Nota: 10
No sábado,
21/07/2012, completaram-se 25 anos do lançamento de um dos maiores discos de
todos os tempos, Appetite For Destruction, do Guns N’ Roses. Lançado em 1987, o
disco é um clássico definitivo do rock.
Há alguns
poucos álbuns na história do rock que conseguem manter o nível altíssimo em
todas as faixas, com uniformidade, coisa pouco vista nos discos lançados de uns
tempos pra cá, parece que os artistas se esquecem que o disco é um todo e deve
ser criado dessa forma, não por canções soltas, mas um conceito geral, uma
estética, uma uniformidade mesmo.
Appetite For
Destruction está facilmente no mesmo pote de clássicos másters do rock, como ‘Led
Zeppelin IV’, do Led Zeppelin, ‘Abbey Road’, dos Beatles, ‘Back in Black’, do
AC/DC, ‘Nevermind’, do Nirvana, entre outros.
À época do
lançamento do disco (anos 80), a onda do momento era a música pop, com batidas
eletrônicas e uso abusivo de sintetizadores, com raras exceções (The Cure, The
Cult e Smiths, por exemplo), além dos ainda não tão grandes Metallica e U2.
Havia também a recém onda do hard rock ‘farofa’ vindo com muita força,
encabeçado por nomes como Motley Crue, Poison, Skid Row, entre outros. O Guns
vinha com alguns elementos desse movimento, porém com canções com muito mais
força do que seus concorrentes; a guitarra já muito apurada de Slash, o vocal
agudo, porém único de Axl Rose e, principalmente, uma banda coesa, azeitada e
com a química totalmente em dia.
O disco abre
com o clássico ‘Welcome to the Jungle’, um clássico. A sensacional guitarra já
anuncia o que está por vir. Axl canta, com as guitarras de Slash e Izzy
entrelaçadas, depois solando, com direito a um refrão forte e gritos de “You
know where you are? You’re in the jungle baby, you’re gonna die...”.
Foda!
Na sequência
vem ‘It’s so Easy’, o primeiro single do album. A faixa é bem agressiva e Axl
canta com uma entonação diferente, menos aguda. Trata-se de um hard rock rápido
e muito rock n’ roll, tanto na letra quanto na música, sendo que a letra traz
uma linguagem popular, xula em muitas vezes, outra característica marcante do
disco.
Logo após
surge a trinca, ‘Nightrain’, ‘Out Ta Get Me’ e ‘Mr. Browstone’, todas músicas
pegadas, rápidas e com refrãos marcantes. Vale dizer que as músicas são
parecidas, mas como foi dito, na estética, trazendo uma uniformidade e não
soando iguais, pelo contrário. ‘Nightrain’ foi o quarto e último single do
disco. E, dizem que ‘Mr. Browstone’ é um código para cocaína, droga que os integrantes
usavam regularmente na época de gravação e anos seguintes.
Surge então
o riff de guitarra, algumas batidas no prato e depois o bumbo da bateria de
Steven Adler, é o início de outro clássico, ‘Paradise City’. A letra já se
inicia com o refrão poderosíssimo até o apito que anuncia um petardo sonoro,
com Axl cuspindo palavras, como se estivesse a ponto de meter a mão na cara de
alguém. No final, a música acelera a ponto de se tornar algo próximo do metal
ou hardcore. Foi um grande hit e ajudou a alavancar o sucesso do álbum.
Sem perder o
ritmo, surgem ‘My Michelle’ e ‘Think About You’. A primeira uma declaração de
amor às avessas, sobre uma vadia viciada e a segunda foi composta por Izzy
Stradlin, sendo uma das poucas canções onde é este quem executa o solo de
guitarra, a música possui um ritmo aceleradíssimo e diminui a rotação no final,
suavizando.
Gostem ou
não, bem ou mal, surge a faixa 9, ‘Sweet Child O’ Mine’, terceiro single e
primeira canção da banda a atingir o nº 1 da Billboard. Um dos riffs mais
marcantes da história do rock, executado por Slash, anuncia a canção, que conta
com ótimos vocais de Axl, na minha opinião, no auge como cantor, já no primeiro
disco. Além da introdução, o solo também é ótimo, com Slash já demonstrando
todo seu talento, não como um músico genial, mas um cara com um feeling
apurado, com timbre único, sendo um membro daquele seleto grupo dos
guitarristas que ao ouvir o primeiro acorde você já sabe de quem se trata.
As duas
próximas canções mantém a pegada acelerada do disco, ‘You’re Crazy’ e ‘Anything
Goes’, são agressivas, sendo que a primeira talvez seja uma das músicas mais
aceleradas da carreira do Guns. Vale o destaque para o refrão da segunda,
quando Axl canta algo do tipo, do meu jeito ou do seu jeito, de qualquer jeito
rola essa noite. Cadê essas letras no rock???
O álbum
fecha com ‘Rocket Queen’, a rainha foguete, inicia com a bateria de Adler
seguida por riffs incríveis de Slash e Axl entra esculachando. Apesar de não
ter sido lançada como single, a música tem muito apelo e sempre foi apresentada
nos shows da banda. Fala de uma das muitas amigas promíscuas dos integrantes da
banda e contém gravações de Axl transando com uma mulher no meio da música,
mulher essa que dizem ser namorada do baterista Steven Adler à época. Na minha
opinião, é a melhor faixa do disco, fechando essa obra prima com chave de ouro.
Appetite For
Destruction é uma obra prima do rock, um disco inspirado de uma banda que ainda
lutava por espaço no mundo do rock e através de seu talento e do poder de suas
canções dominou o mundo. São discos como esse que nunca vão fazer o estilo
morrer, pois sempre haverá um garoto interessado numa forma de expressão como
essa, agressiva, sexual e explícita, como manda o rock n’ roll. Pena que nos
discos seguintes, já como estrelas, a banda – principalmente Axl – deixou os
egos tomarem conta do sonho, não produzindo mais aquele som puro e agressivo de
garotos que só queriam se divertir, ganhar algum dinheiro e pegar algumas
garotas, aliás é só disso que caras precisam pra serem felizes.
O apetite
pela destruição Guns é eterno e esse registro todos que apreciam boa música
devem ter.
David Oaski
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