Nota: 8,0
Há algum tempo ouvi falar sobre o documentário “Raul – O
Início, O Fim e o Meio”, lançado ano passado, porém só tive oportunidade de
assisti-lo no Youtube pouco tempo atrás.
O filme tem pouco mais de duas horas de duração e conta
através dos parceiros musicais e parceiras afetivas de Raul Seixas, sua
história pessoal e musical.
Como o título sugere vemos desde Raul ainda garoto se
interessando por Elvis Presley e músicos do Nordeste, passando por gravações
precárias do cantor ainda criança, já anunciando sua paixão por rock n’ roll.
Seu visual também era totalmente inspirado no rei do rock, com indumentária
igual e topete impecável.
Sua primeira banda de destaque, como se sabe, foi Raulzito e
os Panteras, que logo ganhou destaque no seu estado natal, a Bahia, após se
transferindo para São Paulo, Raul trabalhou como produtor musical durante algum
tempo, porém na primeira oportunidade que teve gravou seu primeiro disco. Ao
lado de Edy Star, Miriam Batucada e Sérgio Sampaio lançou em 1971: “Sociedade
da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez” que já dava sinais do que
viria a seguir na carreira do baiano.

Com relação à vida pessoal, o filme mostra Raul de verdade,
sem se mostrar chapa branca em nenhum momento, relatando como ele era um cara
extremamente carismático, mas acumulava relações afetivas complexas, que
acabaram por afastá-lo de suas três filhas. As ex-parceiras demonstram muito
carinho e afeto por Raul, mesmo com as relações conturbadas e traições, ele era
um cara gentil e atencioso.
O filme trata também dos conhecidos e contínuos problemas de
Raul com álcool e seu envolvimento com outras drogas, fala também de seu
envolvimento com seitas satânicas que adoravam a obra de Aleister Crowley.
Interessante notar essa parte mais sombria da vida do cantor.

O filme segue a risca o título e refaz os últimos passos de
Raul no apartamento em que ele faleceu em 1989, com depoimentos de sua
empregada, Marta e do porteiro que ajudou o músico a subir no elevador de tão
debilitado que o mesmo estava.
Apesar de longo, o documentário mostra todas as fases da vida
do Maluco Beleza, passando pela sua vida pessoal e artística, com depoimentos
daqueles que passaram diretamente pela sua vida e fizeram parte de sua
história. Além disso, Raul aparece como um ser humano, com falhas e defeitos, e
não como um herói inatingível como muitas vezes tentamos pintar nossos ídolos.
Vale como registro definitivo da vida e obra deste que foi,
sem dúvida, um dos maiores artistas nascidos na nossa terra.
David Oaski