Quando em 2001, o ex-vocalista do Soundgarden, Chris Cornell
e os integrantes remanescentes do Rage Against The Machine: Brad Wilk, Tom
Morello e Tim Commerford anunciaram que formariam uma nova banda, tanto público
quanto crítica não sabiam ao certo o que esperar. Afinal o que viria da união
de sonoridades de bandas tão distintas, uma com as características de distorção
e obscuridade do grunge e outra com a agressividade e velocidade do metal
fundido com rap. Realmente o resultado dessa fusão era imprevisível.
Chris Cornell havia encerrado as atividades do Soundgarden em
1997 e havia lançado em 1999 seu primeiro álbum solo, seguindo uma linha mais
pop, com maior apelo radiofônico. Já o Rage havia concluído suas ações em 2000
após Zack de la Rocha resolver investir em novos projetos. Dizem que quem deu a
ideia da união das partes foi o produtor Rick Rubin, dando origem a alguns
ensaios, em que a banda percebeu que a inesperada união dava caldo, foi o start
de uma grande banda que estava prestes a surgir.
Como Cornell era de uma gravadora e os Rage eram de outra, as
pendengas burocráticas foram monumentais, pois haviam também dois times de
empresários, o que gerou muita dificuldade no entendimento para início das
atividades da banda, quase pondo fim às atividades antes mesmo das primeiras gravações ou shows.
Capa do primeiro álbum |
Passadas as turbulências, a banda finalmente começa a fazer
algumas apresentações e lança o primeiro álbum, com título homônimo. Neste
primeiro álbum, a banda demonstra total entrosamento, dando a aparentar que os
músicos sempre tocaram juntos. As melodias são incríveis e os vocais bem
trabalhados de Cornell – um dos melhores cantores da história do rock – deram uma
gama ainda maior de possibilidades musicais aos talentosos músicos do Rage, em
destaque para o excelente guitarrista Tom Morello, que pôde mostrar seu lado
mais melódico e até mesmo acústico diante de canções belíssimas. A banda soube
dosar peso (“Cochise”, “Show Me How To Live” e “Set It Off”) e melodias mais
trabalhadas (“Like A Stone”, “I Am The Highway” e “Getaway Car”) gerando um som
novo e original, se distanciando das duas então finadas bandas.
No segundo álbum, a banda se consolida como grande nome do
rock no começo da década de 2000, “Out Of Exile” foi lançado em 2005 e alcançou
o primeiro lugar da Billboard. Com um som sólido e com características próprias
novamente a combinação Cornell / Morello gera grandes canções, como “Be
Yourself”, “Your Time Has Come” e “The Worm”.
A banda ainda lançaria “Revelations”, em 2006, que traz um
som com mais groove, numa clara influência de música negra no som da banda.
Neste som a cozinha de Wilk e Tim ganham mais destaque. Faixas como os singles “Original
Fire” e “Revelations” dão o tom do conteúdo do álbum. Este porém, foi o último álbum
da curta carreira da banda, por isso foi também o menos divulgado.
Cornell e Morello em ação |
Poucos meses após o lançamento de “Revelations”, Chris
Cornell divulgou um comunicado citando diferenças artísticas e pessoais com os
outros membros da banda, pondo fim às suas atividades. Anos depois as duas
bandas que deram origem ao Audioslave voltariam à ativa, com constantes
apresentações em grandes festivais ao redor do mundo, tendo o Soundgarden
inclusive, lançado um ótimo álbum: “King Animal”, em 2012.
Devido ao rock estar em baixa na época, tendo em vista que
Linkin Park e Evanescence eram os grandes nomes do gênero na época, muita gente
deixou o Audioslave passar batido, como se fosse apenas um projeto paralelo dos
músicos, porém quem teve curiosidade e interesse em ouvir os álbuns da banda,
sabe que trata-se de uma banda com uma aura grandiosa, excelentes melodias e
músicos extremamente competentes e talentosos trabalhando em canções
belíssimas.
Tendo a achar que o primeiro disco da banda, com o tempo e
distanciamento corretos ainda será considerado um clássico do rock, condição
mais do que justa para essa grande banda que nos brindou mesmo que brevemente
com três ótimos álbuns e grandes registros em vídeo.
David Oaski
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