Nota: 9,0
Muita gente ainda acha que o Stone Sour é um projeto paralelo
do vocalista Corey Taylor, que também canta no Slipknot, porém o que muitos não
sabem é que a banda de hard rock surgiu antes da de new metal, encerrando as
atividades em 1997 e retomando em 2002.
O fato é que o Stone Sour nunca obteve o prestígio da outra
banda de seu frontman, mas nem por isso trata-se de uma banda inferior, muito
pelo contrário, ao meu ver é até melhor, com mais variedade sonora, permitindo
inclusive que possamos ver a amplitude do talento de Corey como cantor, já que
ele é certamente um dos melhores de sua geração.
A banda lançou no final de Outubro seu mais recente álbum,
surpreendendo a todos e alcançando o posto de melhor lançamento da carreira dos
caras. Há de tudo no play, balada, hard, metal, gritos, vocais limpos e suaves,
guitarras pesadas, belas harmonias de violão, tudo isso executado pela ótima
banda formada por Corey nos vocais; seu parceiro também de Slipknot, Jim Root
na guitarra solo; Josh Hand também nas guitarras; e Roy Mayorga na batera. Além
deles, foi recrutado para a gravação o baixista Rachel Bolan, do Skid Row.
Taylor tinha a ideia de lançar um disco duplo ou conceitual,
porém acabou optando por lançar o álbum em duas partes, sendo que a segunda
sairá meados do ano que vem. As influências citadas pelo músico como inspiração
para as gravações vão de Metallica, Soundgarden, Alice in Chains e Pink Floyd,
o que já mostra a diversidade sonora buscada pela banda.
O primeiro single lançado foi a dobradinha “Gone Sovereign” e
“Absolute Zero”, que são as duas primeiras faixas do play, quase intercaladas,
com melodias rápidas, guitarras dando o tom e a voz de Corey dando as boas
vindas de forma afiadíssima.
Algumas canções poderiam tranquilamente ser sucessos em
rádios rock (as que ainda não faliram), pois são o que os americanos chamam de
AOR, que é o rock mais comercial voltado para as rádios FMs, sendo que se
enquadram nessa facilmente a grooveada “A Rumor of Skin”, que possui um bom
solo; “Tired” que também tem boas guitarras, mostrando toda a versatilidade de
Jim Root que vai bem no peso do new metal, na leveza de baladas e na energia do
hard rock; e ainda há espaço para “Gallows Humor”, bônus track da versão
japonesa do álbum que também segue a característica das anteriores.
As duas partes de “The Travellers” compõem uma bela faixa,
tendo a primeira um lindo arranjo com um violão acompanhando a voz suave de
Taylor e no final entram violinos e piano, dando um toque sensível e belo à
canção. Já a segunda parte é um pouco mais pesada e soa exatamente como um
complemento da primeira.
Outro destaque do álbum são as letras, que em sua maioria
tratam da condição decadente da nossa sociedade e dos valores e princípios cada
vez mais desvirtuados dos indivíduos. Além disso, ainda sobra espaço para
melancolia, como na belíssima “Taciturn”, que inicia somente com voz e violão,
mas encorpa com o resto da banda acompanhando e tem um dos melhores solos de
guitarra do disco.
A agressividade também sempre presente nos discos da banda
vem à tona na excelente “RU486” que remete aos pontos altos de metalcore; “My
Name Is Allen” também é cantada de forma quase gutural, porém com a melodia
mais puxada para o hard heavy, lembrando em alguns trechos metal industrial do
Nine Inch Nails, por exemplo. Já com “Last of the Real”, Taylor dá show alternando
seus estilos vocais facilmente dentro da mesma canção. Enquanto por outro lado,
“Influence of a Drowsy God” tem boa letra e lembra alguma música recente do
Linkin Park.
Creio que esse disco irá tirar de vez o Stone Sour da aba da
banda co-irmã Slipknot, pois além de possuir um repertório excelente, parece
dar os rumos do que vem a seguir no heavy metal atual. Afinal, com a mescla das
diversas influências citadas, os caras tiraram do forno um disco forte,
consistente e, acima de tudo, muito bom.
Ao listar os melhores do ano, coloquei o “King Animal”, do
Soundgarden em primeiro lugar, porém a cada audição de “House of Gold...” fico
em dúvida se fiz a escolha certa.
Resumindo, é rock de altíssima qualidade.
David Oaski
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