quinta-feira, 13 de setembro de 2012

NEVERMIND: O CLÁSSICO MAIS IMPROVÁVEL DE TODOS OS TEMPOS



Talvez o último clássico indiscutível de todos os tempos no rock seja o “Nevermind”, da banda norte americana Nirvana. E o curioso é que ele foi produzido sem nenhuma pretensão de sequer fazer sucesso no mainstream. Hoje, vinte e um anos após o lançamento do disco, é possível notar claramente como era improvável que esse álbum se tornasse um clássico da proporção que tomou.

O Nirvana foi formado em 1987, em Aberdeen, Estados Unidos, pelo guitarrista, vocalista e compositor Kurt Cobain e pelo baixista Krist Novoselic. O som da banda era baseado na música alternativa da época, influenciado por bandas conhecidas somente no urderground americano, como Melvins, Vaselines, entre outros.

Após muitas idas e vindas, trocas de nome, inúmeros bateristas, a banda se estabiliza, ao menos temporariamente, com a formação que gravaria o primeiro álbum da banda, “Bleach”, com Kurt na guitarra e vocais, Krist no baixo, Jason Everman na guitarra (que foi creditado por ter bancado o álbum, mas não tocou em nenhuma faixa) e Chad Channing na bateria, com Dale Crover tendo tocado bateria em três faixas. Lançado em 1989, lançado pela gravadora Sub Pop, que se destacava por dar espaço a bandas menos comerciais, e produzido por Jack Endino, o disco foi bem recebido no mercado alternativo norte americano, porém sequer passou perto das paradas comerciais, só alcançando reconhecimento após os lançamento de sucesso da banda, atingindo hoje a marca de álbum mais vendido do catálogo da gravadora.

Apesar de o disco ter sido produzido e gravado rapidamente devido a escassez de recursos e possuir melodias fora do padrão radiofônico da época, com muita distorção, já mostrava o talento do seu front man, Kurt, que já apresentava seu potencial como guitarrista torto que era e compositor de boas melodias e letras obscuras e sombrias. Ali já estavam ótimas canções, como “About A Girl”, que viria a ser sucesso anos depois no Unplugged Mtv in New York, a quase pop “Love Buzz”, a quase punk “Negative Creep” e a estranha “Downer”.

A banda saiu em turnê pelos Estados Unidos e Europa, realizando apresentações de boa repercussão no cenário alternativo, mas nada que lhes apontasse como uma possível sensação do mundo pop, como viria a acontecer muito em breve.

Em 1990, aconteceriam dois fatos que fariam toda diferença no destino da banda: como estavam insatisfeitos com as condições oferecidas pela Sub Pop, resolveram tentar uma investida por uma grande gravadora, conseguindo contrato com a Geffen Records, o que garantiria mais recursos para gravação de um novo álbum e, consequentemente, maior exposição da banda. Além disso, a banda finalmente encontrou o baterista ideal para sua formação, Dave Grohl, um jovem músico recém saído de bandas menores, chegou e dominou as baquetas, sendo o baterista mais talentoso e que permaneceu maior tempo na banda.

Assim, ainda no mesmo ano, eles começam a trabalhar no novo disco, com composições novas e reutilização de músicas que já faziam parte do repertório da banda, porém dessa vez com mais estrutura e recursos financeiros. A banda lança então, em 1991, com produção de Butch Vig, “Nevermind” , que tinha previsão de vender cerca de 250.000 cópias que era o que as bandas alternativas como Sonic Youth vinham vendendo, porém por uma série de fatores inexplicáveis aquela capa com o bebê submerso e uma nota de dólar chamou mais atenção do que o esperado. Aliado, é claro, ao poder das canções, e da surpreendente excelente veiculação do clipe de “Smells Like Teen Spirit”, o Nirvana alcançou status de banda de maior sucesso no mundo no começo da década, desbancando gente do naipe de Metallica, Guns N’ Roses, Iron Maiden e Michael Jackson, ou seja, não era um momento de marasmo na música mundial.

