíveis de serem alcançados com o modelo de sociedade em que vivemos.

Vinte anos depois, surge o Rio + 20, uma nova reunião com o mesmo assunto em voga, soluções ambientais, minimização das avarias à natureza e, claro, a palavra da moda, sustentabilidade.

A intenção é nobre, juntar representantes de diversos países, sendo muitos destes, potências mundiais, em torno de uma causa importante para nosso presente e futuro. Porém, na prática, não vemos soluções tão nobres assim. Palestras, estandes e programas diversos num encontro desse porte são sempre interessantes, pois indubitavelmente aprendemos sobre determinado assunto, no entanto, entre aprender e agir em prol de resoluções de certos problemas há um passo grande a ser dado. Além disso, ao que se acompanha nos noticiários, nem isso está ocorrendo, sendo que durante as apresentações a bagunça é generalizada, parecendo primário de colégio, com diplomatas dispersos e políticos desatentos, ou seja, além de não adquirirem know how para busca de soluções para os problemas em discussão, não tem nem boa vontade em aprender.

Este fato prova que não são só nossos políticos que são omissos, a maioria dos governantes parece não se importar com muita coisa, além de inflar seu próprio ego com discursos recheados de palavras bonitas e frases de efeito, porém soam, em sua maioria, como palavras ao vento, empregadas somente para garantir atenção do ouvinte, se achando um grande intelectual com discursos estudados superficialmente.

Além disso, há um contraponto nessa discussão, por mais que sejam discutidas soluções pensando no macro pelos representantes das nações, nós aqui embaixo, numa análise do micro, também estamos longe de fazermos nossa parte. Não respeitamos o meio ambiente, nem nos preocupamos com a posteridade, de modo que pouco importa a coleta seletiva, jogamos o lixo em qualquer lugar, danem-se os poluentes dos veículos. Ou seja, também somos bastante omissos nessa questão.

Enfim, gostaria de acreditar que a Rio + 20 fosse uma convenção séria e que resolvesse grande parte dos problemas ambientais que encaramos, mas é difícil, com tamanha zona rolando no meio do evento, parece mais carnaval do que uma questão séria a ser discutida.

Como li outro dia, a natureza é indiferente e age de qualquer forma, vide enchentes, furacões, tsunamis, terremotos, etc. Você já parou pra pensar que seu comportamento, de certa forma, ajudou a causar tudo isso? Se não, de repente é hora de pensar...




David Oaski

sexta-feira, 22 de junho de 2012

CAI DENTRO!!!


Por mais que seja clichê, é a mais pura verdade, só existe o agora, por mais que você faça planos, tenha sonhos, guarde dinheiro, você está aqui agora, nesse momento, nesse instante, lendo este texto e não sabe nem ao menos se chegará a concluir a leitura.

Essa visão de mundo pode parecer triste, mas não é, se você souber jogar com os dados certos pode ser muito boa. Lidando com a vida dessa forma, você reduz suas expectativas a coisas fúteis e de repente se apega menos a bens materiais e, o mais importante, você passa a agir de forma mais corajosa, como se não houvesse amanhã.

A vida é dura, pra maioria das pessoas, na maior parte do tempo. Por melhor preparada psicologicamente que se esteja, a barra é pesada e todos têm seus demônios. Bem ou mal, preparado ou não, uma hora a vida cobra, e o peso de suas escolhas vai aumentando com o decorrer do tempo, suas responsabilidades aumentando e, em certas horas, parece que tudo vai desabar.

No entanto, existem bons momentos, claro, muitos inclusive, deixamos passar por estarmos tão imersos em problemas, superficialidades ou simplesmente ignorância mesmo. Estes bons momentos normalmente vem numa escala menor, já que o equilíbrio da nossa vida social deixa claro que as obrigações vêm em primeiro lugar, afinal são oito, nove horas, trabalhando e, quatro, cinco, de tempo livre, em que na maioria das vezes você está cansado devido as horas trabalhadas.

Não pretendo, nem quero com este post soar piegas, ou fazer um texto motivacional ou algo do tipo, só refletir (inclusive reforçar a mim mesmo) sobre como encaramos a vida, com expectativas e frustrações muitas vezes desnecessárias.

