quarta-feira, 27 de março de 2013

A BABAQUICE DOS COMERCIAIS DE CARRO



Pra começar, ao contrário da maioria esmagadora da minha geração não sou viciado em carros. Não sei os nomes, modelos ou marcas da hora, tampouco os lançamentos e últimas novidades do mundo automotivo. Sei o básico, o nome dos carros mais conhecidos, principais marcas e o pouco que vejo em noticiários.

Nunca entendi essa relação que muitos fazem entre ser uma pessoa bem sucedida com ter um carro ultra moderno. É óbvio que todos querem conforto e um carro com bons recursos é algo que todos que tem boas condições almejam ter, mas relacionar diretamente um bem material como se fosse a maior realização pessoal possível é de uma babaquice sem tamanho.

Creio que esse comportamento é estimulado pelos comerciais das grandes companhias, que são sempre veiculados em horários nobres, de alta audiência. Essas propagandas põem sempre homens de personalidade forte, seguros, conquistadores, bonitos, ricos e elegantes, de forma como se ele fosse tudo isso devido ao seu potente carro.

É nessas horas que vemos como a população brasileira (talvez mundial?) anda alienada e como as pessoas são influenciadas por qualquer porcaria. Não vou generalizar também e dizer que não há exceções nos comercias, algumas vezes vemos publicidades realmente criativas como aquela do ‘homem peixe’, mas de um modo geral a maioria usa esse estereótipo do carro como degrau máximo do sucesso.

Sucesso, ao meu ver, é ser lúcido, se sentir bem consigo mesmo, se divertir e fazer tudo aquilo que lhe traz boas sensações, lembrando sempre que a vida é curta e não levamos dinheiro ou bens materiais dessa passagem.

Infelizmente aos olhos da sociedade, essa visão talvez faça sentido, mas aos meus não faz nenhum. Como dizem que toda unanimidade é burra, fico mais tranquilo.



David Oaski

terça-feira, 19 de março de 2013

CUIDADO COM SEUS DESEJOS



- Não tem nada de interessante pra se fazer nessa porra de cidade. – esbravejava constantemente João Lucas.

Todos concordavam. Realmente, o interior de Ignoralândia era de um marasmo só. A vida da cidade se resumia a um outro mini aglomerado de velhinhas falando sobre a vida alheia, coroas jogando bocha e dominó, crianças indo à escola, comércios que duravam anos e a velha rotina que se seguia a séculos.

A vida noturna existia, mas era tosca. As opções eram lamentáveis, giravam em torno de sertanejos universitários, pagodes e funks. Numa ou outra noite bêbado, João e seus amigos acabavam por entrar nesses recintos, sendo que se arrependiam no mesmo instante.

- Eu não acredito que a gente entrou aqui de novo. Essa é a última vez cara, eu juro. – dizia João.

- Ah, para de reclamar cara, a gente já tá aqui. Vamos nos divertir. – respondia um amigo próximo.

Ou seja, além de desconfortável João ainda passava por resmungão.

João Lucas era fã de rock, mas a balada voltada para esse público ficava numa cidade vizinha, a uns 20 quilômetros, e, além disso, seus amigos não eram tão chegados em rock n’ roll, por isso a ida à balada sozinho se tornava deprimente.

Após muito tempo de trabalho, aos vinte e poucos anos João conseguiu se mudar pra uma grande metrópole do país. Agora sim, ele sentia como se tivesse o mundo aos seus pés. Apesar de não ser nenhum galã de cinema, ele acumulava alguns casos amorosos e relacionamentos e agora isso deveria se elevar à décima potência.

Porém pouco tempo após a mudança, já devidamente instalado e adaptado ao ritmo da cidade grande João não se sentia feliz, tampouco realizado, apesar da grande cidade, das diversas opções de lazer, das facilidades sexuais, ele não se sentia contente e isso o deixava completamente frustrado, pois ele havia batalhado e conseguido chegar onde sempre quis estar, porém não se sentia completo.

João enfim percebeu que ele era o problema e não as muletas que ele encontrava e, enquanto não se resolvesse consigo mesmo não seria feliz em lugar nenhum, afinal ele não era um bom lugar. Ele voltou a sua cidade natal e percebeu o quanto de diversão ele havia deixado passar com seu egoísmo e falta de tolerância.

