Nota: 6,5
O Glória é
uma banda brasileira, formada em São Paulo, no ano de 2002. O grupo se
caracteriza desde o princípio por fazer um som mais pesado que as bandas
contemporâneas, como NX Zero, Fresno, entre outras, no entanto os rótulos para
definir o som do Glória são diversos, já tendo sido mencionado como screamo,
metalcore, hardcore, pop, entre outros.
Creio que a
definição mais correta seja realmente o metalcore, pois os vocais guturais do
vocalista principal Maurício, alternado com os vocais limpos do guitarrista Elliot,
unido ao som pesado, rápido e coeso da banda, lembrando muito o Avenged
Sevenfold, por exemplo, com a diferença fundamental das letras em português.
Nesse último
disco, a banda soa mais pesada do que nunca, se libertando das amarras do
controverso produtor Rick Bonadio, mentor do último lançamento da banda,
“Gloria”, de 2009, onde a banda soava mais pop, tentando atingir um público
maior.
Em (Re)
Nascido, lançado em Maio desse ano, o Glória volta com agressividade e melodia
na medida certa, com total autonomia na composição e autoria das canções, a
banda parece ter encontrado sua identidade, com influência citada de Lamb of
God,Trivium e Mastodon, o som da banda amadureceu, com mais harmonia e canções
mais fluentes.
O disco abre
com “Bicho do Mato” e já dá o tom do que está por vir, ritmo acelerado, gritos
e agressividade, harmonizando com os vocais limpos, porém sem amenizar na
porrada.
Na sequência
vem “É Tudo Meu”, um esporro que poderia ter sido gravado por qualquer uma das
bandas do gênero na atualidade. A letra é tão pesada quanto a música com
direito a xingamentos, provavelmente direcionados a uma pessoa egoísta que se
exime sempre da sua culpa. Detalhe que nessa música há somente os vocais
guturais, não dando espaço a voz mais pop de Elliot.
A seguir vem
o primeiro single lançado após o lançamento oficial do álbum, “Arte De Fazer
Inimigos”, cuja letra é uma parceria improvável com Lucas Silveira, da Fresno
(?!). A música é uma das melhores do play, novamente com vocais alternados,
sendo os limpos no refrão, com Maurício dizendo que é muito bom em fazer
inimigos. Destaque para o baterista Eloy Casagrande, que deixou a banda para
tocar no Sepultura, mas gravou todo o álbum. A banda lançou um videoclipe para
essa canção que está tendo ótima repercussão na Mtv.
“Presságio”
inicia como uma ópera, com um violino, seguido com uma porrada, é uma das mais
pesadas do disco e um dos destaques. Possui um refrão marcante e andamento
próximo ao hardcore, sempre alinhado ao vocal gritado de Mauricio, dando vez
aos vocais limpos no refrão. No final da música, a banda reduz o andamento, o
violino retorna para novamente voltar ao hardcore, dessa vez com o violino
sobreposto.
“Só Eu Sei?”
se destaca pela letra, uma espécie de protesto revoltado contra tudo que se
desmorona ao seu redor. Nessa música incomoda um pouco o excesso dos vocais
limpos, pelo peso e letra da música, encaixaria melhor a agressividade
permanente na música.
“Desalmado”
inicia com as guitarras entrelaçadas de Elliot e Peres (guitarra solo),
seguindo com vocal gutural, o vocal limpo é diferente, não consegui identificar
se é feito por Elliot, mas não parece. A letra fala sobre alguém totalmente
desprezível, com um “odeio você” meio infantil repetido a esmo de forma
desnecessária.
A faixa 7,
“Pétalas”, inicia com alguns acordes de guitarra bem suaves, anunciando o verso
gritado por Maurício, seguido no verso seguinte pelos vocais limpos de Elliot.
Essa faixa lembra mais o Gloria pop do disco anterior, com maior espaço para os
vocais limpos, letra sobre relacionamento e tudo mais. O destaque da música é
um bom solo de guitarra executado por Peres.
A faixa
título “(Re)Nascido” começa com um ótimo riff que ganha companhia da guitarra
base logo na sequencia. Novamente uma canção com pegada hardcore e letra com
discurso motivacional, típico das bandas atuais. Outro destaque do disco.
“Grito”
segue a linha de outras músicas do disco, soando repetitiva, novamente uma
pegada rápida e letra não muito inspirada. Há uma virada, com Maurício
gritando, voltando para um último ‘desabafo’.
“Sangue” foi
o primeiro single, lançado antes da liberação do disco. Tem um andamento mais
aproximado do metal, com a letra seguindo uma temática mais densa. Novamente
destaque para o baterista Casagrande espancando seu instrumento com bons riffs
de Peres. Outra das melhores faixas do disco.
Fechando o
disco, vem “Horizontes”, com um início suave e Maurício fugindo das suas
características cantando de forma suave os primeiros versos, para voltar a
gritar, anunciando o refrão de Elliot. Possui boas passagens de guitarra e é
uma faixa que se diferencia das outras e foi uma ótima escolha para encerrar o
álbum.
Ao final da
audição, percebe-se que o Gloria não é uma banda genial ou revolucionária, mas
tem seu valor no que se propõe a fazer e tem seu mérito no cenário
atual do rock nacional. Pois fazer um som agressivo e pesado, com letras em
português, com competência não é pra qualquer banda.
Ainda há
quem tenha preconceito devido ao visual dos caras, por vezes são tachados de
emos, porém como sempre digo o importante é o som e nisso eles estão evoluindo
a cada disco.
Confesso que
me incomoda o excesso na utilização dos vocais limpos de Elliot, creio que o
ponto forte seja realmente a agressividade, além disso, o formato das músicas
por vezes ainda soa repetitivo, revezando agressividade, melodia no refrão, um
intervalo pras guitarras, uma virada e o ciclo se repete. No entanto, o disco é
provavelmente o melhor da carreira dos caras e se você gosta dessa praia do
metalcore, com certeza irá curtir o trabalho.
A arte de
fazer inimigos do Gloria realmente procede, pois os headbangers acham que eles
são posers, enquanto muitos rockers os acham pesados demais, as rádios também. O que eu
acho? Que cada um tem que ouvir e tirar suas conclusões, independente de
rótulos ou preconceitos.
David Oaski
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