Não se preocupe tanto e faça de tudo pelas suas vontades, desde que não prejudique ninguém com isso, somos muito frágeis e não temos tempo a perder, só existe o agora e ninguém tem certeza do real motivo de estarmos aqui e de pra onde vamos, então cai pra dentro da vida e guarda o medo pros momentos que ele for inevitável.




David Oaski

quarta-feira, 20 de junho de 2012

WATCHMEN



Watchmen
Nota: 8,5


Watchmen é um filme norte americano lançado em 2009, dirigido por Zack Snyder (de 300), baseado nos HQs de Alan Moore e Dave Gibbons.

Os vigilantes são um grupo de super heróis formado para combater na guerra do Vietnam que encerram suas atividades após o governo decretar uma lei que proíbe heróis mascarados, exigindo que os mesmos revelem suas identidades secretas, de forma que só dois dos vigilantes revelam suas identidades. Além disso, existiram duas versões de dois dos heróis o Coruja e a Espectral (cuja primeira é mãe da segunda).

O filme começa com o ex vigilante Edward Blake, o Comediante, assistindo a uma espécie de documentário sobre os Vigilantes no seu apartamento enquanto fuma um charuto, após terminar o programa ele muda de canal e sofre um ataque, de um homem muito mais forte que ele. Apesar de sua ótima forma física e incrível poder de luta, ele é derrotado com o assassino o arremessando de sua janela, morrendo com a queda. O ano é 1985 e Richard Nixon permaneceu no poder, há o impasse da guerra fria no ar, ou seja, é uma espécie de realidade paralela dos Estados Unidos.

Após essa introdução, é apresentado Rorschach, outro ex vigilante, porém o mesmo ainda se manteve na ativa por todos esses anos, como uma espécie de herói mascarado. O mesmo está preocupado com o assassinato e suspeita que seja um caso de um assassino de mascarados, que provavelmente buscará um por um. Ele tenta convencer Coruja da sua suspeita, mas o mesmo descarta a possibilidade. Porém, na sequencia, a suspeita se confirma com uma emboscada mal sucedida ao escritório de Ozzymandias e uma armadilha contra o próprio Rorschach, que é preso.

Paralelamente a este enredo central, são apresentados flashbacks da vida de cada herói, com o Comediante sendo um cara com sagacidade ácida, porém sem se importar nem um pouco com a raça humana, sendo cruel muitas vezes; o Coruja II é um intelectual infeliz da meia idade, com bons conhecimentos científicos e uma espécie de laboratório no porão (grande semelhança com o Batman); Rorschach teve uma infância problemática, com uma mãe promíscua, o mesmo perde qualquer senso de piedade contra seus inimigos após o caso de um cruel estupro seguido de assassinato de uma criança; Dr. Manhattan, uma espécie de semi deus, que sofreu um acidente radioativo e adquiriu poderes como modificar a matéria, tem um relação com a Espectral II; Espectral II é uma jovem sexy que se envolve com Dr. Manhattan, é filha da primeira Espectral com o Comediante; Ozzymandias é bilionário egocêntrico, tido como o homem mais inteligente do mundo.

Dr. Manhattan está trabalhando num projeto nuclear no governo, porém após falsas acusações na mídia e problemas no seu relacionamento, ele resolve largar a vida na Terra e se isolar em Marte, abrindo dessa forma espaço para Espectral II se envolver com Coruja II. Os dois então resolvem resgatar Rorshach na prisão, a cena é sensacional com os dois entrando na penitenciária durante uma rebelião, literalmente quebrando tudo.

Juntos, os três juntam pistas e descobrem que Ozzymandias armou todos os atentados e planeja um ataque nuclear que devastaria todo o mundo. O mesmo havia matado o Comediante e influenciado Dr. Manhattan indiretamente a deixar o projeto, tomando para si todo o trabalho do herói azul.

Apesar dos heróis acharem a base de serviço de Ozzymandias na Antártida, os mesmos não conseguem evitar e o ataque é realizado devastando uma parte do mundo. Todos, tanto no governo soviético quanto no governo norte americano acham que foi o Dr. Manhattan o executor do ataque, pois só ele seria capaz de realizar tal feito, os heróis entram em acordo que isso é o melhor, pois os dois países se uniram contra o herói, deixando de lado a tensão da Guerra Fria.