João Lucas chegou à conclusão que saber se divertir é uma arte e finalmente se livrou da tensão que carregava a tanto tempo, gozando de cada momento deixando a arrogância de lado.



David Oaski

sexta-feira, 15 de março de 2013

ME APEDREJEM, MAS EU GOSTO DE CREED



Seguindo a sessão que começou semana passada com o Nickelback, dessa vez falo do Creed, banda norte americana, formada em 1995, por Scott Stapp (vocal), Mark Tremonti (guitarra), Scott Phillips (bateria) e Brian Marshall (baixo).

A banda tem seu som calcado no hard rock e que foi denominado à época como pós grunge, devido a forte influência das bandas de Seattle do começo da década de 90. Porém as influencias da banda vão além, como por exemplo U2, cujo vocalista Scott Stapp já se declarou ser muito fã.

Desde seu primeiro álbum: “My Own Prison”, lançado em 1997, a banda alcançou sucesso comercial, chegando à posição 22 das paradas da Billboard. O disco contem excelentes canções como a faixa título, “What’s This Life For” e “Torn”, essa última que lembra muito os melhores momentos do Alice In Chains.

O sucesso seria maior ainda com o segundo álbum “Human Clay”, de 1999, que continha a pesada “What If” e as clássicas “With Arms Wide Open” e “Higher”. Dessa vez a banda ocuparia o número 1 da Billboard e faturaria um prêmio Grammy.

Com “Weathered”, de 2001, a banda se manteria no topo absoluto da música mundial, sendo que os hits “My Sacrifice”, “One Last Breath” e “Don’t Stop Dancing” não saiam das paradas de rádios e tvs ao redor do mundo.

Após o ápice, chegando a vender 50 milhões de cópias, a banda passou por um declínio, que incluía problemas com drogas por parte de Scott e desentendimentos entre os integrantes. A banda resolve então fazer uma pausa sem previsão de retorno em 2004. Essa pausa deu origem a uma carreira solo pouco produtiva de Scott e os integrantes remanescentes formaram o instável Alter Bridge com Myles Kennedy no vocal.

A banda se entenderia e retornaria somente em 2009, com o álbum “Full Circle”, que recolocou os americanos no topo das paradas com canções características da banda como “Overcome” e “Rain”. Essa reunião resultou também no único registro ao vivo da banda, o “Live In Houston”.

Por ter feito muito sucesso numa época que o rock estava em baixa, muita gente torce a cara ao ouvir falar em Creed, provavelmente confundindo as coisas, hábito que os roqueiros tradicionalistas têm. Não é porque a banda vendeu milhões de cópias que ela é um lixo comercial sem nenhum predicado. O Creed tinha sim músicas voltadas à rádios e Mtv, porém em seus álbuns havia espaço para tudo e fazia isso com muita competência.

Sempre achei Mark Tremonti um baita guitarrista, com um timbre que pode ser reconhecido num simples acorde; Scott também é um vocalista correto, apesar de se comportar como um ator mexicano em alguns momentos, além disso as comparações com Eddie sempre me soaram absurdas, cada um tem seu estilo; a cozinha também sempre foi muito competente, segurando a bronca das melodias pesadas e mais amenas.

Não, o Creed não é minha banda favorita, longe disso. Mas vejo muitos méritos nessa que foi uma das últimas bandas de rock a conseguirem se expandir ao mundo do pop. Resumindo, a banda não é melhor que nenhuma das oriundas de Seattle, mas nem por isso é uma porcaria, pelo contrário, sua discografia é muito consistente e sua carreira possui muitos pontos altos.



David Oaski

quinta-feira, 14 de março de 2013

A FIGURA: JAMES HETFIELD



Mais uma sessão no blog, em que falaremos sobre uma figura marcante da música, cinema, literatura e cultura pop de um modo geral.

Começamos então com James Hetfield, frontman, vocalista e guitarrista de uma das maiores bandas de todos os tempos, o Metallica.

