terça-feira, 2 de julho de 2013

O PESO E A MELODIA DO AUDIOSLAVE


Quando em 2001, o ex-vocalista do Soundgarden, Chris Cornell e os integrantes remanescentes do Rage Against The Machine: Brad Wilk, Tom Morello e Tim Commerford anunciaram que formariam uma nova banda, tanto público quanto crítica não sabiam ao certo o que esperar. Afinal o que viria da união de sonoridades de bandas tão distintas, uma com as características de distorção e obscuridade do grunge e outra com a agressividade e velocidade do metal fundido com rap. Realmente o resultado dessa fusão era imprevisível.

Chris Cornell havia encerrado as atividades do Soundgarden em 1997 e havia lançado em 1999 seu primeiro álbum solo, seguindo uma linha mais pop, com maior apelo radiofônico. Já o Rage havia concluído suas ações em 2000 após Zack de la Rocha resolver investir em novos projetos. Dizem que quem deu a ideia da união das partes foi o produtor Rick Rubin, dando origem a alguns ensaios, em que a banda percebeu que a inesperada união dava caldo, foi o start de uma grande banda que estava prestes a surgir.

Como Cornell era de uma gravadora e os Rage eram de outra, as pendengas burocráticas foram monumentais, pois haviam também dois times de empresários, o que gerou muita dificuldade no entendimento para início das atividades da banda, quase pondo fim às atividades  antes mesmo das primeiras gravações ou shows.

Capa do primeiro álbum
Passadas as turbulências, a banda finalmente começa a fazer algumas apresentações e lança o primeiro álbum, com título homônimo. Neste primeiro álbum, a banda demonstra total entrosamento, dando a aparentar que os músicos sempre tocaram juntos. As melodias são incríveis e os vocais bem trabalhados de Cornell – um dos melhores cantores da história do rock – deram uma gama ainda maior de possibilidades musicais aos talentosos músicos do Rage, em destaque para o excelente guitarrista Tom Morello, que pôde mostrar seu lado mais melódico e até mesmo acústico diante de canções belíssimas. A banda soube dosar peso (“Cochise”, “Show Me How To Live” e “Set It Off”) e melodias mais trabalhadas (“Like A Stone”, “I Am The Highway” e “Getaway Car”) gerando um som novo e original, se distanciando das duas então finadas bandas.

No segundo álbum, a banda se consolida como grande nome do rock no começo da década de 2000, “Out Of Exile” foi lançado em 2005 e alcançou o primeiro lugar da Billboard. Com um som sólido e com características próprias novamente a combinação Cornell / Morello gera grandes canções, como “Be Yourself”, “Your Time Has Come” e “The Worm”.

A banda ainda lançaria “Revelations”, em 2006, que traz um som com mais groove, numa clara influência de música negra no som da banda. Neste som a cozinha de Wilk e Tim ganham mais destaque. Faixas como os singles “Original Fire” e “Revelations” dão o tom do conteúdo do álbum. Este porém, foi o último álbum da curta carreira da banda, por isso foi também o menos divulgado.

Cornell e Morello em ação
Poucos meses após o lançamento de “Revelations”, Chris Cornell divulgou um comunicado citando diferenças artísticas e pessoais com os outros membros da banda, pondo fim às suas atividades. Anos depois as duas bandas que deram origem ao Audioslave voltariam à ativa, com constantes apresentações em grandes festivais ao redor do mundo, tendo o Soundgarden inclusive, lançado um ótimo álbum: “King Animal”, em 2012.

Devido ao rock estar em baixa na época, tendo em vista que Linkin Park e Evanescence eram os grandes nomes do gênero na época, muita gente deixou o Audioslave passar batido, como se fosse apenas um projeto paralelo dos músicos, porém quem teve curiosidade e interesse em ouvir os álbuns da banda, sabe que trata-se de uma banda com uma aura grandiosa, excelentes melodias e músicos extremamente competentes e talentosos trabalhando em canções belíssimas.

Tendo a achar que o primeiro disco da banda, com o tempo e distanciamento corretos ainda será considerado um clássico do rock, condição mais do que justa para essa grande banda que nos brindou mesmo que brevemente com três ótimos álbuns e grandes registros em vídeo.


David Oaski








Nenhum comentário:

Postar um comentário