quarta-feira, 26 de setembro de 2012

THE KILLERS - BATTLE BORN




Nota: 8

Após dez anos desde sua formação, a banda norte americana The Killers retorna com seu quarto disco, “Battle Born”, mostrando o porque são considerados uma das melhores e mais influentes bandas surgidas no século XXI.

Não seria correto usar o clichê de dizer que a banda voltou mais madura, pois o lançamento anterior, “Day & Age” já trazia essa característica na banda de Brandon Flowers (vocais e sintetizador), Dave Keuning (guitarra), Ronnie Vannucci (bateria) e Mark Stoermer (baixo). A banda passou por um hiato após o término da turnê do álbum citado e a pausa parece ter surtido efeito, pois soa moderna e honesta, sem perder a pegada pop que os consagrou no começo da década passada com hits como “Somebody Told Me” e “Mr. Brightside”, ambas presentes do debut da banda, “Hot Fuss”.

Sabe-se que o entendimento entre os músicos da banda passa longe do ideal, já que Flowers e Vannucci tem constantes conflitos de egos, mas ao que parece, as diferenças foram postas de lado e a banda conseguiu produzir um excelente disco, com potencial para entrar na lista de melhores do ano, fácil.

O disco abre com a tríade formada pelas faixas “Flesh and Bone”, “The Runnaways” e “The Way It Was”, sendo a primeira uma ótima escolha para abrir o disco, pois inicia com teclados, seguidos pelo vocal apurado de Brandon, vai ganhando forma até chegar num refrão em coro, com alterações no andamento no decorrer da música. A segunda é uma das melhores músicas do ano, e foi lançado como primeiro single, possui as já tradicionais camadas sonoras emoldurando a canção, a letra é boa, enfim, uma canção pop perfeita, com ótima melodia e refrão poderoso, funcionando tanto nas pistas de dança como no seu playlist rotineiro. A terceira tem uma letra melancólica e as linhas vocais transmitem bem isso, nesta o andamento é mais calcado nas guitarras, baixo e bateria, dando maior espaço para os sintetizadores somente no refrão. As três músicas tem grande potencial radiofônico e cheiram a hits.

O play segue com uma balada romântica bem encaixada chamada “Here With Me”, com um refrão de belas palavras: “Don’t want your Picture on my cell phone / I want you here with me. Sem cair para um lado piegas, a melodia consegue transmitir com suavidade e doçura o que letra pede. O rock “A Matter Of Time” retorna o clima de rock de arena, onde é possível imaginar o público num desses festivais com apresentações no fim de tarde, batendo palmas e cantando o refrão a plenos pulmões junto com a banda. O pop volta com tudo em “Deadlines And Commitments”, abusando dos sintetizadores e com um andamento mais arrastado, a canção poderia facilmente estar num disco do Duran Duran, por exemplo. Aqui vale um destaque para os vocais de Brandon que soam impecáveis na gravação, ao que parece ele se encontrou como cantor, aguardemos pra ver se ele manterá a performance ao vivo.

É impossível não relacionar o título de “Miss Atomic Bomb” a “Mr. Brightside”, nesta a senhora bomba atômica remete a um clima de andanças de carro numa noite qualquer, refletindo sobre os problemas e soluções da vida num clima nostálgico. “The Rising Tide” mantem o clima da canção anterior, porém com maior destaque para as guitarras, rolando inclusive um solo de Dave Keuning, dando maior peso à música. “Heart Of A Girl” é outra balada romântica, que inicia com Flowers cantando quase à capela, com um leve acompanhamento da guitarra e segue como uma canção que a ala feminina de fãs do The Killers certamente irá se agradar bastante.

Há uma mudança na linha das canções com “From Here On Out”, outra das melhores do disco, com um andamento rápido, resvalando em influências country e folk, com ótimo acompanhamento das guitarras e sintetizadores, surge uma bela canção pop. Voltando a quebrar um pouco o ritmo, vem “Be Still”, outra canção melancólica / romântica, com maior destaque para o tema de teclado sobre a voz de Brandon, conta ainda com uma bateria eletrônica, dando um ar de música eletrônica dos anos noventa à canção.

O álbum encerra com a faixa título, “Battle Born” que é outro ponto alto do disco, traz na letra um discurso sobre as dificuldades do mundo atual e como temos de supera-las, poderia ser uma letra de Bruce Springsteen. Aqui surge um pouco de tudo, condensado na canção, trechos cantados de forma suave, outros em coro, camadas sonoras, alternando destaque com a guitarra, trata-se de mais uma música que certamente terá grande destaque nos shows da banda.

A edição Deluxe do álbum traz ainda as faixas “Carry Me Home”, uma versão alternativa de “Flesh And Bone” e “Prize Fighter”, todas com um clima de música pop para pista de dança, sem exageros, divertidas e contagiantes.

Senhoras e senhores, o The Killers está de volta, com tudo que se espera de um excelente disco pop, grandes canções, boas letras, banda entrosada, tocando músicas agradáveis para ouvir praticamente em qualquer momento do seu dia a dia. Goste ou não, o Killers é uma das bandas mais importantes surgidas no novo século, com lançamentos que vêm mantendo uma regularidade imensa e se mantendo popular, sem perder a essência da banda.