Imagem atual de James
James Alan Hetfield, hoje com 49 anos, possui uma carreira brilhante junto a maior banda de heavy metal de todos os tempos, mas possui uma biografia conturbada, pois como ele gosta de dizer o ciclo de sua vida é ficar bem, ficar deprimido, se recuperar e assim segue.
James teve seu primeiro contato com música em 1972, quando com 9 anos, começou a fazer aulas de piano, porém logo em seguida demonstraria mais interesse pela música pesada, migrando dessa forma para bateria e depois para guitarra, sendo muito influenciado por bandas de hard rock da sua época de criança e adolescente, como Black Sabbath, Motorhead e Aerosmith.

Desde muito cedo, Hetfield percebeu que seu caminho não poderia ser outro senão a música e teve algumas bandas antes de formar o Metallica, porém sem grandes êxitos. No entanto ainda bem jovem, em 1981, aos 18 anos, ao responder um anúncio de jornal de uma baterista chamado Lars Ulrich, em que o mesmo recrutava músicos para uma jam de heavy metal, sua vida mudaria.
Na época do Black Album

Daí em diante sabemos a história, são 9 discos de estúdio, incluindo os clássicos “Metallica” (Black Album) e “Master of Puppets” e algumas das histórias mais emblemáticas do mundo do rock, como a eterna treta com Dave Mustaine; a morte do baixista Cliff Burton num acidente de ônibus no meio de uma turnê europeia; a briga com o Napster nos anos 90; e tantos outros fatos que marcam as mais de três décadas de atividade da banda.

Bem jovem, no início da banda
Na sua vida pessoal, James teve alguns momentos conturbados como a perda da sua mãe, que morreu de câncer por não aceitar o tratamento medicinal confiando na força divina, o que causou sérios problemas emocionais em James, o que influenciou em diversas letras da banda, como na performance emocionante de “Nothing Else Matters” e “The God That Failed”. Além disso, James também teve sérios problemas com alcoolismo, cujo parte do tratamento chega a ser mostrado no documentário “Some Kind Of Monster”. James, hoje um coroa mais sossegado, é casado com a argentina Francesca Hetfield, com quem tem três filhos.

Sempre admirei James por ele não fazer parte daquele grupo de vocalistas espalhafatosos, optando por uma apresentação mais correta, executando com maestria única sua guitarra base, que já garantiu a ele algumas vezes o título de um dos melhores guitarristas do metal, nunca deixando de lado a energia e interação com o público, porém como um cara normal e não uma galinha no cio.

A figura de James me remete a um tempo em que roqueiros eram caras legais e inteligentes e não nerds arrogantes que se acham donos da verdade. Um dos meus heróis no rock, ele consegue unir na dose certa talento, carisma e agressividade, com canções e performances históricas que alimentam a alma daqueles que amam música feita com o coração.



David Oaski





segunda-feira, 11 de março de 2013

QUANTO VALE UMA VIDA?



Nada. A resposta é essa. Simples assim, uma vida humana no mundo de hoje não vale nada, somos só números, vivos ou mortos, não passamos de estatística.

O que me faz chegar a essa conclusão radical? O atropelamento de um morador da periferia que ia trabalhar de bicicleta por um playboy que voltava da balada louco de vodca, arrancando o braço do rapaz e jogando o membro num córrego, impossibilitando o reimplante.

Essa é uma daquelas notícias desagradáveis, que te estragam um dia, que você tem que ler, reler, até assimilar a que ponto chegamos e como o ser humano pode ser cruel e inescrupuloso.
Não quero nem me estender na discussão do cara estar dirigindo bêbado, pois nada justifica o cara ter jogado o braço do outro pela janela. NADA!

Essa sociedade desestruturada confunde tudo. Um indo trabalhar de bicicleta, fica sem braço, o outro playboy bêbado voltando da balada, se bobear nem vai ser preso. Enfim, segue o jogo.

É complicado ter esperança num mundo onde coisas como essa acontecem com cada vez maior frequência e pior, as pessoas cada vez mais encaram com naturalidade tais fatos. Nosso mundo tá muito doente.

Que Deus ponha nossas cabeças no lugar.



