Nota: 7,0
Após sete anos desde o lançamento do último álbum de
inéditas, os paulistas do Tihuana estão de volta com seu sexto disco de
estúdio: “Agora É Pra Valer”, resgatando a sonoridade das origens da banda.
A banda surgiu em 2000, com o lançamento do seu mais bem
sucedido álbum: “Ilegal”, que continha os hits “Pula” e a canção que viria a se
tornar conhecida dez anos depois através do filme homônimo, “Tropa de Elite”.
Desde então a banda segue uma carreira consistente fazendo rock, com elementos
do pop e da música latina, mas sempre livre de qualquer rótulo e sendo muito
competentes dentro da proposta que seguem.
“Agora É Pra Valer” sacia a sede dos fãs da banda e do rock
nacional que estavam carentes pelos sons irreverentes e alto astrais da banda.
Ao longo das 15 faixas, o Tihuana põe de lado as baladas românticas do álbum
antecessor “Um Dia De Cada Vez”, retomando o pop rock radiofônico que eles
fazem como poucos.
Formação atual da banda |
O disco abre com “Minha Rainha” que conta com a participação
de Digão dos Raimundos. O convite, conforme declarado pela banda, se deu porque
eles acharam que a canção tinha uma levada parecida com a da banda brasiliense.
O resultado ficou muito bom e a faixa é um dos destaques do álbum. Aliás, é curioso
notar que nessa época de cada vez mais bandas independentes vemos tantas
participações especiais em álbuns, fato que não ocorria quando os burocratas
das gravadoras tomavam conta do mercado fonográfico nacional.
O álbum marca também a substituição do percussionista Baía
por Fouad, que mantém a pegada da barulheira da cozinha. Os destaques nas
melodias seguem com as guitarras de Léo ( o Seu Ronaldão do Rockgol), seguido
pelo baixo e bateria extremamente coesos de Román e P.G., respectivamente. Os
vocais de Egypcio seguem com variações mais suaves até tons mais sacanas e
agressivos que sempre me lembram Zack de La Rocha.
Algumas das canções já eram conhecidas pelo público mais
atento, pois já haviam sido lançadas pela banda na Internet, tais como “Vem Pra
Festa” (antes “Festa de Louco”) e “Minha Rainha”, além de “Comboio do Terror”,
que já havia sido lançada na trilha do filme Tropa de Elite 2.
Trecho do clipe de "Minha Rainha" com Digão |
Outros destaques são a pesada faixa título; “Perto de Você,
Longe De Mim”, que possui ótimo acompanhamento de violão; “Vento Do Sul” que
pode se dizer que é um misto de country norte americano com rockabilly; a
balada cantada em espanhol “Mi Corazón”; e “Herói de Plástico” que fala sobre
sustentabilidade.
Como tenho dito, sinto falta de bandas de rock com pretensão
de tocarem em rádio e estarem presentes nos programas de palco da tv, brigando
por espaço com o sertanojo universitário e pagodes mela cueca. Não adianta as
bandas seguirem com essa síndrome de underground e o rock perdendo cada vez
mais espaço em todos os seguimentos. Goste-se ou não do som do Tihuana,
Detonautas, CPM 22 e afins, é preciso reconhecer seu valor e empenho em
buscarem seu lugar ao sol entre os espaços contaminados pelas modas da estação.
Como o título do álbum sugere, o Tihuana voltou pra valer,
inserindo no disco tudo que os consagrou ao longo da carreira: reggae, harcore,
pop, música latina, baladas, tudo isso sempre conectado pela boa vibração que
suas canções e álbuns transmitem.
Que outras bandas nacionais ponham a mão na massa pra valer e
não fiquem arrecadando fundos milionários com a lei rouanet para fazerem turnês
caça níquel.
David Oaski
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