sexta-feira, 17 de maio de 2013

A NOVIDADE QUE VALE A PENA: MADRENEGRA



Houve um tempo no rock nacional que as bandas trabalhavam em suas letras e faziam questão de passar uma mensagem em suas canções, fossem elas de protesto, de amor ou diversão, sendo que as principais bandas usavam uma linguagem adulta, que ia além de rimar amor com dor. Esse é o grande problema da maior parte dos representantes do rock nacional atualmente, ele foi infantilizado pela geração de nomes como Fresno e NX Zero.

A banda brasiliense Madrenegra surge na contramão de seus contemporâneos, como uma antítese do discurso adolescente de shopping que ouvimos na rádio. Marcelo Marcelino: vocais; Nicko Roriz: baixo; Leandro Mathiolle: bateria; e Dervan Soares: guitarram fundaram a banda em 2011, na periferia da capital nacional, terra de bandas clássicas do Brasil, como Plebe Rude, Legião Urbana e Capital Inicial. Os caras realmente incorporam o discurso de seus antecessores, talvez seja a proximidade do congresso que desperte a ira das bandas da região, afinal de perto o contraste social deve ser muito mais nítido.
Capa do EP da banda

Até o momento, a Madrenegra lançou um EP intitulado “Todo Sonhador É Viciado Em Esperança”, de 2012, com quatro músicas que expressam revolta e protesto através de melodias pesadas que remetem às bandas que misturam rock com rap, como Rage Against The Machine e todo o movimento new metal. As quatro faixas que incluem a faixa título, “Malandro Voador”, “Sorria Pra Entender A Ironia” e “Coração de Plástico” que são bons cartões de visita do que a banda tem a dizer. As melodias de guitarra são pesadas, com riffs rápidos e peso constante, a cozinha também é bastante entrosada, garantindo um bom entorno para os vocais de Marcelo, soltando frases de efeito que bradam contra uma sociedade doente.

É muito salutar para o rock nacional que bandas com os ideais como os da Madrenegra ganhem cada vez mais espaço, nem que seja em festivais e nas redes sociais, pois remete a um rock com conteúdo, que faz pensar, que põe o dedo nas feridas da sociedade, contestando, questionando e protestando sempre que necessário. São cada vez mais escassas as bandas que carregam consigo uma ideologia, o que gera uma série de grupos sem essência que até podem acertar a mão em uma ou outra composição, mas com conteúdo raso nada dura, entra por um ouvido e sai pelo outro.

Por bandas de rock que tenham o que dizer.






David Oaski

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