Um dos melhores lançamentos do ano até aqui.



David Oaski






segunda-feira, 24 de setembro de 2012

SAÚDE NÃO É MERCADORIA



Todos têm direito a vida. Sempre ouvi essa frase, mas hoje em dia vejo que ela não é verdadeira. O correto seria todos tem direito a vida, se tiverem dinheiro.

Experimente ficar doente e depender do SUS para ter um tratamento eficaz, você estará fodido amigo. Infelizmente, mesmo com todos impostos que pagamos e a ascensão econômica contínua do Brasil não possuímos um sistema de saúde digno, pelo contrário. Os médicos não são qualificados, não há consultas, os tratamentos são marcados para daqui a seis meses, instalações precárias e outros absurdos são situações comuns que os enfermos enfrentam na árdua missão de se tratar no país.

Infelizmente, assim como a educação, a saúde de qualidade é restrita a quem tem condições financeiras de bancar um bom plano de saúde e ressalto o ‘bom’, pois muitos tem uma cobertura que se equivale aos hospitais públicos. Temos ótimos hospitais no Brasil e grandes profissionais, com ótima infraestrutura, mas o preço de uma consulta é estratosférico e os planos que cobrem essas consultas são tão caros quanto.

Volto à frase do início do texto, você tem direito à vida, desde que tenha condições de bancar as melhores consultas, com os melhores profissionais. É claro que existem casos irreversíveis em que não é possível salvar o paciente independente das condições a ele oferecidas, porém creio que todos deveriam ter acesso aos mesmos privilégios, até porque estamos falando de vidas.
Saúde no Brasil é tratada como mercadoria, se você tem dinheiro, tem a melhor, senão você deve se contentar com os restos, o grande porém é que não estamos falando de uma peça de roupa ou de um carro, estamos falando de saúde, de vidas. Imagina quantas pessoas perderam seu maior bem diante de um sistema de saúde falho e precário.

Gostaria que nossos governantes dessem maior atenção a essa questão que a meu ver é gravíssima, dando maior atenção aos hospitais públicos e implementando maior regulamentação aos planos de saúde que agem como estivessem acima do bem e do mal no Brasil.

Vivemos numa sociedade onde tudo tem seu preço, mas será que é possível mensurar quanto vale uma vida?



David Oaski

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

POR QUE O RAP NACIONAL É TÃO PROLÍFICO E O ROCK NÃO...



Emicida, Projota, Rashid, Criolo, Conecrew Diretoria, Flora Matos, Carol Conká, só pra ficar nos mais óbvios são sucessos ascendentes de um movimento de hip hop atual no Brasil. Alguns deles são muito talentosos, como Emicida e Criolo, outros parecem vir na esteira, mas só o tempo dirá quem realmente possui originalidade e autenticidade. O que me surge é a questão que dá título ao post: Por que o rap nacional é tão prolífico e o rock não.

Durante essa reflexão surgiram algumas possíveis respostas. Uma delas é de que chegou o momento do rap nacional roubar a banca mesmo, tomar sua parcela de espaço na mídia de forma definitiva. Já tivemos grandes representantes desse ritmo como Racionais, Rappin Hood, MV Bill e Xis, mas todos fizeram sucesso, porém de forma isolada, cada um num momento, não trazendo tanta representatividade para o estilo e sim para si próprios. Dessa vez, ao que parece, surge toda uma cena, simultaneamente, num momento mais do que iluminado para o estilo, com gente talentosa e que merece o reconhecimento que vem tendo.

Outra possibilidade é o fato de o rock ter perdido muito da relevância comercial que já teve, pois o espaço nas rádios, tvs e internet dado ao estilo é cada vez menor, cedendo espaço a nova MPB, aos sertanejos universitários, pagode mela cueca e o hip hop.

Além dessas, a possibilidade mais plausível que me ocorreu foi a de que o rap tomou toda transgressão característica do rock n’ roll para si, basta compararmos uma letra do NX Zero ou Fresno com uma do Emicida ou Criolo e veremos que as letras dos rappers são muito mais rock n’ roll do que as dos artistas que deveriam levantar a bandeira do rock.

Creio que há espaço pra tudo, tanto nas premiações, como tvs, rádios, festivais, etc. Todos os ritmos tem seus seguidores, suas virtudes e qualidades, mas é preciso que os artistas do rock percam essa síndrome de underground e tenham vontade de retornar o estilo aos grandes festivais e ao gosto popular, sem perder a pegada, é  claro.

Ainda acredito no rock nacional e existem bandas relevantes por aqui sim, mas isso é assunto pra um próximo artigo, enquanto isso assistimos o rap dominar o espaço que um dia foi do rock.



David Oaski

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

O COUNTRY MAIS ROCK N' ROLL DE TODOS OS TEMPOS



Sempre digo que não é preciso necessariamente tocar rock pra ser rock n’ roll, Johnny Cash é talvez o melhor exemplo disso. ‘O Homem de Preto’ como ficou conhecido, ficou eternizado na música mundial tocando country, mas seu estilo de vida junkie lhe confere características pra roqueiro nenhum botar defeito.

