Sempre tive interesse pelo
universo das histórias em quadrinhos, os famosos gibis. Quando criança nos anos
90, ficava fascinado com aqueles uniformes coloridos, os superpoderes e o
carisma e onipresença daqueles heróis que eu conhecia somente de nome. Para uma
criança de 10, 11 anos ver toda aquela ação nas páginas do Homem Aranha, do
Capitão América, dos X-Men e da Liga da Justiça era emoção demais.
Passei pela adolescência e me
tornei um jovem adulto deixando esse fascínio de lado, imaginei que tinha
passado dessa fase, o famoso preconceito de que gibi é coisa de criança, além
do mais, quando pesquisava o preço dos lançamentos via que tratava-se de uma
brincadeira cara, pois diferente da minha infância quando os gibis custavam de
dois a três reais, atualmente eles não saem por menos de oito. Devido a isso,
acabei largando esse universo.
No entanto, com a erupção de
filmes e séries da Marvel e DC em meados dos anos 2000, meu interesse pelos
super heróis voltou com tudo e não demorou pra eu dar uma nova chance às HQs.
Dei uma entrada nas mega stores online, como Fnac, Saraiva e afins e comprei
três gibis pra ver como eu me sentia lendo algo atual e com a maturidade que
tenho hoje. Lembro que era uma edição de “Justiceiro Max: Rei do Crime”, do
Jason Aaron, “V de Vingança” e “Batman: A Piada Mortal”, ambos do Alan Moore.
Daí foi batata, entretenimento de mão cheia, bons roteiros, lindas artes e
aquela fantasia gostosa de acompanhar, uma nostalgia boa me tomou e não parei
mais, estava picado novamente pelas histórias em quadrinhos.
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Watchmen: para muitos, a melhor HQ de todos os tempos |
Não é à toa que os quadrinhos são
considerados a nona arte, obras como “Watchmen” do já citado Alan Moore, “Maus”,
de Art Spiegelman, “Barman: O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller, entre
tantos outros são a prova cabal de gibis podem sim ser focados no público
adulto. Lendo hoje quadrinhos lançados entre o começo dos anos 60 e meados dos
anos 70 realmente é possível notar na maioria das histórias um viés infantil,
com soluções bobas e textos mal amarrados, porém a partir dos anos 80, com o
surgimento de autores como Frank Miller, Alan Moore e Chris Claremont essa
abordagem se diversificou, trazendo à tona histórias mais densas, personagens
com diversas nuances, trazendo além da diversão uma pitada de veracidade (se é
que é possível usar esse termo em histórias de super heróis fantasiados), esses
roteiros aliados às artes viscerais dos desenhistas possibilitou uma amplitude
infinita à imaginação dos autores, que lançaram histórias icônicas que se
tornaram clássicos da cultura pop mundial.
Vale notar que vários enredos dos
filmes da Marvel que são fenômenos no cinema hoje em dia partem de premissas
das HQs, quando não reproduzem literalmente histórias ou passagens de alguma
fase ou arco de determinado personagem.
Realmente como eu havia imaginado
no início, a brincadeira não é barata, pois os gibis mensais custam em média de
oito a quinze reais; os de capa cartonada, que englobam algumas edições de
determinado herói custam a partir de vinte reais; e os de capa dura não saem
por menos de trinta e cinco, ou seja, dói no bolso.
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O sofrido Demolidor |
Mas vale a pena, principalmente
no meu caso que procuro acompanhar somente o que tem boas recomendações e
personagens que eu gosto – Demolidor, Justiceiro, Wolverine, John Constantine,
entre outros.
Pra finalizar, deixo abaixo
algumas dicas para quem está começando ou voltando a acompanhar esse delicioso
universo:
- Se você é adulto e está
voltando a ler gibis recomendo as HQs lançadas pelo selo Vertigo da Panini
Comics. Trata-se da linha de histórias adultas da DC Comics, responsável por
lançar entre outras coisas, as histórias do John Constantine (no título
Hellblazer), do Monstro do Pântano e Homem Animal.
- Se procurar por uma boa dose de
nostalgia existe um selo chamado Graphic MSP, ligado às produções do Mauricio
de Souza, que está lançando diversas histórias divertidíssimas dos personagens
do universo da Turma da Monica, Turma da Mata, Piteco, Astronauta, entre
outros. São autores da nova geração revisitando a obra brilhante do Mauricio,
quase todas edições são excelentes, transmitindo boas histórias de forma lúdica
e singela.
