Assisti à transmissão do show do Foo Fighters no primeiro
Lollapalooza Brasil ano passado morrendo de vontade de estar lá e prometi a mim
mesmo que esse ano se tivesse uma banda que eu curtisse eu iria, e acabei
cumprindo a promessa.
Pra abastecer a galera |
Quando anunciaram para o festival desse ano em meados de
2012, me interessei pelas noites de sábado e domingo, pois estava ouvindo
bastante Black Keys e gosto muito de Queens of the Stone Age que iriam tocar no
sábado; e da mesma forma adoro Pearl Jam e Planet Hemp; com relação à
sexta-feira apesar de gostar do The Killers achei o resto do line up meio caído
e já tirei da roda. Após pesar um pouco alguns quesitos, acabei optando por ir na
noite de domingo pra assistir o Pearl Jam, pois imaginei que seria o show mais
grandioso e mais entusiasmante para um virgem de shows grandes e festivais como
eu. Sábia decisão!
Mal pude acreditar quando cheguei no Jockey Club que
realmente estava lá e iria ver alguns dos meus ídolos de perto. Logo de cara
acompanhei uma rápida passagem de som dos baianos do Vivendo do Ócio no palco
Butantã, porém foi rápido. Na sequência fui ao palco Cidade Jardim e lá rolou o
show do Baia, que me surpreendeu pela semelhança sonora com Raul Seixas na
levada das canções, rolando um trecho de “Ouro de Tolo” inclusive.
Vivendo do Ócio representando o rock nacional |
Voltando ao palco Butantã assisti o Vivendo do Ócio fazer um
puta show. Ainda era cedo e por não haver tanta gente, consegui vê-los bem de
perto, o público presente vibrou com ótimas canções como “Nostalgia”, “Fora
Mônica”, “Hey Hey”, entre outros petardos. Tenho certeza de que quem não os
conhecia nunca mais vai esquecer dos caras, foi surpreendente a performance ao
vivo da banda, execução técnica perfeita e a alegria dos músicos de estar no
palco tocando no festival era contagiante.
A maratona continuava e ainda no começo da tarde já ia para o
terceiro show, Lirinha e Eddie novamente no palco Cidade Jardim, eles fazem um
som calcado em ritmos nordestinos como frevo, xote e manguebeat, numa mistura
bacana, mas que não faz muito minha cabeça, no meu caso foi uma boa hora pra
tomar uma gelada.
Ao fim do show, tínhamos duas opções, uma banda chamada
República fazia um som bem pesado no palco alternativo e o Foals que tocava no
Palco Butantã, escolhemos o segundo. Eles fazem esse rock com algumas batidas
eletrônicas, que cada vez surgem mais bandas aderindo. Fizeram um show correto
que agradou bastante o público que conhecia a banda.
Após o Foals ia rolar o show do Puscifer no Palco Cidade
Jardim, mas preferi dar uma descansada da viagem pra poder aguentar a jornada
até o fim. Foi nessa hora, meio da tarde, que dei a primeira ida ao Palco
Perry, voltado à música eletrônica, lá parecia uma rave, com a galera
enlouquecida na batida das músicas.
A célebre roda gigante do festival |
Já encaminhando para o fim de tarde, fomos ao show do Kaiser
Chiefs no palco Butantã, banda britânica que emplacou o hit “Ruby” aqui no
Brasil. Eles estavam meio por fora dos holofotes por algum tempo e mesmo não
tendo visto o show inteiro deu pra ver que eles ainda tem lenha pra queimar,
vide a animação do vocalista, tentando inclusive pronunciar algumas palavras em
português.
Saí na primeira metade do show do Kaiser Chiefs e fui ao
palco Alternativo, onde tocava a banda brasileira de folk rock Vanguart. Suas
melodias se uniram ao fim de tarde com rara beleza e os poucos presentes
cantavam a plenos pulmões sucessos como “Semáforo” e “Mi Vida Eres Tu”. A
empolgação dos integrantes era nítida, enquanto pediam mais apoio às bandas
nacionais e agradeciam os organizadores do festival.
Show matador do The Hives |
Daí o festival começou de verdade. Fomos para o palco Cidade
Jardim assistir a performance incendiária dos suecos do The Hives, comandados
pelo vocalista Per Almqvist que parecia o líder de uma seita religiosa dizendo
em bom português: “Batam palmas”. A banda esbanjou carisma e mostrou como se
toca num festival, foram hits implacáveis (“Hate to Say I Told You So”, “Main
Offender”, “Walk Idiot Walk”, “Tick Tick Boom”, entre outras), presença de
palco matadora de todos os integrantes, interação com a plateia e tudo que um
grande show de rock deve ter. A banda até então era um tanto subestimada no
Brasil, talvez por não fazer parte do eixo Estados Unidos / Inglaterra, mas
enfiaram seu talento goela abaixo de quem paga pau pros Strokes da vida. Tão
surpreendente quanto inesquecível!
D2 mandando a galera tacar fogo |
Juntei minhas forças e fiquei de longe vendo o Planet Hemp no
palco Butantã pra tentar pegar um bom lugar para o Pearl Jam no Cidade Jardim,
mesmo distante deu pra sentir a energia da banda e público nas já clássicas “Mantenha
o Respeito”, “Legalize Já” e “Quem Tem Seda”. Muito legal ver uma banda
nacional tendo tamanho destaque num festival do porte do Lollapalooza.
Antes do fim do show do Planet, voltei ao palco principal pra
tentar um bom lugar pra ver Eddie Vedder e seus comparsas, após alguns
empurrões, pisoes, aglomerações e afins cheguei num lugar que dava pra ver bem
o telão e de longe o palco. Por volta das 21:00h o show começou e a energia dos
caras é simplesmente sensacional, de forma surreal todos comovidos cantando com
todas suas forças, superando os perrengues e cansaço do festival, aquele
momento fazia tudo valer a pena, era um orgasmo múltiplo causado pela banda de
Seattle.
Linda foto do Pearl Jam no palco do Lolla |
Como se sabe, a banda varia muito seu set list, fato raro
entre as grandes (e preguiçosas) bandas, e no Lolla não foi diferente, tocaram
clássicos como “Jeremy”, “Even Flow”, “Do The Evolution” e “Alive” e outras não
tão conhecidas, mas sempre presentes nos concertos da banda, como “Corduroy”, “Wishlist”
e “State of Love and Trust”, vale destaque também a sensacional versão de “I
Believe In Miracles” do Ramones. Porém o ponto alto ficou para o bis com “Black”,
canção gravada em 1991, no clássico “Ten”, sendo cantada por todos presentes de
uma forma emocionante. Realmente o festival não podia ter um final mais
grandioso, o Pearl Jam é do caralho!
Fazendo um saldo final, o resultado é altamente positivo,
pois apesar dos perrengues como: cheiro de merda de cavalo, lama, banheiros
toscos e dificuldades de transportes, sabemos que esses percalços fazem parte
dos festivais. Além do mais, é difícil conceber em qual outra oportunidade eu
teria a chance de ver bandas desse porte e desse quilate num só dia. Num país
em que a música pop é o sertanejo universitário é difícil de imaginar.
Que venham outros festivais, com grandes atrações, surpresas
e perrengues, quem sabe assim os jovens não se interessem por música de
qualidade e que as gerações seguintes tenham mais discernimento cultural.
Valeu Lolla!
David Oaski
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