A rotina é a mesma, se você tem mais de 18 anos, de dois em
dois anos, você é obrigado a votar. Vai a escola no domingo, pega uma fila
básica e escolhe seus candidatos, numa eleição prefeito e vereadores e na
outra, presidente, deputados, senadores e governadores.
Cresci ouvindo falar e concordando que a única forma de
mudarmos o país era através do voto, que era nossa arma mais forte, que só
assim teríamos condições de sermos realmente o país da realidade e não o eterno
país do futuro. Concordo que o voto é importante, um ato de cidadania, mas será
que hoje em dia, com as eleições do formato que são, com os candidatos disponíveis
e da forma como a população enxerga esse processo como um todo, tem tamanho
poder?
Primeiramente, o voto é obrigatório, ao contrário de diversos
países em que o voto é opcional, ou seja, vota quem quer. Se o indivíduo está
realmente interessado em contribuir com seu voto, em participar ativamente da
sociedade com sua escolha e realmente acredita nisso, ele vota. Senão, fica em
casa ou vai fazer outros programas, simples assim. Dessa forma, só votariam
quem realmente está comprometido e interessado em participar deste importante
processo, ao invés de muitos que vão sem nem saber em quem estão votando ou o
porquê do voto que está sendo dado. O voto opcional traria, a meu ver, mais
consistência nos eleitos, pois com eleitores realmente interessados
possivelmente melhoraríamos a qualidade dos nossos eleitos.
Além disso, como já disse anteriormente, os políticos do
nosso país emergem de uma sociedade corrupta por natureza, em que o jeitinho
brasileiro é exaltado e nossa malandragem tida como uma coisa ótima. Enraizado
dessa forma, nosso sistema gera políticos corruptos de forma quase que
automática, ao ponto de nos questionarmos, se no lugar deles, não faríamos o
mesmo. Vale lembrar que os partidos políticos, coligações e afins possuem
diversos esquemas, artimanhas e situações em que para um cara chegar ao estágio
de candidato já se corrompeu em diversos âmbitos, sendo que, olhando dessa
forma, na verdade não temos opção nenhuma na hora do voto. Claro, há (espero
que haja) exceções.
Por outro lado, a população não dá a devida importância ao
processo eleitoral, de modo que é fácil vermos votos comprados ou sem qualquer
informação sobre candidatos, além de votos decididos em cima da hora, no
caminho para a votação. Creio que para votar no melhor candidato para o nosso
município, estado e país, devemos pesquisar, analisar projetos e até mesmo
conhecer a história de vida do candidato. Agora sejamos sensatos, qual a
porcentagem da população brasileira que faz isso?
Ressalto que não estou aqui fazendo um discurso pessimista ou
desesperançoso, realista talvez. O fato é que muitas vezes, esse argumento do
voto ser uma arma poderosíssima, por vezes transferindo a culpa dos problemas
para os próprios cidadãos, nem sempre é válido, pois de certa forma, estamos algemados
num sistema, em que não se sabe ao certo em quem acreditar.
Enfim, VOTE CONSCIENTE!!! Se é que isso é possível.
David Oaski
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