O filme tem quase três horas, mas em momento nenhum é maçante, pelo contrário, a trama é riquíssima, com personagens densos, que revelam nuances das características humanas. Além disso, todas as situações por mais absurdas que sejam, mostram conflitos humanos, passando uma veracidade necessária para manter o expectador focado.

Existem alguns filmes que você deixa passar, sem motivo ao certo, creio que nessa época em que o filme foi lançado estava meio desligado do cinema, muito por ter tido muitas frustrações com filmes que geram grande expectativa, mas não atingem dez por cento do resultado esperado. Então de uns tempos pra cá tenho baixado filmes, de preferência clássicos contemporâneos do cinema americano, tais como Taxi Driver, Trainspotting, Pulp Fiction, Assassinos por Natureza, entre outros, e, de vez em quando, um ou outro blockbusters, como foi o caso. Confesso que tem valido muito mais a pena do que ficar assistindo essas palhaçadas do cinema atual que, quando muito, garantem uma hora e meia, duas horas de entretenimento raso e mais nada.

Watchmen é um ótimo filme, com ótima história, enredo bem construído e soa como uma análise social, dos tipos de cidadãos e de como levamos a vida com máscaras cobrindo nossos medos e nossas verdadeiras vontades esquecidas nas entranhas do sistema que nos cerca.




David Oaski

segunda-feira, 18 de junho de 2012

SOCIEDADE DISTORCIDA




Toda essa casca que envolve o que dizemos ser nossas vidas é tido de um modo geral, como sociedade. Desde escola, trabalho, reunião de amigos, reunião no condomínio, reunião de bairro, enfim, ao sairmos de casa, estamos direta ou indiretamente interagindo com a sociedade.

Quem gerencia essa sociedade são nossos políticos, governantes que nem sempre agem de boa fé com suas cidades, estados ou o país como um todo (no caso do presidente, ministros, etc), mas de uma forma ou de outra nós os elegemos e eles estão lá pra organizar o entorno da nossa vida social, ou seja, dar boas condições de transportes, fazer com que a economia se mantenha estável, para que assim as empresas contratem, nos garantindo empregos, nos oferecer um bom serviço de saúde pública, nos dar segurança para que possamos levar nossa vida de forma digna e tranquila. Em contrapartida, nós financiamos essa grande máquina através de impostos, contribuições, taxas e todas as outras nomenclaturas que se dê para o que nós pagamos.

Temos uma das maiores taxas tributárias do mundo, seja no emprego, seja no seu veículo, seja na sua casa, seja em qualquer produto industrializado que você compre, sempre irá existir uma porcentagem absurda de impostos no seu pagamento final. Ao me perguntar, por que tantos impostos, obtenho a resposta rapidamente, para poder gerir a sociedade e dar as melhores condições de vida possíveis ao cidadão. Bom, sabemos que não é o que acontece no nosso país, aqui os políticos são omissos, corruptos e malandros por natureza.

Meu ponto de vista nesse post não tem a ver com os políticos ou com imposto, essa introdução visa apenas embasar que o político reflete o povo, já que esse cara aparecendo no horário político emergiu da mesma sociedade a qual pertencemos.

Nossos valores estão cada vez mais deturpados e, muito por influência desse sistema todo que nos gere (ou seria fere), somos bombardeados diariamente, com informações tendenciosas, incitação ao consumismo, opiniões completamente preconceituosas, conceitos retrógrados, dogmas sem sentido e essa cultura brasileira do ‘jeitinho’, de sempre levar vantagem em tudo.

Tenho a impressão que as características sociais estão completamente invertidas de como deveriam ser, afinal cada vez mais o que é certo é visto como estranho, quando o contrário é tido como normal. Por exemplo, um cara que lê, é nerd, então é zuado; uma pessoa joga um lixo na lata do lixo e é fresca; alguém faz uma boa ação e alguém diz: “De que adianta a gente ajudar aqui embaixo se lá em cima os políticos roubam tudo”. Porra, o que uma coisa tem a ver com a outra?

