A banda brasiliense Madrenegra surge na contramão de seus
contemporâneos, como uma antítese do discurso adolescente de shopping que
ouvimos na rádio. Marcelo Marcelino: vocais; Nicko Roriz: baixo; Leandro
Mathiolle: bateria; e Dervan Soares: guitarram fundaram a banda em 2011, na
periferia da capital nacional, terra de bandas clássicas do Brasil, como Plebe
Rude, Legião Urbana e Capital Inicial. Os caras realmente incorporam o discurso
de seus antecessores, talvez seja a proximidade do congresso que desperte a ira
das bandas da região, afinal de perto o contraste social deve ser muito mais
nítido.
Até o momento, a Madrenegra lançou um EP intitulado “Todo
Sonhador É Viciado Em Esperança”, de 2012, com quatro músicas que expressam
revolta e protesto através de melodias pesadas que remetem às bandas que
misturam rock com rap, como Rage Against The Machine e todo o movimento new
metal. As quatro faixas que incluem a faixa título, “Malandro Voador”, “Sorria
Pra Entender A Ironia” e “Coração de Plástico” que são bons cartões de visita
do que a banda tem a dizer. As melodias de guitarra são pesadas, com riffs
rápidos e peso constante, a cozinha também é bastante entrosada, garantindo um
bom entorno para os vocais de Marcelo, soltando frases de efeito que bradam
contra uma sociedade doente.
É muito salutar para o rock nacional que bandas com os ideais
como os da Madrenegra ganhem cada vez mais espaço, nem que seja em festivais e
nas redes sociais, pois remete a um rock com conteúdo, que faz pensar, que põe
o dedo nas feridas da sociedade, contestando, questionando e protestando sempre
que necessário. São cada vez mais escassas as bandas que carregam consigo uma
ideologia, o que gera uma série de grupos sem essência que até podem acertar a
mão em uma ou outra composição, mas com conteúdo raso nada dura, entra por um ouvido
e sai pelo outro.
Por bandas de rock que tenham o que dizer.
David Oaski
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