Formada em 2009, a banda contava com um time de peso do rock
nacional, encabeçada por Chuck Hipolitho (ex-Forgotten Boys e atual VJ da Mtv),
Thadeu Meneghini (ex-Banzé!), Mike Vontobel (Bidê ou Balde) e Mauro Motoki
(Ludov). Juntos os caras buscavam desde o início fazer um som em português com
fortes influências do pop rock nacional, que agregasse com letras interessantes
e boas melodias, tendo como missão árdua, tentar resgatar o gosto popular pelo
rock, como ocorreu nos anos 80 e 90.
Lançaram em 2010 seu primeiro EP, intitulado “Da Doo Ron Ron”,
que já mostrava o bom potencial da banda, porém ainda de forma meio
destemperada, como era de se esperar já que eles ainda estavam se conhecendo e
experimentando para moldar a estética definitiva da banda. No entanto, após
esse lançamento saem da banda Mike e Mauro e entram para cozinha o baterista
André Dea (que também toca no Sugar Kane) e o baixista Flavio Guarnieri,
formando dessa forma a banda como conhecemos até hoje.
No ano seguinte, em 2011, lançaram mais um EP, “Sasha Grey”,
já trazendo as Vespas mais azeitadas com a química fluindo melhor, mostrando
claramente o enorme potencial da banda. Destaque para a ótima “Antes Que Você Conte
Até Dez”.
Capa do "Animal Nacional" |
Após dois anos fazendo bons shows, ao lado de outros nomes da
cena emergente do rock nacional, como Black Drawing Chalks e Vivendo do Ócio, a
banda fecha com a Deck, para produzir e lançar seu primeiro álbum inteiro, essa
era a alavanca que a banda precisava.
Saiu então, semana passada, “Animal Nacional”, que vem sendo
exaltado – e com justiça – como um sopro de novos ares ao rock nacional. No
álbum, a banda soa como um encontro do que melhor aconteceu no rock nacional
dos anos 80 e 90, com influências claras de bandas como Titãs, Paralamas do
Sucesso e Skank e algo do The Clash, sempre com ótimas melodias de guitarra
trazidas pela excelente dupla Thadeu e Chuck e a cozinha dando toda base e
energia que as canções pedem, com André e Flávio também tocando muito.
A banda em ação no vídeoclipe de "Cobra de Vidro" |
Diante da mesmice do rock nacional, salvo por raras exceções como
o já mencionado Vivendo do Ócio, o Detonautas e o Rancore, é um tesão ouvir um
disco como esse. É rock nacional na essência, com canções bem executadas que
poderiam tocar em qualquer rádio voltada a pessoas com mais de dois neurônios. Vale
destaque também para as letras, que fogem totalmente do marasmo “dor de corno”
implantado no rock nacional mainstream dos últimos anos. Há parcerias com gente
do calibre de Arnaldo Antunes em “A Prova”, Bernardo Vilhena em “Santa Sampa”,
e dos amigos da banda Fabio Cascadura e Adalberto Rabelo (parceiro de Thadeu
desde os tempos de Banzé!).
Chega a ser difícil apontar os pontos altos do álbum, pois
ele é excelente por inteiro e uma obra que, apesar das diversas influências,
soa homogênea, característica dos grandes álbuns da história do rock nacional.
Mas as que batem de primeira são a já conhecida “Cobra de Vidro”; a sensacional
“Não Sei O Que Fazer Comigo”, versão de “Ya No Sé O Qué Hacer Conmigo”, da
banda uruguaia El Cuarteto de Nos; “Santa Sampa”; “O Herói Devolvido”; e “O Inimigo”.
Avião de caça com a cabeça de vespa |
Realmente fico emocionado ao ouvir um disco como “Animal
Nacional”, pois ele traz de volta à tona tudo que mais me encantou desde sempre
no rock n’ roll: boas letras, melodias contagiantes e que são capazes de
melhorar o humor de uma pessoa, essa relação orgânica com a música não pode se
perder.
Os pilotos de caça |
Além do som e das letras, assisti e li entrevistas da banda e
gostei muito do discurso e da proposta dos caras, que não tem vergonha nenhuma
de dizer que compõem cada canção pensando no seu potencial pop, que acham que o
rock nacional está muito supérfluo e infantil e estão levantando a bandeira de
um rock nacional que volte a atingir à massa e, sinceramente, com esse disco,
eles mostraram que tem potencial para atingir esse objetivo e se não conseguirem
que tenham gás e inspiração para continuar tentando.
Pesquisando a definição de vespas mandarinas, vi através de
alguns sites que são insetos asiáticos que se caracterizam por fortes
habilidades agressivas, atacando em bloco e detonando colmeias inteiras de
abelhas e outros insetos em poucas horas. O inseto mata inclusive, muitas
pessoas, tamanha a potência do seu veneno. Realmente o nome não podia ser
melhor escolhido, já que a banda chega atacando na linha de frente do rock
nacional, pronto para invadir as colmeias infestadas pelo ‘sertanojo’ universitário
e pagode mela cueca, com agressividade e o mais importante, inteligência.
David Oaski
Nenhum comentário:
Postar um comentário