Cash iniciou sua carreira na longínqua década de 1950, tocando um som influenciado por rock e rockabilly, ganhando destaque e emplacando alguns sucessos nas paradas musicais. Porém, foi na década seguinte que sua carreira realmente engrenou, mesmo com seu crescente vício em barbitúricos e anfetamina atingindo o ápice, tendo o músico experimentado nessa época todas as drogas possíveis. No entanto, sua criatividade nunca foi abalada pelas substâncias ilícitas, pelo contrário, lançou bons discos e sempre possuía algum single bem ranqueado nas paradas.

Em 1964, o cantor lançaria seu álbum de maior repercussão até então e um dos destaques de sua discografia: “I Walk The Line”, que além da faixa título, possuía “Hey Porter” e o clássico “Folsom Prison Blues”.  Já em 1968, ele lançaria o clássico absoluto, o ao vivo “At Folsom Prison”, ao vivo numa penitenciária na Califórnia, com direito a total interação do performer com seu público. Cash se mostra como sempre muito carismático e muito querido pelos presos. O disco possui uma aura mágica e possui todos os hits lançados pelo homem de preto até então. Indispensável em qualquer coleção que se preze, um clássico da música em todos os tempos.

Cash é um dos músicos mais prolíficos de todos os tempos, tendo lançado um total de mais de cinquenta álbuns em toda sua carreira em vida, além de lançamentos póstumos com sobras de materiais de estúdio. Como todo artista, a carreira do músico teve oscilações, incluindo o ponto alto nos anos 60 e 70, a entressafra nos anos 80, e o retorno ao sucesso nos anos 90 com a parceria com o produtor Rick Rubin e os últimos lançamentos marcantes no começo da década de 2000. Seu retorno às paradas na década de 90 marcou a regravação por parte do cantor de bandas contemporâneas como hits do Soundgarden, Beck, entre outros, sempre abrilhantando ainda mais as canções.

Além da carreira musical, Johnny também teve um programa de televisão entre 1969 e 1971, na rede ABC, onde dava espaço a artistas que viriam a se tornar gigantes da música pop mundial como Neil Young e Bob Dylan. Atuou também em alguns filmes, na década de 80, tendo sido protagonista em alguns.

A vida pessoal de Cash foi durante muito tempo conturbada, oriundo de uma família problemática, nunca digeriu a morte do irmão quando ambos eram crianças, teve um pai conservador e até violento. Seus problemas com drogas lhe tornaram um pai cada vez mais ausente e lhe custaram o primeiro casamento. Essa relação do músico com substâncias ilícitas foi uma constante na carreira do músico, entre recaídas e sobriedade conseguiu se casar com o amor de sua vida e companheira até seus últimos dias, June Carter, que também cantava e o acompanhou em diversas turnês. Sua vida conturbada e seu talento artístico foram adaptados para o cinema em 2005, no filme Johnny & June, estrelado por Joaquim Phoenix (Cash) e Reese Whiterspoon (June).

No seu último álbum lançado em vida, “American IV: The Man Comes Around”, Johnny, diagnosticado com uma doença degenerativa alguns anos antes, realiza uma espécie de despedida, num álbum introspectivo repleto de regravações, se destaca “Hurt” do Nine Inch Nails, numa interpretação emocionante Cash tem seu último registro em videoclipe. Uma despedida tocante de um dos maiores artistas de todos os tempos.

Tenho descoberto aos poucos a obra de Johnny Cash e me encantando cada vez mais com a força de suas canções, sua poderosa abordagem e simplicidade genial de suas melodias, das mais simples às mais densas. Por muito tempo, pensei ser perda de tempo buscar algo interessante fora do rock, graças a Deus revi esse conceito e posso curtir obras geniais de artistas como Cash, James Brown, Prince, Michael Jackson, entre outros.

Além disso, como foi falado, Cash não se consagrou tocando rock n’ roll, mas foi um artista que expandiu os limites de sua música, transcendendo o country que ele tocava para algo além, para música boa, de qualidade e honesta.

Independente do ritmo que executava, Johnny Cash era muito rock n’ roll e tem todo meu respeito.



David Oaski

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

POR UMA CAMPANHA ELEITORAL MENOS TOSCA...



Cavaletes, panfletos, cartazes e bandeiras poluindo as ruas, sem falar nas musiquinhas toscas em carros andando a 2 km/hora. Esse é o cenário que temos que enfrentar de dois em dois anos nas nossas cidades. Daí fico pensando por que os candidatos não gastam tempo e dinheiro (muitas vezes de origem duvidosa), discutindo projetos de forma sincera e honesta e com campanhas realmente válidas, que conquistem eleitorado e não atrapalhem e poluam a cidade.

Alguém dirá: “mas está na lei, eles podem fazer isso.” Dane-se, o que eles podem e devem fazer, eles não fazem, que são melhoras nas condições de vida para os cidadãos, oferecendo um sistema de saúde público digno, segurança, educação, transporte e condições mínimas para que se leve uma vida decente. São duas situações que chegam a dar náuseas, a primeira é o inexplicável mistério das obras que surgem em ano de reeleição de políticos que já ocupam algum cargo; a segunda é o sem número de charlatões que se candidatam única e exclusivamente interessados em se pendurar na teta do sistema.