O Nirvana rapidamente virou ícone cultural, lançando moda com as camisas de flanela, cabelos compridos, dando o tom no estilo que viria a ser denominado como grunge, rótulo que a banda sempre desprezou. Com o lançamento e sucesso repentino de Nevermind, a banda puxou consigo toda a cena de Seattle que já possuía algum respeito com o Soundgarden e Mudhoney, mas após o lançamento tudo ficou mais intenso, sendo que todos queriam saber o que havia na água da cidade de onde vinham tantas bandas boas. Gente como Pearl Jam, Alice in Chains, além dos já citados, dificilmente teriam o reconhecimento que tem hoje não fosse o estardalhaço que o disco com o bebê na capa causou.

Avaliando bem, toda surpresa com o sucesso internacional de “Nevermind” era deixada de lado e entendida com uma simples audição do disco, pois as músicas eram fantásticas, todas muito boas. Simples na essência, porém com um feeling gigantesco imposto principalmente por Cobain. Na cola de “Smells Like Teen Spirit”, a banda lançou outro clássico: “Come As You Are”, ambas com aquelas introduções marcantes que anunciam hinos de uma geração. A banda ainda trabalhou mais duas músicas, não menos incríveis: “Lithium”, música com melodia e pegada na medida certa, sem soar apelativa; e “In Bloom”, essa seguindo a mesma linha, uma melodia calcada na linha de baixo, que explodia num refrão explosivo, sendo que para esta a banda lançou duas versões de videoclipe, numa a banda toca comportada num programa de auditório antigo, com direito a imagem em preto e branco, e noutra a banda quebra tudo, cenário, instrumentos e tudo mais que aparecesse.

Além dessas, a banda conseguiu reunir no mesmo disco, o que a maioria das bandas não consegue fazer em anos de carreira, doze músicas num nível altíssimo, com uniformidade sonora, coerência nas composições e o fator que considero mais importante, sem muita vaidade ou prepotência, o que garantiu o som mais honesto possível. Músicas como “Breed”, “Drain You”, “Lounge Act”, “On A Plain”, “Stay Away” ou “Territorial Pissings”, se fossem lançadas como singles com certeza teriam o mesmo sucesso que as que foram lançadas. Ainda havia a pop “Polly” e a soturna “Something In The Way”, que também são ótimas canções.

“Nevermind” não foi concebido pra tomar a dimensão que tomou e talvez por isso mesmo tenha tomado, a banda era talentosa, possuía um repertório com ótimas canções e dominou o mundo, num daqueles acontecimentos sem muita explicação que ocorrem de tempos em tempos no mundo da música. As excentricidades, arrogâncias e prepotências dos artistas que cultuamos muitas vezes são divertidas e alimentam de certa forma o mundo do entretenimento, mas por outro lado, o ponto forte do Nirvana sempre foi esse, não querer parecer o Elton John ou Axl Rose, simplesmente tocar suas canções e agradar quem se identificar, sem se preocupar com pormenores fúteis ou em fazer amizades por interesse. Ninguém esperava que o Nirvana tomasse a proporção que tomou e eles tomaram, porém não fizeram questão nenhuma de se manter no topo, lançando um trabalho ainda mais alternativo na sequencia, “In Utero”.

Esse disco é um daqueles que você ouve de cabo a rabo, faixas avulsas, num momento da vida, em outro e em outro novamente, mas nunca o abandona, esse é o efeito dos clássicos, eles nunca perdem força, ainda mais nesse caso, tendo sido produzido de forma singela e honesta como foi.

Ah, as 250.000 cópias estimadas viraram 30 milhões até os dias de hoje, superando um pouquinho as expectativas, não?



David Oaski

4 comentários:

  1. Legal o post .... vc gosta de NIRVANA ??????

    beijokas da YASMIM

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  2. Oi Yasmim, claro. Uma das bandas que mais gosto.
    Tens facebook?

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  3. Gostei muito do seu post, bgd por compartilhar. Estava só procurando a capa do nevermind por ser meu disco predileto. Musica boa supera qualquer expectativa.

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