Esse pensamento tem nos contaminado, pra qualquer coisa que se faça, a um contra argumento dizendo que é perda de tempo, de que não adianta. Se você fizer tal coisa, não adianta, se você acreditar, não adianta. Mas se você fizer igual a todo mundo, aí sim, tudo certo, segue essa zona fodida e todo mundo feliz no carnaval.

Por que esse pudor todo em fazer o bem? Por que esse medo de fazer o que é mais correto para se viver em grupo? Fodam-se os políticos, se eles não fazem a parte deles, façamos nós a nossa.

Voltemos a ter interesse em aprendizado, em evoluir como seres humanos, em tratar bem e respeitar as pessoas, viver menos em função do ter e mais em função do sentir, lembrar que o dinheiro pode reger nosso sistema e precisamos dele pra viver, mas caixão não tem gaveta e no céu ninguém tem conta corrente.





David Oaski




quinta-feira, 14 de junho de 2012

FUGAS DA REALIDADE


Cerveja, conhaque, cocaína, heroína, vinho, rivotril, licor, maconha, lsd, êxtase, ácido, prozac, cigarros, pílulas, punheta, sexo, filhos, vídeo game, televisão, internet, comidas gordurosas, falsas amizades, putas, más companhias, animais de estimação.

Tudo isso é realidade ou é ficção, e se a realidade é uma merda, o que te impede de inventar sua própria realidade. Além disso, de certa forma o que levou aonde você se encontra foram suas próprias escolhas, que tal escolher algo diferente...ou, escolha alguma das opções aí de cima e deixe rolar.


Vivo a minha realidade e só EU preciso acreditar nela!


Dentro da linha tênue que separa a loucura da sanidade, sigamos caminhando...



David Oaski

segunda-feira, 11 de junho de 2012

O ROCK NÃO MORREU, MUITO PELO CONTRÁRIO!!! VAI MUITO BEM, OBRIGADO!!! BANDAS RECENTES QUE VOCÊ PRECISA CONHECER...


De tempos em tempos, surge esse papo de que o rock acabou, que não tem mais relevância ou que o estilo precisa ser salvo. Porém, quem ouve rock e tem um mínimo de interesse cultural sabe que isso não é verdade.


O que pode ser argumentado e, aí sim, de forma correta, é que o rock n’ roll não tem mais o espaço que teve em outras épocas nas rádios e tvs, mas isso não quer dizer que o estilo dependa disso para viver. O rock pode não ter a força das décadas passadas, mas com certeza ainda gera milhões em renda em todo o mundo. Não são poucos os festivais que ocorrem na Europa, América do Norte e, mais recentemente, América do Sul. Lolapalooza, Ozzfest, Coachella, SWU e Rock in Rio são alguns dos festivais que sempre dão enorme espaço ao rock n’ roll muitas vezes com bandas recentes e promissoras.

Já a venda de discos caiu, isso faz parte de uma nova realidade fonográfica e dificilmente irá mudar, a forma de consumo de música mudou e temos que nos acostumar com isso, todavia essa mudança não deve ser encarada como uma maneira supérflua de se ouvir música, deve-se ter discernimento do que é lixo comercial e o que realmente tem qualidade. Claro, cada um tem o direito de ouvir o que bem entender, mas se as rádios, tvs, internet, gravadoras e o sistema musical como um todo se manterem com essa linha de lançar o que ‘faz sucesso’, teremos que aturar os sertanejos universitários e pagodes por muito tempo.

Por outro lado, creio também que haja uma desconfiança por parte do público rocker mais conservador. Para muitos, parece ser inconcebível que algo lançado após a década de 1970 pode ter qualidade. Isso prejudica e prejudicou muito o estilo, já que o cara não tem a capacidade de curtir um som, independente de rótulos, público ou época que foi lançado. Essa cultura deve mudar.

Mesmo com todas essas ressalvas, existem grandes bandas formadas recentemente, lançando trabalhos dignos de relevância, sendo que alguns podem tranquilamente adentrar o mesmo panteão dos clássicos do rock.