Ser eleito no Brasil é o mesmo que passar num concurso público, ao ganhar o cara pensa, pronto, ganhei a vida. A função que vem se tornando utópica de um político é nobre, ajudar a população, na infraestrutura da sociedade, fomentar o Estado ou município com projetos de melhorias, e principalmente agir de forma digna com respeito ao cidadão que lhe confiou seu voto.

Por outro lado, também há outro ponto de vista, levando em consideração o gosto popular atual, é bem capaz que seja esse tipo de campanha que aguarde a maior camada da população. São paródias de sertanejos universitários, pagodes mela cueca e afins, além da já citada poluição visual que todos parecem gostar. O que mais incomoda não é o fato da campanha por si só, mas sim o fato de atrapalhar a rotina do cidadão comum, que trabalha, paga impostos e ainda tem que bancar essa palhaçada toda. Ao fazer um retorno numa avenida, você não consegue visualizar o trânsito, pois tem a foto de um babaca qualquer no cavalete, você está no transito num momento de folga e tem um carro de campanha na faixa da esquerda se arrastando com o pisca alerta ligado, você tá dormindo no fim de semana e passa um carro de campanha no último volume. Revoltante.

Vale ressaltar também a campanha eleitoral na televisão. É difícil até achar uma definição para o programa eleitoral, macabro é pouco. Além dos candidatos sem o mínimo de instrução, seguindo o estilo Tiririca de propaganda, há também os falsos moralistas, os religiosos e os que considero piores, aqueles que mal conseguem ler o telepronter, tornando a coisa além de mecânica e artificial, ridícula. Não deve nada a nenhum freak show da tv a cabo. As raras exceções que são bem instruídas e tem o que falar, parecem treinadas por algum profissional de marketing, que orienta a melhor frase e o sorriso forçado combinado com um gesto de mãos. O fato do horário eleitoral ser obrigatório realmente nos faz questionar a tal da democracia em que vivemos.

Não sou do tipo que fica reclamando dos altos salários dos políticos, pois eles realmente exercem uma função importante, ao menos em teoria, porém a punição no caso de corrupção deve ser extremamente rígida e, infelizmente não é o caso. Deveriam haver alguns filtros para que as pessoas pudessem se candidatar, e não digo exigência de três idiomas e faculdade, pois isso não comprova lisura de ninguém, o que poderia haver era uma apresentação prévia dos projetos, com uma discussão apurada, avaliando se ele é ou não apto a seguir com a candidatura. Além disso, os próprios partidos deveriam ser menos brandos e tentar algum mecanismo que tornasse esse circo menos tosco.

As campanhas seguem, as eleições passam e tudo continua do mesmo jeito. Talvez se votarmos melhor e com um pouco mais de consciência, possamos mudar um pouco esse panorama em longo prazo. Minha visão pode ser otimista ou até utópica, mas é ela que me move.




David Oaski




quinta-feira, 13 de setembro de 2012

NEVERMIND: O CLÁSSICO MAIS IMPROVÁVEL DE TODOS OS TEMPOS



Talvez o último clássico indiscutível de todos os tempos no rock seja o “Nevermind”, da banda norte americana Nirvana. E o curioso é que ele foi produzido sem nenhuma pretensão de sequer fazer sucesso no mainstream. Hoje, vinte e um anos após o lançamento do disco, é possível notar claramente como era improvável que esse álbum se tornasse um clássico da proporção que tomou.

O Nirvana foi formado em 1987, em Aberdeen, Estados Unidos, pelo guitarrista, vocalista e compositor Kurt Cobain e pelo baixista Krist Novoselic. O som da banda era baseado na música alternativa da época, influenciado por bandas conhecidas somente no urderground americano, como Melvins, Vaselines, entre outros.

Após muitas idas e vindas, trocas de nome, inúmeros bateristas, a banda se estabiliza, ao menos temporariamente, com a formação que gravaria o primeiro álbum da banda, “Bleach”, com Kurt na guitarra e vocais, Krist no baixo, Jason Everman na guitarra (que foi creditado por ter bancado o álbum, mas não tocou em nenhuma faixa) e Chad Channing na bateria, com Dale Crover tendo tocado bateria em três faixas. Lançado em 1989, lançado pela gravadora Sub Pop, que se destacava por dar espaço a bandas menos comerciais, e produzido por Jack Endino, o disco foi bem recebido no mercado alternativo norte americano, porém sequer passou perto das paradas comerciais, só alcançando reconhecimento após os lançamento de sucesso da banda, atingindo hoje a marca de álbum mais vendido do catálogo da gravadora.

Apesar de o disco ter sido produzido e gravado rapidamente devido a escassez de recursos e possuir melodias fora do padrão radiofônico da época, com muita distorção, já mostrava o talento do seu front man, Kurt, que já apresentava seu potencial como guitarrista torto que era e compositor de boas melodias e letras obscuras e sombrias. Ali já estavam ótimas canções, como “About A Girl”, que viria a ser sucesso anos depois no Unplugged Mtv in New York, a quase pop “Love Buzz”, a quase punk “Negative Creep” e a estranha “Downer”.

