Você está em 1994. A onda grunge de Seattle que havia
invadido o mundo em 1991 está com o futuro indefinido após o suicídio de Kurt
Cobain, líder do Nirvana e, principal nome do movimento. O marasmo paira no
cenário da música mundial, os grandes nomes estão na ativa, mas o começo da
década havia sido excelente, com lançamentos de impacto de nomes como
Metallica, Iron Maiden, Pearl Jam, Alice In Chains, Stone Temple Pilots,
R.E.M., entre outros, ou seja, o parâmetro é muito alto e parece que a curva de
qualidade no cenário da música pop mundial tende a descer.
Em meio a essa indefinição, você está assistindo a Mtv (sim,
as pessoas assistiam esse canal nessa época) quando começa um videoclipe com a
introdução na bateria, um ruído na guitarra, alguém caminhando numa poça, um
cara marrento que parece ser um cantor e outro marrento iniciando os acordes na
guitarra de “Supersonic”, era a banda inglesa Oasis, liderada pelos irmãos
Galagher (Liam e Noel). À primeira audição, você já percebe que o marasmo
acabou ali. Aquela não era mais uma banda, era uma grande banda!
Essa canção estava presente no disco de estreia da banda, o
arrasa quarteirão “Definitely Maybe”, que além dessa, continha as já clássicas:
“Live Forever” e “Cigarettes & Alcohol”, e na época foi o álbum de estreia
que mais rápido vendeu na Grã Bretanha.
No ano seguinte, em 1995, a banda superaria o trauma do
segundo disco em grandíssimo estilo, com sua obra de arte, “(What’s The Story)
Morning Glory”, que contém as conhecidas mundialmente “Wonderwall”, “Don’t Look
Back In Anger” e “Champagne Supernova”. O disco é uma daquelas obras que beiram
a perfeição, contém pop e rock na medida certa, com estética apurada na
produção, banda entrosada e um excelente repertório, que já deixava claro o
talento para composição do irmão mais velho, Noel. Com tudo isso, somado ao
carisma torto de Liam, esse disco é o terceiro mais vendido na história da
Inglaterra.
Em 1997, o Oasis voltaria com “Be Here Now”, com os
integrantes no auge do uso da cocaína, consagrou as baladas: “Stand By Me”,
“Don’t Go Away” e “All Around the World”. Novamente o álbum era sucesso
absoluto e a banda caminhava tranquilamente com o status de maior banda do
mundo.
Dali ainda viriam mais quatro álbuns: “Standing on the
Shoulder of Giants”, de 2000, em que a banda soa mais psicodélica do que nunca;
“Heathen Chemistry”, de 2002, mais cru, sem tanta produção e com excelentes
músicas, como a melancólica “Stop Crying In Your Heart Out”; “Don’t Believe the
Truth”, de 2005; e “Dig Out Your Soul”, de 2008. Todos com boa repercussão e
pontos altos, mas sem superar a trinca do início da carreira.
Ao montar uma playlist com reprodução aleatória no serviço,
me deparei com “Supersonic” e pensei: “Como esses caras fazem falta!”. O Oasis
encerrou as atividades em 2009, após desentendimento dos irmãos que comandavam
a banda. Desde o início da banda, sempre ficou claro (inclusive em declarações
públicas) que os dois não se bicavam, mas ao que parecia conseguiam separar as
coisas com relação à banda, exceto quando Liam não subiu ao palco do Unpplugged
Mtv, quando Noel cantou o repertório inteiro.
Com o fim da banda, Liam com o restante do grupo, fundou o
Beady Eye e Noel saiu em carreira solo e ambos tiveram seusprimeiros álbuns
entre os mais elogiados do ano de 2011, mas a mágica mesmo se faz com os irmãos
juntos.
Encabeçando o movimento que foi chamado de britpop, que
continha ainda bandas como Blur, The Verve, Suede, Manic Street Preachers,
entre outros, o Oasis se destacou com suas melodias pop, talento e uma boa dose
de arrogância, todos os elementos que compõem e estruturam a carreira dos
gigantes do mundo do rock.
Lembro que a banda sofreu no início com comparações que
insinuavam que a banda não passava de uma imitação dos Beatles, porém com o passar
do tempo, nota-se que a grande semelhança do Oasis com seus ídolos de Liverpool
é que se tornaram gigantes do rock.
David Oaski
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