David Oaski

sexta-feira, 8 de março de 2013

A NOVIDADE QUE VALE A PENA: STELLABELLA



O Stellabella é uma banda de rock do Rio de Janeiro, formada em 2000 e que hoje possui em sua formação o guitarrista e vocalista André Stella e o baixista e André “China” Mafra.
Ao lado do ex-integrante, o baterista Diego, eles gravaram dois álbuns: “Stellabella”, de 2008, lançado pela Coqueiro Verde; e “Invencível”, de 2012, trazendo um rock cru e cheio de riffs de guitarra potentes, cozinha entrosada e letras que tratam do cotidiano, relacionamentos e melancolia.

A banda começou a fazer barulho na cena carioca, com o lançamento do álbum independente intitulado “Alguém”, de 2007, que viria a se tornar o primeiro álbum. Esse álbum despertou a atenção no underground chegando até o onipresente vocalista do Detonautas Roque Clube, Tico Santa Cruz que os apadrinhou e levou-os à gravadora Coqueiro Verde, onde gravaram o primeiro disco, Tico ainda indicaria a banda para participar do Prêmio Levi’s Music em 2008, tendo ganho a disputa.

Diego, China e André
O primeiro disco da banda possui um clima cinzento, com letras melancólicas, mas demonstrando sempre alguma esperança, as melodias possuem uma levada grunge mesclada com pop que dá um tom bastante pegado ao disco. A faixa “Alguém” tem participação de Tico e é um dos destaques do álbum, ao lado de “Algum Sentido”, “Dor de Cabeça” e a ótima versão acústica de “Às Vezes”, que é um pop radiofônico com ótima letra.

Já no segundo disco (que está disponível pra download na íntegra no Soundcloud), a banda abre ainda mais o leque de suas influências, mantendo a pegada grunge, mas com mais apelo pop, uma pitada de britpop e pós grunge e percebe-se também os vocais de André Stella mais suaves, com mais melodia do que agressividade, ao contrário do álbum anterior. Não pense por isso que o álbum não é pesado, pelo contrário, está mais divertido e amplo no sentido de musicalidade. Tudo continua ali, simples, o power trio, mas com muito mais musicalidade. Os destaques são “Invencível”, “Ela Me Altera” e “Eu Nunca Desisto”.

Quando vi a banda pela primeira vez de cara me lembrei do Nirvana, pois André possui uma certa semelhança física com o falecido líder da banda grunge, Kurt Cobain, além disso, o som também possui muita influência do trio de Seattle, mas vai além. É possível notar ares de Oasis, R.E.M, Foo Fighters, Smashing Pumpkins, num clima bem anos 90, do qual particularmente gosto muito.

Se você não é daqueles que vive por aí dizendo que não existem mais bandas legais no rock nacional, taí uma das provas de que você está falando besteira. O Stellabella é uma ótima banda, com personalidade e que faz um som honesto e tende a evoluir cada vez mais, só esperamos que eles não desanimem com o marasmo da música atual e sigam lutando por seu lugar ao sol, pois talento eles têm de sobra.

                           Confira o Vídeo da bela versão acústica de Às Vezes



David Oaski


quinta-feira, 7 de março de 2013

R.I.P. CHORÃO

Chorão esbravejando suas rimas

A essa altura, você já deve ter recebido uma enxurrada de notícias falando sobre a morte do vocalista do Charlie Brown Jr., Alexandre Magno Abrão, o Chorão, encontrado morto em seu apartamento na cidade de São Paulo ontem, dia 06/03/13.

Fiquei chocado com a notícia e achei melhor aguardar ao menos um dia para tentar organizar os pensamentos e prestar uma merecida homenagem a um cara que com sua música esteve presente em diversos momentos da minha vida.

Ainda novo, no início da banda
Através do Charlie Brown, a voz de Chorão foi trilha sonora constante na minha adolescência e de grande parte da minha geração e está intrinsecamente ligado a boas recordações, momentos divertidos e shows inesquecíveis.

Suas letras podem ser consideradas pelos intelectuais, muito singelas ou voltadas aos adolescentes, mas é inegável que o cara tinha o poder de organizar as letras e melodias da banda e transformá-las em grandes hits, sendo uma das últimas bandas a atrair público de fora do circuito do rock a comprar seus álbuns e ir aos shows. Sobre influência forte do punk rock e do rap, Chorão sempre falou sobre a realidade nua e crua das ruas, diversão, mulheres, putaria, skate, diversão, etc, enfim tudo que aqueles que têm espírito jovem são apaixonados.