A banda saiu em turnê pelos Estados Unidos e Europa, realizando apresentações de boa repercussão no cenário alternativo, mas nada que lhes apontasse como uma possível sensação do mundo pop, como viria a acontecer muito em breve.

Em 1990, aconteceriam dois fatos que fariam toda diferença no destino da banda: como estavam insatisfeitos com as condições oferecidas pela Sub Pop, resolveram tentar uma investida por uma grande gravadora, conseguindo contrato com a Geffen Records, o que garantiria mais recursos para gravação de um novo álbum e, consequentemente, maior exposição da banda. Além disso, a banda finalmente encontrou o baterista ideal para sua formação, Dave Grohl, um jovem músico recém saído de bandas menores, chegou e dominou as baquetas, sendo o baterista mais talentoso e que permaneceu maior tempo na banda.

Assim, ainda no mesmo ano, eles começam a trabalhar no novo disco, com composições novas e reutilização de músicas que já faziam parte do repertório da banda, porém dessa vez com mais estrutura e recursos financeiros. A banda lança então, em 1991, com produção de Butch Vig, “Nevermind” , que tinha previsão de vender cerca de 250.000 cópias que era o que as bandas alternativas como Sonic Youth vinham vendendo, porém por uma série de fatores inexplicáveis aquela capa com o bebê submerso e uma nota de dólar chamou mais atenção do que o esperado. Aliado, é claro, ao poder das canções, e da surpreendente excelente veiculação do clipe de “Smells Like Teen Spirit”, o Nirvana alcançou status de banda de maior sucesso no mundo no começo da década, desbancando gente do naipe de Metallica, Guns N’ Roses, Iron Maiden e Michael Jackson, ou seja, não era um momento de marasmo na música mundial.

O Nirvana rapidamente virou ícone cultural, lançando moda com as camisas de flanela, cabelos compridos, dando o tom no estilo que viria a ser denominado como grunge, rótulo que a banda sempre desprezou. Com o lançamento e sucesso repentino de Nevermind, a banda puxou consigo toda a cena de Seattle que já possuía algum respeito com o Soundgarden e Mudhoney, mas após o lançamento tudo ficou mais intenso, sendo que todos queriam saber o que havia na água da cidade de onde vinham tantas bandas boas. Gente como Pearl Jam, Alice in Chains, além dos já citados, dificilmente teriam o reconhecimento que tem hoje não fosse o estardalhaço que o disco com o bebê na capa causou.

Avaliando bem, toda surpresa com o sucesso internacional de “Nevermind” era deixada de lado e entendida com uma simples audição do disco, pois as músicas eram fantásticas, todas muito boas. Simples na essência, porém com um feeling gigantesco imposto principalmente por Cobain. Na cola de “Smells Like Teen Spirit”, a banda lançou outro clássico: “Come As You Are”, ambas com aquelas introduções marcantes que anunciam hinos de uma geração. A banda ainda trabalhou mais duas músicas, não menos incríveis: “Lithium”, música com melodia e pegada na medida certa, sem soar apelativa; e “In Bloom”, essa seguindo a mesma linha, uma melodia calcada na linha de baixo, que explodia num refrão explosivo, sendo que para esta a banda lançou duas versões de videoclipe, numa a banda toca comportada num programa de auditório antigo, com direito a imagem em preto e branco, e noutra a banda quebra tudo, cenário, instrumentos e tudo mais que aparecesse.

Além dessas, a banda conseguiu reunir no mesmo disco, o que a maioria das bandas não consegue fazer em anos de carreira, doze músicas num nível altíssimo, com uniformidade sonora, coerência nas composições e o fator que considero mais importante, sem muita vaidade ou prepotência, o que garantiu o som mais honesto possível. Músicas como “Breed”, “Drain You”, “Lounge Act”, “On A Plain”, “Stay Away” ou “Territorial Pissings”, se fossem lançadas como singles com certeza teriam o mesmo sucesso que as que foram lançadas. Ainda havia a pop “Polly” e a soturna “Something In The Way”, que também são ótimas canções.

“Nevermind” não foi concebido pra tomar a dimensão que tomou e talvez por isso mesmo tenha tomado, a banda era talentosa, possuía um repertório com ótimas canções e dominou o mundo, num daqueles acontecimentos sem muita explicação que ocorrem de tempos em tempos no mundo da música. As excentricidades, arrogâncias e prepotências dos artistas que cultuamos muitas vezes são divertidas e alimentam de certa forma o mundo do entretenimento, mas por outro lado, o ponto forte do Nirvana sempre foi esse, não querer parecer o Elton John ou Axl Rose, simplesmente tocar suas canções e agradar quem se identificar, sem se preocupar com pormenores fúteis ou em fazer amizades por interesse. Ninguém esperava que o Nirvana tomasse a proporção que tomou e eles tomaram, porém não fizeram questão nenhuma de se manter no topo, lançando um trabalho ainda mais alternativo na sequencia, “In Utero”.

Esse disco é um daqueles que você ouve de cabo a rabo, faixas avulsas, num momento da vida, em outro e em outro novamente, mas nunca o abandona, esse é o efeito dos clássicos, eles nunca perdem força, ainda mais nesse caso, tendo sido produzido de forma singela e honesta como foi.

