Fiz um post sobre o Black Keys com esse título um tempo atrás
e resolvi ampliá-lo a uma sessão, onde pretendo apresentar a quem possa
interessar novidades musicais que realmente valem a pena ser ouvidas e não
essas porcarias indies que os críticos musicais tentam forçar goela abaixo como
nova sensação da Europa ou de um festivalzinho no interior do Missouri.
Dando prosseguimento a sessão, falaremos do Alabama Shakes,
excelente banda norte americana formada em 2009, pela vocalista e guitarrista
Brittany Howard, pelo baixista Zac Cockrell e pelo baterista Steve Johnson, após
o lançamento do primeiro EP fecharia a formação da banda, o guitarrista Heath
Fogg.
O som da banda é uma mescla entre soul, r&b, pop, rock e
blues, num caldeirão que funciona muito bem, bastante devido ao vozeirão de
Brittany, que já foi comparada por algumas publicações a Janis Joplin.
Realmente a cantora já pode ser considerada uma das melhores da atualidade,
pois sua potência, afinação e feeling de transmitir exatamente o que a música
pede são de uma eficácia impressionante para quem tem banda há apenas três
anos.
O embrião do Alabama Shakes teve início na escola quando
Brittany e Zac começaram a compor e tocar um som mais calcado no rock clássico
e rock progressivo. Algum tempo depois, com a entrada de Steve, a banda que
tocava covers de Led Zeppelin a Ottis Redding, começou a gravar demos, obtendo
boa repercussão. Em Setembro de 2011, gravaram um EP, com quatro músicas, que
foi o cartão de visitas da banda para entrar de vez no mainstream.
Em Abril desse ano, a banda lançou seu primeiro álbum, “Boys
& Girls”, que saiu pela Rough Trade Records e os alavancou instantaneamente
a sensação da música mundial. No disco, em diversos momentos, a banda soa como
um artista vindo da década de 60, direto dos estúdios da Motown, com aquele
climão triste, característico do blues, uma aura pesada nas canções, oriundo do
soul e um poder arrebatador em cada faixa, tornando a audição marcante. Os
primeiros singles do álbum foram: a cadenciada e bela “Hold On”, em que dá
vontade de pegar uma garrafa de whisky, puxar uma cadeira e viajar no som; e a
densa “I Ain’t Alone”, que esbanja melancolia em cada levada do acompanhamento
de piano que há na canção. Foi lançado também um videoclipe para “I Ain’t the
Same”, esta mais pop, com uma melodia mais ensolarada, sempre com performance
vocal excelente de Brittany e acompanhamentos agradáveis na guitarra dela
própria e de Fogg, com direito a um bom solo. Além dessas, também valem
destaque, a pop “Hang Loose”, a rockabilly “Heavy Chevy” e a curtinha e ótima
“Goin’ to the Party”.
Vídeoclipe de "Hold On"
O único pecado do Alabama talvez seja justamente pecar pelo
excesso na utilização das influências do passado na composição desse disco, sem
acrescentar personalidade própria ao som. Sob certo ponto de vista, é possível
dizer que falta originalidade à banda, por soar em determinados momentos muito
parecido a alguma banda ou artista dos anos 60 ou 70, mas creio que com a
maturidade e sequencia de lançamentos a banda azeite seu som e crie uma
sonoridade mais bem definida e moderna dentro de sua proposta.
De qualquer forma, vale muito a pena a audição desse disco e
dessa banda, que além de entreter, esbanja talento e boas composições, com
fontes no passado, mas que soam atuais ainda hoje. Além disso, talvez ao invés
de soar datado, o Alabama Shakes seja tão bom que nem parece que foi gravado em
2012. Aguardemos o tempo determinar o lugar da banda na história, enquanto isso
vamos curtindo esse belo primeiro álbum.
PS: Poderemos ver a banda em ação em Março do ano que vem,
pois eles foram confirmados como uma das atrações secundárias do Lollapalooza
Brasil 2013, na noite que terá como headliner o The Black Keys.
David Oaski
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