Sou completamente apaixonado por futebol, nunca falei sobre
isso aqui no blog, talvez por não associar muito o conteúdo do blog ao esporte
rei, o que na verdade se mostra incorreto, futebol apesar de ser empesteado
pelos pagodes, dancinhas, penteados e afins é um esporte, na sua essência,
muito rock n’ roll.
O que me motivou a escrever esse post foi a demissão do
técnico da seleção brasileira, Mano Menezes, na sexta-feira (23/11/12),
mostrando total falta de preparo e senso de organização por parte dos gestores
do futebol no nosso país.
Quando o eterno presidente da CBF, Ricardo Teixeira anunciou
sua saída em meados desse ano, era total a esperança de renovação nos ares e
rumos do futebol brasileiro. Falsas esperanças. Logo no início da gestão, o
novo presidente José Maria Marin optou por dispensar o bom treinador Mano, que
assumiu a seleção após o fracasso de Dunga na Copa do Mundo de 2010, ficando no
cargo pouco menos de dois anos. Decisão totalmente descabida e sem propósito no
momento.
Mano teve uma campanha instável, com momentos bons e outros
muito ruins, como era de se esperar de um técnico incumbido de renovar uma
seleção. Fracassou na Copa América e foi medalha de prata nas Olímpiadas, ok,
dois resultados frustrantes, mas que fazem parte do trajeto. O fato é que Mano
vinha melhorando o estilo de jogo da seleção brasileira, que aos poucos ganhava
forma, sem chutões, com saída de bola no chão, com a ótima dupla de zaga
formada por Thiago Silva (Paris Saint Germain) e David Luiz (Chelsea), compondo
a linha de defesa com dois dos melhores laterais do mundo, Daniel Alves
(Barcelona) e Marcelo (Real Madrid), escalando nos últimos jogos dois volantes
com muita categoria (reclamação constante das últimas seleções compostas por
volantes “brucutus”) Paulinho (Corinthians) e Ramires (Chelsea), tendo como
meia armador, o promissor Oscar (Chelsea), com o apoio do experiente e pouco
utilizado em seu time Kaká (Real Madrid), sempre com o destaque cabendo ao
melhor jogador brasileiro do momento, o talentoso Neymar (Santos).
Com um bom grupo de jogadores e impondo um estilo atual à
seleção, Mano vinha progredindo, porém os analistas de resultados insistem em
pegar como critério as derrotas para seleções prontas, como Argentina e
Alemanha e se esquecem que a seleção de Dunga, com Gilberto Silva e afins
ganhou a Copa América e Copa das Confederações e morreu nas quartas de final da
Copa do Mundo, diante da Holanda.
No Brasil, infelizmente, a cultura popular transforma os
campeões em gênios e os perdedores em relegados. Por exemplo, um dos
treinadores mais cotados para substituir Mano no comando técnico da seleção
brasileira, Luiz Felipe Scolari, o Felipão, comandou o Brasil na última copa
conquistada, em 2002, com um time fraco, com três zagueiros, com uma convocação
pra lá de questionável, porém contou com uma atuação abençoada de Ronaldo e
Rivaldo, que garantiram o título. O mesmo pode se dizer da seleção de 1994, que
praticava um futebol horrível, de um técnico que hoje é tido como top, Carlos
Alberto Parreira, cujo estilo implantado em seus times me dá náuseas, com troca
de passes infinitas entre zagueiros e inversão de bola de lateral pra lateral,
um saco! Enfim, é preciso ir além dos resultados para se discutir futebol, vide
a seleção de 1982, que contava com craques como Zico e Sócrates e não ganhou a
Copa, azar da copa, como dizem alguns jornalistas.
A meu ver, a única escolha para substituição de Mano que se
justificaria seria de Pep Guardiola, ex treinador do Barcelona, que fez o
melhor trabalho do futebol em muitas décadas, com um time que ganhou tudo,
jogando um futebol totalmente inovador e praticando espetáculos em quase todos
os jogos. Porém, ao que parece a ideia foi rechaçada de primeira pelos
dirigentes provincianos da CBF, alegando que treinador estrangeiro não daria
certo. Uma burrice sem tamanho, até porque o treinador espanhol já teria
declarado interesse em assumir a função. É algo como desprezar uma mulher linda
e gostosa para ficar com uma baranga.
Há muito tempo não tenho muito interesse pela seleção
brasileira, interesse esse compartilhado pela maioria dos torcedores do país.
Primeiro que a seleção deixou de ser brasileira, sendo quase todos os jogos
fora do país, além disso, jogadores milionários e popstars, com pouca entrega e
determinação, mais preocupados com o telão e o próximo penteado não conquistam
de forma nenhuma minha simpatia.
Acho engraçado que ainda tem gente que associa torcer ou não
pra seleção como um gesto de patriotismo. Faça-me o favor né. Quer dizer que
gosto mais ou menos do país por não me interessar por uma seleção cada vez mais
movida por interesses políticos pra lá de questionáveis, com jogadores sem
nenhuma identidade com o extrato real da população, com dancinhas ridículas e
cultura igual ou menor ao de uma porta? Ok, se é assim, então não sou patriota.
É difícil falar que não irei torcer pra seleção na Copa do
Mundo de 2014, que por acaso será realizada no Brasil, pois quando a bola rola
é difícil ficar neutro, mas é fato que o envolvimento afetivo é imensamente
menor do que o que tenho pelo meu time de coração.
Infelizmente, parece que esse estado de quase morte da
seleção é irreversível.
David Oaski
Diga-se de passagem que ser patriota no Brasil não é lá a tarefa mais fácil.
ResponderExcluirMas falando de futebol, lamentável... '¬¬
O futebol da seleção tupiniquim é muito aquém do que técnicamente os jogadores são. Vemos a Alemanha montando uma seleção há anos, estruturando uma base, criando uma FILOSOFIA de jogo, aliás - reinventando uma filosofia de jogar futebol. Baseando-se em toque de bola eficientes e criativos e não apenas em chuveirinhos toscos e força física exarcebada.
Times do mundo todo se reinventando, se atualizando, estudando o futebol e colocando em prática - em resultados.
Já a seleção tida como a melhor do mundo não tem uma forma, não tem uma cara, totalmente sem identidade. Eu sei quem joga lá, mas não sei como jogam. E como bem observado, quando entra um técnico que racionaliza o futebol e TENTA reestruturar um futebol há muito desencantado, ele é execrado precipitadamente.
Dúvido que esse cenário mude, não enquanto a cúpula for formada por políticos, amadores de futebol e não por boleiros, amantes do futebol.