Ah, as 250.000 cópias estimadas viraram 30 milhões até os dias de hoje, superando um pouquinho as expectativas, não?



David Oaski

terça-feira, 11 de setembro de 2012

CLUBE DA LUTA


  Nota 10

Clube da Luta é um livro escrito por Chuck Palahniuk lançado em 1996, considerado um dos clássicos recentes da literatura, talvez a principal referência cultural oriunda do universo literário nos anos 90.

O personagem central e narrador da história não tem seu nome revelado pelo autor, porém vai se apresentando como um cidadão padrão, possui um bom emprego, é executivo numa montadora de veículos e cuida dos recalls, faz relatórios, elabora apresentações e todas as chatices inerentes à vida de um executivo. Ele mora sozinho num apartamento, confortável com mobília e equipamentos de primeira qualidade.

Nosso protagonista vem sofrendo com insônia, é engraçado como ele descreve essa situação, dizendo algumas vezes que a insônia te afasta de tudo, você não parece realmente estar sentindo nada, fica blasé às situações do dia a dia. Indo ao médico, ele solicita remédios que facilitem suas noites de agonia, porém o médico diz que ele precisa de sono normal, e recomenda que ele faça mais exercícios para que durma naturalmente.

Ele descobre um jeito surreal de voltar a dormir bem, passa a frequentar grupos de apoio a diversas doenças, como câncer, parasitas cerebrais, entre outras doenças gravíssimas. Nesses grupos de apoio, de uma maneira completamente torta, ele vê que seus problemas são fichinha perto de quem vê a vida escapar de suas mãos um pouco mais a cada dia. Ele ocupa todos os dias da semana, indo a sessões, compartilhando abraços, ouvindo histórias e se sentindo superior aos outros, de certa forma, por não ter nenhuma doença daquelas que todos se lamentavam. No entanto, tudo muda, quando ele nota que uma mulher vem fazendo a mesma sabatina que ele, todos os dias, todos horários, então ambos sabem que são farsantes, mas aquilo tira a paz do narrador, que a partir do momento que a mulher, Marla Singer, entra em cena, volta a sofrer com a insônia e sente uma vontade incontrolável de desmascarar a impostora, mas sempre se lembra que também é um impostor, então hesita, mas consegue se aproximar dela e combina um esquema de revezamento nos grupos, porém a insônia volta e ele acaba se afastando desse hábito.

Entre essas sessões, surge um personagem, Bob, ele é um ex halterofilista que frequenta o grupo de câncer nos testículos. Numa das sessões, o narrador narra de forma curiosa um abraço de Bob e simpatiza com o grandalhão, que se mostra uma figura carismática.

A grande mudança na vida do personagem central se dá quando ele conhece Tyler Durden, um cara carismático, totalmente seguro e sem crença nenhuma no modelo atual da sociedade. O encontro se dá numa praia nudista e os dois se tornam amigos. Numa das viagens a serviço, ao voltar pra casa, o protagonista descobre que seu apartamento havia explodido, num possível vazamento de gás. Ele então pede para Tyler para ir morar junto com ele durante um tempo, então Tyler fala que topa, com uma condição, que ele bata nele o mais forte que puder, nesse momento ambos vão pra fora do bar onde conversavam e após alguma hesitação começam a trocar socos, logo se forma uma roda e todos incentivam e parecem extasiados de empolgação com o que veem, surgia assim, o clube da luta. O que era uma cena patética protagonizada pelos dois, se tornou uma reunião semanal, que iria crescer de forma assustadora nos próximos eventos.

Enquanto os dois moram juntos, é apresentado mais sobre Tyler, ele produz sabão de forma quase artesanal, realizando todo o processo, rendendo um bom dinheiro ao mesmo. Ele também faz bicos de garçom alguns dias na semana, além de trabalhar num cinema projetando os filmes. Nas duas últimas funções, há particularidades sensacionais, sendo que como garçom ele faz questão de cuspir, passar o pau e avacalhar de alguma forma a comida dos granfinos. Há uma passagem genial em que, durante uma festa na casa de um casal milionário, ele põe um bilhete dizendo que mijou em dos perfumes da coleção da dona da casa, despertando a ira da mesma, que quase se mata. Já no cinema, Tyler antes de trocar o rolo de cada sequencia do filme, põe passagens de filmes pornôs, que passam em milésimos de segundo na grande tela, sendo imperceptível aos expectadores, porém captado de alguma forma pela retina, quem sabe, o que vale é o espírito de devastação dele.

Marla Singer passa a ter um caso com Tyler, o que deixa o narrador bastante irritado, pois além de não suportá-la, os gemidos dos dois transando são potentes. Ele estranha que nunca vê os dois juntos com ele, sempre separados, ou um ou outro e percebe que sabe de tudo o que Tyler sabe, como se soubesse da vida dele por inteiro. Porém Marla é muito problemática, assim como todos os personagens do livro, chegando a ligar para o narrador ameaçando se suicidar, de forma que ele estranha o por quê de contatar ele e não Tyler, mas de qualquer forma ele evita a tragédia.