Abaixo algumas bandas da atual geração que lançam trabalhos constantemente merecem atenção:


Queens of the Stone Age
Banda norte americana liderada por Josh Homme (ex Kyuss), formada em 1997 e ajudou a popularizar um estilo que viria se chamar stoner rock, vertente que se caracteriza por melodias densas e riffs poderosos, muito influenciado pela psicodelia e bandas de hard rock dos anos 70.
O grupo já lançou cinco álbuns, se caracterizando pela criatividade oriunda do líder da banda Josh Homme, que se reinventa a cada disco. Alcançaram grande sucesso após o aclamado “Songs for the Deaf”, de 2002, que possui grandes canções, como “Go With the Flow” e “No One Knows”. Vale lembrar que neste disco a banda contou com a participação especial de Dave Grohl (Foo Fighters e ex Nirvana) na bateria.
A banda é figurinha carimbada entre todos os festivais e segue lançando ótimos discos. Se tivesse surgido em outra época, certamente já seria um clássico do rock, mas como é uma banda recente é comumente subestimada. Se não conhece, ouça todos os discos, sem moderação e veja (ouça) o que está perdendo.


System of a Down
Banda oriunda dos Estados Unidos, formada por integrantes com descendência armênia, em 1992. Rotineiramente, a banda é rotulada como sendo new metal, gênero popularizado pelo Korn e Limp Bizkit em meados dos anos 90. Porém, o som do grupo é influenciado por um caldeirão de sons, indo desde heavy metal a música popular da Armênia.
Se caracterizam por ter um som pesado, mas com muita melodia, sempre muito bem executado, com uma banda entrosadíssima. Além disso, as letras sempre tem forte apelo político e cunho social, em tom de protesto.
Seu disco de 2001, Toxicity, pode ser considerado um clássico do rock recente, recheado de hits, como a faixa título, “Chop Suey” e “Aerials”. Seus outros discos também contem belas canções.
Atualmente, a banda se encontra num hiato de lançamentos, porém segue se apresentando mundo afora, como em uma apresentação memorável no Rock in Rio ano passado (2011), ofuscando o remendado Guns n’ Roses que estava escalado para fechar a noite.


The Strokes
Banda norte americana de indie rock, formada em 1998, possui quatro álbuns lançados até o momento e já influenciou toda uma geração desde seu primeiro lançamento, o ótimo “Is This It”, de 2001. Bandas como Arctic Monkeys, The Vaccines, Bloc Party, entre outras só vieram a cena devido ao sucesso do quinteto americano.
O grupo se caracterizou por desde o início terem forte influência de sons tidos como alternativos dos anos 70, como Television, Velvet Underground, entre outros, além de Nirvana, Ramones e Beatles. Sendo que a cada lançamento fica mais evidente a mistura de influências, já que cada disco possui uma característica e soa de forma peculiar, atitude corajosa para uma banda nova.
Os caras já podem ser tidos como um clássico moderno da música mundial.


Muse
O Muse é um trio inglês, formado em 1994, que alcançou grande sucesso a partir de seu quarto disco de estúdio “Black Holes and Revelations”, lançado em 2006, que possuía o hit “Supermassive Black Hole”, e em 2009, lançaram o excelente “The Resistance”, com hits como “Uprising” e “Undisclosed Desires”.
A banda se caracteriza pela ótima técnica dos músicos, que fundem música clássica às suas composições, com evidência influência do Queen e de música clássica, além de um toque de música progressiva, tudo isso, óbvio, sem perder a pegada rock n’ roll.
O grupo é possivelmente o mais criativo de sua geração e está no auge, tocando em vários festivais e deve pintar em breve num dos festivais brasileiros.
O Muse transpira talento e inspiração a flor da pele.


The Killers
Ótima banda norte americana oriunda de Las Vegas, formada em 2002. Lançou em 2004, seu disco de estréia o bom “Hot Fuss”, que possuía as dançantes “Somebody Told Me” e “Mr. Brightside” que foram sucessos radiofônicos. Em 2006, mostraram amadurecimento com o lançamento de “Sam’s Town”, que continha os hits “Bones” e “When You Were Young”. Já em 2008, lançaram “Day & Age”, se consolidando entre as grandes bandas do mundo.
A banda tem um som caracterizado pelo uso de sintetizadores e teclados, remetendo a musica pop dos anos 80 em alguns momentos, porém com belas melodias, tendo em outros momentos influência de Joy Division, banda cujo eles já gravaram uma cover, “Shadowplay”.
O som deles é muito interessante e diversificado, cai bem em qualquer momento. Vale a pena conferir.