Chorão definitivamente tinha o espírito jovem, não tendo deixado morrer aquele pavio de revolta e inconformismo adolescente metendo o foda-se para tudo e para todos. Infelizmente os abusos desse estilo de vida extremo acabaram por lhe custar a vida.

Formação clássica do Charlie Brown Jr.
Por ser do Guarujá, sempre tive muito orgulho da postura do cara, de sempre lembrar de suas origens caiçaras, do estilo de vida desleixado, do jeito de se vestir, de se comportar, da forma como ele dava entrevistas. Enfim, minha formação foi muito influenciada pela geração do rock dos anos 90, com Charlie Brown Jr., Planet Hemp, Raimundos, ainda pegando um pouco de Detonautas e CPM 22. Goste ou não, os caras tinham personalidade e o som era muito honesto e divertido.

Nesses últimos discos da banda fiquei com a impressão de que eles vinham seguindo uma certa fórmula, com baladinhas certeiras para tocar na rádio FM e virar hit de citações em redes sociais, mais ou menos na linha do que o Capital Inicial fez depois do Acústico Mtv. Mesmo assim sempre respeitei a banda e continuei ouvindo meio que por osmose. Com a volta dos integrantes originais Champignon e Marcão fiquei com a esperança de que voltassem a velha forma, mas infelizmente não saberemos o que viria a seguir.

É curioso ver que um cara como o Chorão, popular, idolatrado por no mínimo duas gerações, ficar deprimido, se sentir sozinho e quebrar emocionalmente. Esse fato leva a uma reflexão inevitável de que isso pode acontecer com qualquer um e que definitivamente essas doenças que influem o nosso lado psicológico são o mal da nossa geração.

Ao invés de cultivar essa lembrança triste do fim da vida do cara, levarei a lembrança de toda destreza do cara comandando a plateia e de todas as letras e mensagens de positividade deixadas ao longo dos vinte anos de banda.

Descansa em paz Chorão.



David Oaski



quarta-feira, 6 de março de 2013

RESENHA: FILADÉLFIA



Nota: 8,5

Ao ler uma matéria a cerca de um mês na Rolling Stone Brasil sobre a excelente trajetória de Tom Hanks nos anos 90, começando com “Filadélfia” e terminando com “A Espera de um Milagre” criei uma curiosidade por alguns dos filmes que ainda não havia assistido, e o primeiro que busquei foi Filadélfia.

O filme lançado em 1993, dirigido por Jonathan Demme (o mesmo de “Silêncio dos Inocentes”), mostra o drama de Andrew Beckett (Hanks), um advogado que é sabotado e mandado embora de seu emprego devido ao preconceito de seus chefes ao suspeitarem que ele está com AIDS.

Beckett (Hanks) e Miller (Washington)
No início do filme, vemos Andrew saudável, porém já começando a apresentar os primeiros sintomas da doença, como manchas no corpo e dores de barriga. Andrew opta por não se abrir com ninguém na empresa sobre sua sexualidade e sua doença temendo pelo preconceito que as revelações trariam.

Durante um período de ausência de Andrew devido às complicações em decorrência da doença, seus chefes forjam o desaparecimento de um arquivo essencial de um processo e usam esse argumento para demitirem o rapaz.

Andrew e seu parceiro Miguel (Antonio Banderas)
Andrew então sai em busca de um advogado para processar a empresa, alegando que seus chefes lhe demitiram por ele ser gay e ter o vírus da AIDS e não por ser irresponsável como os mesmos estavam alegando. Após o caso ser recusado por nove advogados, Andrew encontra Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro e homofóbico, que após alguma relutância acaba aceitando o caso.

Daí por diante, a maior parte do filme segue no tribunal, com os funcionários e gestores depondo, incluindo uma portadora do vírus HIV de uma outra filial da empresa e claro o próprio Andrew, que chega a sair desmaiado de uma das audiências, já extremamente debilitado pela doença. Algumas passagens do julgamento são muito impactantes sempre com Joe encabeçando-as, como quando ele interroga os gestores da empresa e os questiona se eles são gays e pede algumas explicações como se ele tivesse 6 anos de idade. Mas a passagem mais emocionante é definitivamente quando Joe pede que Andrew mostre seu tórax, onde há marcas da doença.