Paralelo a tudo isso, as reuniões do Clube da Luta ficam cada vez mais intensas, com Tyler sendo o principal líder do grupo, ele era respeitado por todos e muito cultuado. Com o crescimento, surge a necessidade de criar algumas diretrizes para garantir o bom andamento do clube, surgem então as sensacionais sete regras do Clube da Luta, que são as seguintes:


  •           Primeira Regra: Você não fala sobre o Clube da Luta;
  •    Segunda Regra: Você não fala sobre o Clube da Luta;
  •    Terceira Regra: Quando alguém diz ‘para’ ou fica inconsciente (mesmo que esteja fingindo) a luta acaba;
  •   Quarta Regra: Só dois caras por luta;
  •    Quinta Regra: Uma luta por vez;
  •   Sexta Regra: Luta-se descalço e sem camisa;
  •  Sétima Regra: As lutas duram o quanto tiverem que durar;
  •  Oitava Regra: Se é sua primeira noite no Clube da Luta, você TEM que lutar.

A descrição das lutas são sensacionais, com boca no concreto, espancamentos brutais e pessoas saindo completamente arrebentadas de seus combates, porém a procura pelo clube cresce continuamente, rompendo com a primeira e segunda regras. O narrador fica sempre fodido, com um ferimento dentro da bochecha que incomoda bastante, mas já se tornou rotina. No trabalho, ele passa mais tempo cuidando do Clube da Luta do que se concentrando na burocracia chata de sua função, ele redige textos escritos à mão por Tyler e tira cópias, numa dessas vezes seu chefe pega um dos papéis e o questiona de forma brusca, o narrador o ameaça mencionando todos os podres da companhia, o que faz seu chefe recuar e nunca mais questionar nada.

Com a ascensão contínua do Clube da Luta, surge um outro movimento também idealizado e gerido por Tyler, o Projeto Desordem e Destruição que constrói uma espécie de exército especializado em destruir, anarquizar com tudo que fosse possível. Os integrantes do grupo vão morar na casa de Tyler e do narrador, onde cada um exerce uma função específica, leem textos encorajadores a destruir a sociedade. O narrador os trata pela alcunha de macacos espaciais devido a forma mecânica como eles agem. O projeto também possui algumas regras que são as seguintes:


  •    Primeira Regra: Você não faz perguntas;
  •   Segunda Regra: Você não faz perguntas;
  •  Terceira Regra: Sem desculpas;
  •  Quarta Regra: Sem mentiras;
  •   Quinta Regra: Você tem que confiar em Tyler.

Ou seja, essas regras fazem com que Tyler tenha controle total da parada e torne a coisa um pouco perigosa, devido à natureza do projeto. Com o avanço do projeto, surgem alguns ataques a prédios, caixas eletrônicos e até algumas autoridades, o que deixa o narrador preocupado, pois além de ter uma série de caras malucos dentro de sua casa, eles estão cometendo delitos.

Nessa altura, Tyler some e o narrador passa a procura-lo em todos os cantos, onde todos sorriem e lhe tratam como rei pela cidade, devido a sua moral como fundador do Clube da Luta, no entanto ninguém sabe de Tyler. Ao que parece ele passa as instruções do Projeto Desordem e Destruição por telefone e não aparece em nenhum Clube da Luta (que já se expandiu país afora) há algum tempo.

Durante a realização de uma tarefa do Projeto Desordem e Destruição ocorre uma morte, era Bob, o amigo de terapia que agora fazia parte da gangue. Esse fato faz o narrador buscar o cancelamento de tudo, tentando cancelar o Clube da Luta, porém sem efeito, chegando inclusive a ser capturado, ameaçado e ser quase castrado, mas foi liberado intacto.

Atenção: Spoiler, se você ainda não leu o livro e gosta de se surpreender durante a leitura, pare por aqui, caso já tenha lido ou não se importe com a emoção da surpresa, continue.

Numa das andanças a procura de Tyler, o narrador chega a um bar, onde ao ser questionado, o funcionário responde se é algum tipo de brincadeira, pois ele é Tyler Durden, inclusive esteve no bar recentemente. Tal informação é uma reviravolta muito grande na história, já que apesar de alguns indícios, estávamos lidando com dois personagens. Após o momento de atordoamento, o narrador chega a conclusão que devido ao seu estado mental deplorável criou uma outra personalidade, que era diferente dele em alguns sentidos, porém um cara que tinha muito em comum, era justamente o cara que ele precisava conhecer naquele momento entediante da vida, então ele o criou. Na verdade, naquele dia no estacionamento do bar, ele estava se estapeando sozinho, era ele quem tinha um caso com Marla, ele possivelmente havia explodido seu apartamento  e ele era o criador e mentor do Clube da Luta e Projeto Desordem e Destruição, por isso era uma espécie de líder espiritual na cidade. O fato mais curioso é que ele mostra seus documentos de identificação a Marla e seu nome sequer é Tyler Durden, porém seu nome verdadeiro não é revelado.

Ele chega à conclusão que nas noites em que ele achava que estava dormindo, na verdade Tyler assumia o controle e ia aos Clubes da Luta e dava as cartas no Projeto Desordem e Destruição. Ele então pede ajuda a Marla para que o mantenha acordado. Tyler volta a surgir e o ameaça dizendo que se ele tomar remédios pra dormir ou inventar de se amarrar na cama terá represálias.