Mastodon
Banda de heavy metal, com fortes influências de progressivo e stoner rock, formada em 1999, nos Estados Unidos.
O Mastodon possui seis álbuns de estúdio, sendo que somente no mais recente, “The Hunter”, de 2011, conseguiu atingir um som mais acessível, menos ‘cabeçudo’, com toques de Metallica e influência clara de stoner. Porém após ouvir o último disco, é possível se debruçar diante de toda a obra da banda e desvendá-la com o devido interesse.
Três dos quatro músicos, são vocalistas, o que dá uma cara diferente entre as canções.
A banda se encontra no auge e tocou na noite do metal do Rock in Rio Lisboa em 2012. Se você gosta de peso, o Mastodon é mais do que recomendado.


The Black Keys
Dupla de blues-rock, composta somente por guitarra e bateria, formada nos Estados Unidos, em 2001.
É talvez a banda mais elogiada no momento no cenário do rock mundial, tendo ótima repercussão com seu dois últimos lançamentos, os ótimos “Brothers”e “El Camino”, de 2010 e 2011, respectivamente.
Com fortes influências de rock clássico e blues, a banda conquista cada vez mais novos fãs com seu som honesto e consistente. Além de ter fãs ilustres no meio musical, que sempre declaram seu apreço pela duo americano.


Jack White
Um dos músicos mais talentosos da atualidade, Jack White nascido nos Estados Unidos, em 1975 (36 anos), possui forte influência de blues, além de ter um vasto conhecimento musical, fato que é possível notar devido ao resgate de uma sonoridade clássica por parte do músico.
Ele acaba de lançar seu primeiro disco solo, “Blunderbuss”, muito aclamado e possivelmente presente em todas as listas de melhores do ano, o cantor acerta mãe em todas as músicas, mesclando de forma brilhante, música pop, blues, rock clássico, com muito swing e personalidade.
É muito conhecido também pelos ótimos trabalhos realizados com o White Stripes e Raconteurs.
Referência para geração esse rapaz, se não conhece, cai dentro da obra dele, pois vale a pena.


Foxy Shazam
Ótima banda americana, formada em 2004 e, pouco conhecida no Brasil, porém já possui quatro discos de estúdio, com destaque para o último, lançado este ano, “The Church of Rock and Roll”.
As canções da banda possuem um estilo mais teatral, remetendo em alguns momentos a Elton John ou a dance music dos anos 70, porém com uma pegada enérgica, lembram em outros momentos o The Killers, mas com muita personalidade fazem um som próprio, que vale a pena conferir.


Volbeat
Banda dinamarquesa, formada em 2000, com sonoridade mesclada, envolvendo heavy metal, rockabilly, hardcore e rock clássico. Possuem quatro discos lançados desde 2005, com destaque para “Beyond Hell / Above Heaven”, lançado em 2010, com uma sonoridade variando entre peso e melodia, sendo um som próprio e muito original.


Além das bandas citadas, existe mais uma dezena de outras tão competentes quanto, tais como: a australiana Wolfmother; as americanas Rev Theory e Hinder; as suecas The Hives e Backyard Babies; os norte irlandeses do The Answer; entre outros.

Deixando claro que a intenção do post é mostrar que apesar de toda sujeira espalhada pelas rádios e o que restou dos canais de clipes, ainda existem grandes bandas fazendo ótimas canções e lançando ótimos discos. A principal mudança de uns anos pra cá, é que não dá mais pra ficar esperando os veículos da mídia te apresentarem nada de novo, já que raramente mostram algo de relevante, por isso creio que o melhor caminho para exploração seja a internet, através de blogs, redes sociais, sites especializados, etc.

E pare de falar igual papagaio que o rock acabou ou que bom eram os Beatles e o Led Zeppelin, todo mundo sabe que eles eram bons, eram excelentes, mas o mundo segue rodando e, existem coisas excelentes sendo produzidas nesse exato momento, se você pode ouvir centenas de bandas boas, por que ouvir somente duas ou três?



