Nota: 8
Após dez anos desde sua formação, a banda norte americana The
Killers retorna com seu quarto disco, “Battle Born”, mostrando o porque são
considerados uma das melhores e mais influentes bandas surgidas no século XXI.
Não seria correto usar o clichê de dizer que a banda voltou
mais madura, pois o lançamento anterior, “Day & Age” já trazia essa
característica na banda de Brandon Flowers (vocais e sintetizador), Dave
Keuning (guitarra), Ronnie Vannucci (bateria) e Mark Stoermer (baixo). A banda
passou por um hiato após o término da turnê do álbum citado e a pausa parece
ter surtido efeito, pois soa moderna e honesta, sem perder a pegada pop que os
consagrou no começo da década passada com hits como “Somebody Told Me” e “Mr.
Brightside”, ambas presentes do debut da banda, “Hot Fuss”.
Sabe-se que o entendimento entre os músicos da banda passa
longe do ideal, já que Flowers e Vannucci tem constantes conflitos de egos, mas
ao que parece, as diferenças foram postas de lado e a banda conseguiu produzir
um excelente disco, com potencial para entrar na lista de melhores do ano,
fácil.
O disco abre com a tríade formada pelas faixas “Flesh and
Bone”, “The Runnaways” e “The Way It Was”, sendo a primeira uma ótima escolha
para abrir o disco, pois inicia com teclados, seguidos pelo vocal apurado de
Brandon, vai ganhando forma até chegar num refrão em coro, com alterações no
andamento no decorrer da música. A segunda é uma das melhores músicas do ano, e
foi lançado como primeiro single, possui as já tradicionais camadas sonoras
emoldurando a canção, a letra é boa, enfim, uma canção pop perfeita, com ótima
melodia e refrão poderoso, funcionando tanto nas pistas de dança como no seu
playlist rotineiro. A terceira tem uma letra melancólica e as linhas vocais
transmitem bem isso, nesta o andamento é mais calcado nas guitarras, baixo e
bateria, dando maior espaço para os sintetizadores somente no refrão. As três
músicas tem grande potencial radiofônico e cheiram a hits.
O play segue com uma balada romântica bem encaixada chamada “Here
With Me”, com um refrão de belas palavras: “Don’t want your Picture on my cell phone
/ I want you here with me. Sem cair para um lado piegas, a melodia consegue
transmitir com suavidade e doçura o que letra pede. O rock “A Matter Of Time”
retorna o clima de rock de arena, onde é possível imaginar o público num desses
festivais com apresentações no fim de tarde, batendo palmas e cantando o refrão
a plenos pulmões junto com a banda. O pop volta com tudo em “Deadlines And
Commitments”, abusando dos sintetizadores e com um andamento mais arrastado, a
canção poderia facilmente estar num disco do Duran Duran, por exemplo. Aqui
vale um destaque para os vocais de Brandon que soam impecáveis na gravação, ao
que parece ele se encontrou como cantor, aguardemos pra ver se ele manterá a
performance ao vivo.
É impossível não relacionar o título de “Miss Atomic Bomb” a “Mr.
Brightside”, nesta a senhora bomba atômica remete a um clima de andanças de
carro numa noite qualquer, refletindo sobre os problemas e soluções da vida num
clima nostálgico. “The Rising Tide” mantem o clima da canção anterior, porém
com maior destaque para as guitarras, rolando inclusive um solo de Dave
Keuning, dando maior peso à música. “Heart Of A Girl” é outra balada romântica,
que inicia com Flowers cantando quase à capela, com um leve acompanhamento da
guitarra e segue como uma canção que a ala feminina de fãs do The Killers
certamente irá se agradar bastante.
Há uma mudança na linha das canções com “From Here On Out”,
outra das melhores do disco, com um andamento rápido, resvalando em influências
country e folk, com ótimo acompanhamento das guitarras e sintetizadores, surge
uma bela canção pop. Voltando a quebrar um pouco o ritmo, vem “Be Still”, outra
canção melancólica / romântica, com maior destaque para o tema de teclado sobre
a voz de Brandon, conta ainda com uma bateria eletrônica, dando um ar de música
eletrônica dos anos noventa à canção.
O álbum encerra com a faixa título, “Battle Born” que é outro
ponto alto do disco, traz na letra um discurso sobre as dificuldades do mundo
atual e como temos de supera-las, poderia ser uma letra de Bruce Springsteen.
Aqui surge um pouco de tudo, condensado na canção, trechos cantados de forma
suave, outros em coro, camadas sonoras, alternando destaque com a guitarra, trata-se
de mais uma música que certamente terá grande destaque nos shows da banda.
A edição Deluxe do álbum traz ainda as faixas “Carry Me Home”,
uma versão alternativa de “Flesh And Bone” e “Prize Fighter”, todas com um
clima de música pop para pista de dança, sem exageros, divertidas e
contagiantes.
Senhoras e senhores, o The Killers está de volta, com tudo
que se espera de um excelente disco pop, grandes canções, boas letras, banda
entrosada, tocando músicas agradáveis para ouvir praticamente em qualquer
momento do seu dia a dia. Goste ou não, o Killers é uma das bandas mais
importantes surgidas no novo século, com lançamentos que vêm mantendo uma
regularidade imensa e se mantendo popular, sem perder a essência da banda.
Um dos melhores lançamentos do ano até aqui.
David Oaski
Muito boa crítica. Concordo em praticamente tudo.
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