Entre o julgamento vemos cenas de Joe conversando com sua esposa sobre o caso; Andrew discutindo com seu parceiro Miguel (Antonio Banderas) sobre pular o tratamento uma noite; além de todo o apoio da família de Andrew para com a sua luta; e Andrew recitando a tradução de uma ópera para Joe durante um ensaio para o interrogatório, numa das passagens mais emocionantes do filme.
Pouco antes de falecer, Andrew vence o caso, com uma indenização polpuda.


Dizem que Tom Hanks perdeu 20 quilos para interpretar
Andrew no estágio avançado da doença
Considerações Finais

O filme ganhou dois Oscar em 1994, um de melhor ator para  Tom Hanks e outro de melhor canção original por “Streets of Philadelphia”, do Bruce Springsteen e realmente trata-se de um grande filme.

 Hoje em dia, as novas gerações não tem a real noção do que foi o vírus da AIDS no seu início, pois as informações eram limitadas e não era sabido como se dava a transmissão do vírus. Além disso, muitas verdades eram desmentidas de tempos em tempos no que diz respeito à doença, tornando até certo ponto compreensível a posição dos que temiam a convivência com portadores da doença. Vale lembrar que como o tratamento era pouco eficaz na época, os remédios davam apenas uma sobrevida aos enfermos, sendo que um resultado positivo para o vírus HIV era o mesmo que uma sentença de morte. Dessa forma, o filme ajudou a humanizar os portadores da doença e fazer com que o preconceito fosse reavaliado por muitos.

O mais estranho é que parece que o tempo esqueceu esse ótimo filme, pois há quanto tempo não vemos o longa passando em tv aberta, ainda mais se tratando de atuações fantásticas de Tom Hanks e Denzel Washington, dois dos grandes atores da história do cinema do norte americano.

Além de possuir uma excelente história, Filadélfia é um filme envolvente que te prende de uma forma comovente do início ao fim. Filmes assim estão cada vez mais escassos hoje em dia.



David Oaski


segunda-feira, 4 de março de 2013

ME APEDREJEM, MAS EU GOSTO DE NICKELBACK



Inauguro agora uma sessão aqui blog reservada ao meu próprio apedrejamento. Sim, aqui revelarei gostos pouco convencionais para um roqueiro true, já que sou um poser (sic).

A primeira banda que escolhi é uma que com certeza irá me garantir muitos xingamentos. Trata-se do Nickelback, banda canadense formada em 1995, mas que só alcançou o reconhecimento mundial após seu terceiro álbum de estúdio: “Sliver Side Up”, de 2001, que continha a balada arrasa quarteirão “How You Remind Me”, além das ótimas “Never Again” e “Too Bad”. O som da banda possui influências de grunge, rock clássico e hard rock.

Desde então a banda lançou mais quatro álbuns: “The Long Road”, de 2003; “All The Right Reasons”, de 2005; “Dark Horse”, de 2008; e “Here and Now”, de 2011. Todos repletos de canções fortes, honestas e hits de ótima repercussão, como “Someday”, “Photograph”, “Far Away”, “This Means War”, entre outras.

Todo o sucesso elevou os canadenses à condição de rockstars, o que incomodou boa parte da ala mais tradicionalista do rock, mas sempre achei a banda talentosa e honesta no que se propunha a fazer: um rock, ora enérgico, ora com baladas, voltado às rádios FM.

Realmente talvez o Nickelback não merecesse toda a exposição que tiveram, mas diante do marasmo em que o rock se encontrava, creio que eles tenham sido importantes, pois bem ou mal trouxeram alguma atração para o pop rock.

Como já comentei outras vezes aqui no blog, creio que muitas pessoas tenham má vontade com certas bandas só porque estas tem boa exposição na mídia, outros realmente acham o Nickelback uma porcaria e tem todo direito de assim pensar, só me incomoda o preconceito.

Ao ver o anúncio do Nickelback no Rock in Rio em que muitas pessoas torceram o nariz, eu pelo contrário achei muito legal, pois é muito melhor assistir a um show dos canadenses do que Britney Spears, Beyonce ou Cláudia Leite.





David Oaski