David Oaski

quarta-feira, 6 de junho de 2012

ENQUANTO ISSO EM BRASÍLIA...


Membros da Oitava Revolução de Brasília se encontram para acertar os últimos detalhes do golpe planejado há meses:

- Tudo certo para amanhã a noite?- Sim, tudo certo, às 20h em frente ao Boteco Cachoeira.- Combinado.- Temos que ser precisos, não pode haver falhas.- Claro, como todos sabem já falhamos sete vezes e a segurança será reforçada.- Desde as primeiras vezes, eles tomaram diversas precauções, dificultando dessa forma, cada vez mais nossos planos.- Sim, mas dessa vez tem que dar certos, impossível nos prepararmos mais. Chegou a hora de fazermos justiça.- Deus lhe ouça. Boa noite e boa sorte.- Boa noite.

O dia amanhece e todos acordam no horário marcado.

Cada um com sua arma em punho, máscaras de Guy Fawkes e disposição de sobra para invadir e tomar a câmara dos deputados, o senado e o palácio da alvorada. Dessa vez a confiança era enorme.

E começou a guerra, a linha de frente invadiu os prédios, detonando tudo e todos que viam pela frente, derrubando a equipe de seguranças e agredindo e rendendo todos os engravatados que aparecessem pela frente e, se oferecessem reação seriam tratados com violência, afinal, não se trata com dignidade quem vem nos roubando há séculos, muito menos se negocia com gente corrupta.

Algumas horas se passam e, entre mortos e feridos, o povo consegue. Invadiu o que sempre foi seu, os órgãos de imprensa não param de chegar e a polícia não sabe o que fazer. Agora quem governa é o povo!!!

A plebe resolveu agir, cansou de ficar coagida, sendo tratada como idiota por desonestos e homens sem honra, agora é pra valer, não iremos mais tolerar porra nenhuma que não seja em prol da população.

Sarney, Collor, Demostenes, Valdemar Costa Neto, Maluf, entre outros serão postos pra fora e presos, sem nenhuma regalia.

Agora é o povo que manda e a parte intelectual do exército que irá distribuir o poder e organizar a hierarquia da melhor forma possível, para evitar o pandemônio.

Acabou a palhaçada. Fomos pro front e agora vamos lutar por um país decente em que o cidadão tenha seu valor e não faça diariamente papel de bobo por toda a eternidade.

O JOGO VIROU!!! 

Só que não...   


David Oaski

 



 

segunda-feira, 4 de junho de 2012

A ARTE PERDIDA DE SE MANTER EM SILÊNCIO



Bom, todos agora querem falar, depois de décadas de censura e repressão, todo mundo quer ser o dono da razão, ter a última palavra. A síndrome de protagonismo invade a sociedade sem pedir licença.

Por vezes prolixas, por vezes como papagaios reproduzindo conceitos vistos na internet, TV ou que roubaram de alguma revista de fofoca, ou até mesmo falando por falar, só pra participar da conversa, as pessoas tem necessidade de botar seu bedelho em tudo. Diversas vezes me pego perguntando a mim mesmo o que esse cara / mina tanto fala??? E, na maioria das vezes chego à conclusão que trata-se de uma necessidade de aparecer do individuo, possivelmente mal resolvido com sua personalidade.

É óbvio que se deve expressar, ninguém quer uma nação de mudos, mas é esse o ponto, quando é pra falar pra reivindicar algo importante, pra lutar pelos direitos dos cidadãos, pra colaborar de alguma forma para com a sociedade ninguém abre a boca.

Temos nos esquecido que o silêncio também é uma forma de expressão, por muitas vezes tão eficaz quanto uma longa discussão ou frases feitas copiadas de murais alheios de redes sociais. Gasta-se muito tempo fazendo fofocas, inventando intrigas e impondo opiniões quando o tempo poderia ser gasto de outra forma mais útil, lendo um livro, ouvindo um som ou fazendo uma pesquisa para melhorar seus argumentos diante de uma discussão.

Se for entrar numa discussão, entre para acrescentar, não pra tumultuar, se for falar sem pensar, lembre-se que é uma mão única e assuma as consequências desse ato e, se quiser falar merda não use meu ouvido como penico.



Recomendo esse som:





David Oaski