terça-feira, 23 de outubro de 2012

A NOVIDADE QUE VALE A PENA: ALABAMA SHAKES



Fiz um post sobre o Black Keys com esse título um tempo atrás e resolvi ampliá-lo a uma sessão, onde pretendo apresentar a quem possa interessar novidades musicais que realmente valem a pena ser ouvidas e não essas porcarias indies que os críticos musicais tentam forçar goela abaixo como nova sensação da Europa ou de um festivalzinho no interior do Missouri.

Dando prosseguimento a sessão, falaremos do Alabama Shakes, excelente banda norte americana formada em 2009, pela vocalista e guitarrista Brittany Howard, pelo baixista Zac Cockrell e pelo baterista Steve Johnson, após o lançamento do primeiro EP fecharia a formação da banda, o guitarrista Heath Fogg.

O som da banda é uma mescla entre soul, r&b, pop, rock e blues, num caldeirão que funciona muito bem, bastante devido ao vozeirão de Brittany, que já foi comparada por algumas publicações a Janis Joplin. Realmente a cantora já pode ser considerada uma das melhores da atualidade, pois sua potência, afinação e feeling de transmitir exatamente o que a música pede são de uma eficácia impressionante para quem tem banda há apenas três anos.

O embrião do Alabama Shakes teve início na escola quando Brittany e Zac começaram a compor e tocar um som mais calcado no rock clássico e rock progressivo. Algum tempo depois, com a entrada de Steve, a banda que tocava covers de Led Zeppelin a Ottis Redding, começou a gravar demos, obtendo boa repercussão. Em Setembro de 2011, gravaram um EP, com quatro músicas, que foi o cartão de visitas da banda para entrar de vez no mainstream.

Em Abril desse ano, a banda lançou seu primeiro álbum, “Boys & Girls”, que saiu pela Rough Trade Records e os alavancou instantaneamente a sensação da música mundial. No disco, em diversos momentos, a banda soa como um artista vindo da década de 60, direto dos estúdios da Motown, com aquele climão triste, característico do blues, uma aura pesada nas canções, oriundo do soul e um poder arrebatador em cada faixa, tornando a audição marcante. Os primeiros singles do álbum foram: a cadenciada e bela “Hold On”, em que dá vontade de pegar uma garrafa de whisky, puxar uma cadeira e viajar no som; e a densa “I Ain’t Alone”, que esbanja melancolia em cada levada do acompanhamento de piano que há na canção. Foi lançado também um videoclipe para “I Ain’t the Same”, esta mais pop, com uma melodia mais ensolarada, sempre com performance vocal excelente de Brittany e acompanhamentos agradáveis na guitarra dela própria e de Fogg, com direito a um bom solo. Além dessas, também valem destaque, a pop “Hang Loose”, a rockabilly “Heavy Chevy” e a curtinha e ótima “Goin’ to the Party”.

                                                          Vídeoclipe de "Hold On"

O único pecado do Alabama talvez seja justamente pecar pelo excesso na utilização das influências do passado na composição desse disco, sem acrescentar personalidade própria ao som. Sob certo ponto de vista, é possível dizer que falta originalidade à banda, por soar em determinados momentos muito parecido a alguma banda ou artista dos anos 60 ou 70, mas creio que com a maturidade e sequencia de lançamentos a banda azeite seu som e crie uma sonoridade mais bem definida e moderna dentro de sua proposta.

De qualquer forma, vale muito a pena a audição desse disco e dessa banda, que além de entreter, esbanja talento e boas composições, com fontes no passado, mas que soam atuais ainda hoje. Além disso, talvez ao invés de soar datado, o Alabama Shakes seja tão bom que nem parece que foi gravado em 2012. Aguardemos o tempo determinar o lugar da banda na história, enquanto isso vamos curtindo esse belo primeiro álbum.


PS: Poderemos ver a banda em ação em Março do ano que vem, pois eles foram confirmados como uma das atrações secundárias do Lollapalooza Brasil 2013, na noite que terá como headliner o The Black Keys.




David Oaski

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