- A principal editora de
quadrinhos no Brasil atualmente é a Panini, que é responsável pelo lançamento
dos quadrinhos da Marvel, DC e Vertigo; existe também a editora Devir, que
lança entre outros, Conan, Hellboy e Besouro Verde; existem outras editoras
como a JBC que lança diversos mangás; a Nemo que traz coisas mais alternativas,
com boas críticas; , há também uma iniciativa independente chamada Stout Club,
que vem lançando coisas bastante interessantes, entre muitas outras que estão
investindo nessa arte, alternativas não faltam.
- Existe uma coleção fantástica
da editora Salvat, que compilou através de 60 edições, histórias clássicas dos
principais heróis da Marvel, abrangendo desde histórias clássicas dos
personagens até histórias contemporâneas, como por exemplo, a Guerra Civil,
escrita pelo Mark Millar. Essa coleção acaba de ser relançada e é possível
encontrar a primeira edição na banca: “Homem Aranha: De Volta Ao Lar”. Além
disso, no decorrer dessa coleção a Salvat iniciou outra compilação chamada
Grandes Heróis Marvel, também conhecida como coleção da capa vermelha (na outra
as capas são pretas), compilando uma história de origem e outra clássica de um
herói específico. Em ambas coleções, os materiais são de capa dura e repletos
de extras, contando o desenrolar da história até ali e contexto atual do
personagem, além de abordar curiosidades e detalhes dos roteiristas e
desenhistas envolvidos nas obras. O ponto negativo dessas coleções também é a
grana, as edições são quinzenais e cada gibi está beirando os quarenta reais,
ou seja, se for acompanhar as duas coleções o bastardo vai desembolsar cerca de
cento e sessenta reais por mês. Haja dilmas.
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O icônico Batman, pilar da DC |
- Vendo o bom desempenho da
Salvat, a editora Eaglemoss seguiu a mesma linha e lançou a coleção com as
histórias clássicas da concorrente, a DC Comics, o material também é excelente
e o preço é praticamente o mesmo.
- Desde sempre os quadrinhos possuem
preço de capa, porém nas mega stores online, como as citadas Fnac e Saraiva,
além de Amazon, Livraria Cultura e outras, é possível achar os títulos com bons
descontos, basta acompanhar e ficar ligados nas promoções.
- Existem alguns bons sites para
se manter atualizado sobre o que está sendo lançado e ouvir boas opiniões sobre
quadrinhos, temos O Vicio e Universo HQ e no Youtube temos o 2Quadrinhos e o
Central HQ que são ótimas fontes de informações, além é claro do Facebook, com
suas inúmeras páginas e grupos, vale citar o Cabrito Nerd.
- Algumas dicas de títulos:
Ø Daytripper:
dos brasileiros Fabio Moon e Gabriel Bá, sensacional, tocante e sensível de um
jeito que vai te deixar de queixo caído e, se no final você não sentir alguns
ciscos nos olhos é porque seu coração foi retirado do seu peito;
Ø Hellblazer
(fase Infernal): Do ótimo autor Garth Ennis, foram lançados até agora seis
volumes;
Ø Wolverine:
Arma X: História densa sobre os experimentos feitos no carcaju para inserir o
adamantium em seu corpo. Pesadíssimo e sensacional;
Ø Y:
O Último Homem: De Brian K. Vaughan. Todos os homens da terra somem
misteriosamente ao serem atingidos por um vírus misterioso, os únicos
sobreviventes são um garoto e seu macaco que precisam resolver esse enigma num
mundo tomado pelas mulheres. Só pelo enredo já dá vontade de ler, não?
Ø Miracleman:
Da mente genial de Alan Moore ressurge um herói a muito esquecido com uma
abordagem totalmente diferente, como era de se esperar do barbudo. A Panini
está lançando em formato mensal.
Era isso, gostaria de
compartilhar essa experiência da retomada ao hábito de ler quadrinhos depois de
tantos anos e quão gostoso é cultivar esse hobby.
Leia, sem preconceitos, se deixe
levar e sinta sua mente mais leve abraçando o mundo lúdico das HQs.
David Oaski
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