Nota: 7,5
Quem foi criança / adolescente nos anos 90, ouviu até furar
os discos “Americana” (1998) e “Conspiracy of One” (2000), do Offspring. Além
dos discos citados, a banda ainda acumula outros clássicos na carreira, como
“Smash” (1994) – o disco independente mais vendido de todos os tempos – e
“Ignition” (1992).
A banda retorna em 2012, com “Days Go By”, quatro anos após
lançar seu antecessor “Rise and Fall, Rage and Grace”, de 2008, mais madura,
com uma pegada mais adulta, sem esquecer suas origens e som que os consagrou,
formando um disco consistente e cheio de energia, características constantes
nos 28 anos de banda.
Segue faixa a faixa:
“Future Is Now”
Faixa de abertura no estilo clássico do Offspring, música
rápida, com uma pegada hardcore, com direito a refrão marcante, aquelas
variações de ritmo no meio da música e uma letra que prega pelo imediatismo, já
que o futuro é agora.
“Secrets From The
Underground”
Mais uma faixa no estilo que a banda sabe fazer muito bem e
influenciou diversas bandas, poderia facilmente ser um lado B de “Conspiracy Of
One”. Essa canção é um pouco mais agressiva que a anterior com um bom solo.
“Days Go By”
Música que dá nome ao disco e é o primeiro single, possui uma pegada um pouco mais
hard rock, com um andamento no violão, possui uma letra otimista sobre os dias
ruins e situações difíceis que se vão de qualquer forma. Além disso, a canção
parece ter potencial de hit radiofônico, pela letra e pela cadência mais
acessíveis ao grande público. Um dos pontos altos do disco.
“Turning Into You”
Mais um pop punk. Música rápida e com ótimo refrão, bem
marcante. Ao que parece a letra fala sobre um relacionamento sufocante em que
se está se fazendo o possível pra agradar a outra pessoa, porém se tornando a
outra pessoa. Novamente, rolam os clássicos vocais do Dexter mais moderados no
meio da canção, explodindo nos refrãos.
“Hurting As One”
Essa tem uma pegada bem punk, lembrando os tempos dos lados B
de “Americana”. A banda parece cada vez mais coesa, com a presença do vocalista
Dexter Holland, o guitarrista Nodles, o baixista Greg K e o baterista, caçula
na banda, Pete Parada, possuem a química que dificilmente produzem músicas
ruins.
“Cruising California (Bumpin’ In My Trunk)
Agora vem a novidade pra valer. Essa faixa poderia facilmente
tocar na Jovem Pan, na voz da Ktay Perry (?!) e quer saber, o som é legal.
Totalmente diferente do que os caras já fizeram em todos esses anos de
carreira, com uma pegada meio eletrônica, vocais femininos e tudo mais. Apesar
de soar bizarro, a música tem uma vibe legal, de pista de dança mesmo. É pop
sim, e daí? Se você tem preconceito musical, pule essa faixa na hora do play,
mas se você curte bandas que ousam, dá uma conferida antes de tirar a
conclusão.
“All I Have Left Is You”
Uma balada. Os vocais de Dexter começam num tom que confesso
que ouvindo de forma aleatória no MP3 Player não reconheci. Um tom bem mais
suave que o de costume, com a guitarra costurando a melodia de forma bem doce,
com um belo refrão. Letra romântica, como pede uma balada. Ótima música pra
contrabalancear o peso da maioria das faixas.
“Oc Guns”
Aqui, na minha opinião, o ponto alto do CD, uma faixa também
totalmente diferente de tudo que a banda fez, com forte influência latina e
trecho da letra em espanhol, me lembrou muito o Sublime, daí eu ter gostado
tanto da faixa. Possui bateria eletrônica e instrumentos de sopro dando um tom
muito praiano a canção, talvez reflexo do clima havaiano e californiano (local
de composição e gravação do disco).
“Dirty Magic”
Gravada originalmente no disco “Ignition”, de 1992, e
relançada talvez em comemoração aos vinte anos de lançamento do disco. A versão
tem pouca ou nenhuma diferença para a original, somente a modernidade do
processo de gravação pode ser notada, óbvio, devido a diferença tecnológica das
épocas. É uma ótima canção, com uma pegada dos anos oitenta, com forte
inspiração das bandas da época, como Social Distortion e TSOL.
“I Wanna Secret Family (With You)”
Música muito legal com uma pegada pop rock, vocal inspirado
do Dexter e uma levada que dá vontade de pegar o skate e andar por horas na
orla da praia. A letra trata do interesse do cara por uma garota, aparentemente
casada. Outro ponto alto do disco.
“Dividing By Zero”
Música rápida, mais uma com pegada hardcore, seguindo a
fórmula clássica, com refrão, solo, backing vocals e tudo mais. Música
empolgante.
“Slim Pickens Does the Right Thing and Rides the Bomb to Hell”
Excelente faixa final, muito bem escolhida, pois deixa aquela
sensação de quero mais. A música possui um pouco de tudo das faixas anteriores,
vocais agressivos, alternado com a música acelerada, bom andamento na guitarra
e um refrão marcante. O álbum, literalmente, encerra com chave de ouro.
Esse não é o melhor disco do Offspring, porém está longe de
ser o pior, só o tempo mostrará o real lugar do álbum na carreira da banda, mas
traz a impressão de que os caras ainda têm muito pra mostrar. Além do disco
possuir ótimas faixas, a banda mostrou coragem ao sair da zona de conforto onde
mofam dezenas de bandas consagradas, tentando fazer sons novos, diferentes de
tudo que eles já fizeram. Já que é difícil para uma banda com quase trinta anos
de carreira não soar repetitiva em nenhum momento.
Vale ressaltar que a
banda se mostra mais madura, com letras interessantes e canções que vão além do
mundo adolescente, até porque, o público cresceu e os caras já estão beirando
os cinquenta anos. Essa maturidade só veio somar ao processo criativo da banda.
O Offspring
volta em 2012 com “Days Go By”, pra provar que ainda tem muita relevância no
cenário do rock, pois possui a capacidade pouco vista hoje em dia de unir boas
canções, talento, carisma e atitude numa banda de rock.
Vale a
audição. E se por no play, garanto que vai ser difícil parar.
Longa vida
ao Offspring!!!
David Oaski
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