quarta-feira, 6 de março de 2013

RESENHA: FILADÉLFIA



Nota: 8,5

Ao ler uma matéria a cerca de um mês na Rolling Stone Brasil sobre a excelente trajetória de Tom Hanks nos anos 90, começando com “Filadélfia” e terminando com “A Espera de um Milagre” criei uma curiosidade por alguns dos filmes que ainda não havia assistido, e o primeiro que busquei foi Filadélfia.

O filme lançado em 1993, dirigido por Jonathan Demme (o mesmo de “Silêncio dos Inocentes”), mostra o drama de Andrew Beckett (Hanks), um advogado que é sabotado e mandado embora de seu emprego devido ao preconceito de seus chefes ao suspeitarem que ele está com AIDS.

Beckett (Hanks) e Miller (Washington)
No início do filme, vemos Andrew saudável, porém já começando a apresentar os primeiros sintomas da doença, como manchas no corpo e dores de barriga. Andrew opta por não se abrir com ninguém na empresa sobre sua sexualidade e sua doença temendo pelo preconceito que as revelações trariam.

Durante um período de ausência de Andrew devido às complicações em decorrência da doença, seus chefes forjam o desaparecimento de um arquivo essencial de um processo e usam esse argumento para demitirem o rapaz.

Andrew e seu parceiro Miguel (Antonio Banderas)
Andrew então sai em busca de um advogado para processar a empresa, alegando que seus chefes lhe demitiram por ele ser gay e ter o vírus da AIDS e não por ser irresponsável como os mesmos estavam alegando. Após o caso ser recusado por nove advogados, Andrew encontra Joe Miller (Denzel Washington), um advogado negro e homofóbico, que após alguma relutância acaba aceitando o caso.

Daí por diante, a maior parte do filme segue no tribunal, com os funcionários e gestores depondo, incluindo uma portadora do vírus HIV de uma outra filial da empresa e claro o próprio Andrew, que chega a sair desmaiado de uma das audiências, já extremamente debilitado pela doença. Algumas passagens do julgamento são muito impactantes sempre com Joe encabeçando-as, como quando ele interroga os gestores da empresa e os questiona se eles são gays e pede algumas explicações como se ele tivesse 6 anos de idade. Mas a passagem mais emocionante é definitivamente quando Joe pede que Andrew mostre seu tórax, onde há marcas da doença.

Entre o julgamento vemos cenas de Joe conversando com sua esposa sobre o caso; Andrew discutindo com seu parceiro Miguel (Antonio Banderas) sobre pular o tratamento uma noite; além de todo o apoio da família de Andrew para com a sua luta; e Andrew recitando a tradução de uma ópera para Joe durante um ensaio para o interrogatório, numa das passagens mais emocionantes do filme.
Pouco antes de falecer, Andrew vence o caso, com uma indenização polpuda.


Dizem que Tom Hanks perdeu 20 quilos para interpretar
Andrew no estágio avançado da doença
Considerações Finais

O filme ganhou dois Oscar em 1994, um de melhor ator para  Tom Hanks e outro de melhor canção original por “Streets of Philadelphia”, do Bruce Springsteen e realmente trata-se de um grande filme.

 Hoje em dia, as novas gerações não tem a real noção do que foi o vírus da AIDS no seu início, pois as informações eram limitadas e não era sabido como se dava a transmissão do vírus. Além disso, muitas verdades eram desmentidas de tempos em tempos no que diz respeito à doença, tornando até certo ponto compreensível a posição dos que temiam a convivência com portadores da doença. Vale lembrar que como o tratamento era pouco eficaz na época, os remédios davam apenas uma sobrevida aos enfermos, sendo que um resultado positivo para o vírus HIV era o mesmo que uma sentença de morte. Dessa forma, o filme ajudou a humanizar os portadores da doença e fazer com que o preconceito fosse reavaliado por muitos.

O mais estranho é que parece que o tempo esqueceu esse ótimo filme, pois há quanto tempo não vemos o longa passando em tv aberta, ainda mais se tratando de atuações fantásticas de Tom Hanks e Denzel Washington, dois dos grandes atores da história do cinema do norte americano.

Além de possuir uma excelente história, Filadélfia é um filme envolvente que te prende de uma forma comovente do início ao fim. Filmes assim estão cada vez mais escassos hoje em dia.



David Oaski


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