Tyler planeja implantar bombas caseiras feitas com parafina no Museu Nacional, para morrer como um mártir. Porém, Marla e o grupo de apoio chegam e Tyler some, pois ele é uma alucinação do narrador e não dos outros. Quando o narrador volta ao controle, ele percebe que as bombas não foram acionadas, pois como ele diz as feitas com parafina sempre falham. Então o narrador toma uma decisão por conta própria, atira contra si próprio, visando matar Tyler.
No final, ele aparece supostamente num hospital psicológico, pensando estar no paraíso, onde Deus veste um jaleco branco e tudo mais. Nas últimas frases do livro, todos ao seu redor na clínica o parabenizam e dizem que continua tudo certo com Projeto e que a destruição do mundo irá continuar.


Considerações Finais

Lembro de ter visto o filme dirigido por David Fincher ainda criança, pré adolescente e ter ficado fascinado com a forma direta como a história era contada e com a reviravolta no final. Sem contar com as atuações brilhantes de Brad Pitt (Tyler), Edward Norton (Narrador) e Helena Bonham Carter (Marla). Até hoje é um dos meus filmes preferidos, fácil.

Voltei a me interessar por literatura há uns dois anos e então vi que o filme era uma adaptação de um livro, logo quis comprar o mesmo, porém vi que a edição nacional estava esgotada nas grandes redes e o valor nas sebos era muito alto. Quando vi a notícia de que o livro seria relançado pela Editora Leya, fiquei muito feliz e assim que pude, comprei meu exemplar.

O livro é curto, mas a história é sensacional, Chuck Palahniuk é um monstro escrevendo, o texto é ágil, violento e te transporta para aquele universo surreal, além de ter umas frases de impacto sensacionais, que fogem totalmente do bundamolismo atual das redes sociais.

Interessante também é o posfácio dessa edição, em que o autor explica como criou a história, de forma despretensiosa numa tarde entediante no escritório. A ideia surgiu após ele voltar de férias com um ferimento no rosto adquirido numa briga e ninguém sequer ter perguntado o que houve, ou seja, na sua vida pessoal você pode fazer o que bem entender, ninguém liga, desde que você produza. Além disso, até o interesse da adaptação para o cinema, a repercussão do livro era menor, com críticas negativas e enxergando coisas estapafúrdias na história. Porém ele descreve todo crescimento do Clube da Luta como ícone da cultura pop até os dias atuais.

Clube da Luta não é o livro com história mais criativa e genial que já li, mas é o meu favorito até então. Fez muito minha cabeça e é muito meu estilo de leitura.

Se você, como eu, curte a escrita mais direta, até informal certas horas, com certeza você vai se amarrar e só desprender quando encerrar a leitura.

Ainda há quem diga que não lê porque não há nada de interessante na literatura, realmente é de dar pena.

Uma honra ter lido, ou melhor vivido por um período, esse livro.


TYLER VIVE!



David Oaski




segunda-feira, 3 de setembro de 2012

(VOCÊ NÃO É ESSA MERDA TODA NÃO...)



Com o passar do tempo, vamos amadurecendo (ficando bundões) e acabamos por aprender a lidar com certas coisas que não concordamos. Por exemplo, num emprego, você é forçado a conviver com diversos tipos de pessoas, algumas até, que fora dali você não faria questão sequer de olhar na cara, no entanto, por uma questão de necessidade você tem que se adaptar a essas diferenças e tentar conviver da melhor maneira possível em determinado ambiente.

Porém uma coisa que eu ainda não consegui me acostumar é com a arrogância. Esse ego exacerbado que tem gente que insiste em demonstrar por aí. Como se fossem Deus, acham que o mundo gira ao redor do seu umbigo, que todos devem concordar, obedecer e, se possível, bajulá-lo porque ele é melhor que todo mundo.

A vontade que tenho é de perguntar se essa pessoa acha que vai viver pra sempre. Se ela acha mesmo de verdade, que ela vale alguma bosta a mais que todos os outros seres humanos da Terra. Imagina a quantidade de gente que tem no mundo, quanta gente nasce e morre todo dia, por mais que se acredite que a vida é um milagre, nesse plano não somos nada mais do que carne e osso em cima do chão, vestindo roupas e falando baboseiras por aí.

Sei que todos temos nossos egos, nossas vaidades, nosso orgulho, mas não dá pra viver sem saber equilibrar as coisas, por outro lado também devemos ter humildade, sabedoria e noção do lugar que ocupamos, independente de nível cultural, classe social, emprego bom ou ruim, somos pessoas vivendo numa sociedade, e pra manter o giro dessa máquina fluindo bem precisamos ter princípios nobres, bom coração e parar com essa síndrome de protagonismo que invade nossos tempos.

Você não é essa merda toda não, igual a você existem bilhões, todos diferentes entre si, mas compostos da mesma matéria, então antes de estragar o dia de alguém latindo suas asneiras, lembra que o mundo é cíclico e toda energia dispensada volta para nós mesmos, é a lei do eterno retorno amigo. Cospe dejetos que daqui a pouco você toma um banho de merda.



David Oaski