sexta-feira, 8 de abril de 2016

A VOLTA AO MUNDO DAS HQs



Sempre tive interesse pelo universo das histórias em quadrinhos, os famosos gibis. Quando criança nos anos 90, ficava fascinado com aqueles uniformes coloridos, os superpoderes e o carisma e onipresença daqueles heróis que eu conhecia somente de nome. Para uma criança de 10, 11 anos ver toda aquela ação nas páginas do Homem Aranha, do Capitão América, dos X-Men e da Liga da Justiça era emoção demais.

Passei pela adolescência e me tornei um jovem adulto deixando esse fascínio de lado, imaginei que tinha passado dessa fase, o famoso preconceito de que gibi é coisa de criança, além do mais, quando pesquisava o preço dos lançamentos via que tratava-se de uma brincadeira cara, pois diferente da minha infância quando os gibis custavam de dois a três reais, atualmente eles não saem por menos de oito. Devido a isso, acabei largando esse universo.

No entanto, com a erupção de filmes e séries da Marvel e DC em meados dos anos 2000, meu interesse pelos super heróis voltou com tudo e não demorou pra eu dar uma nova chance às HQs. Dei uma entrada nas mega stores online, como Fnac, Saraiva e afins e comprei três gibis pra ver como eu me sentia lendo algo atual e com a maturidade que tenho hoje. Lembro que era uma edição de “Justiceiro Max: Rei do Crime”, do Jason Aaron, “V de Vingança” e “Batman: A Piada Mortal”, ambos do Alan Moore. Daí foi batata, entretenimento de mão cheia, bons roteiros, lindas artes e aquela fantasia gostosa de acompanhar, uma nostalgia boa me tomou e não parei mais, estava picado novamente pelas histórias em quadrinhos.

Watchmen: para muitos, a melhor HQ de todos os tempos 
Não é à toa que os quadrinhos são considerados a nona arte, obras como “Watchmen” do já citado Alan Moore, “Maus”, de Art Spiegelman, “Barman: O Cavaleiro das Trevas”, de Frank Miller, entre tantos outros são a prova cabal de gibis podem sim ser focados no público adulto. Lendo hoje quadrinhos lançados entre o começo dos anos 60 e meados dos anos 70 realmente é possível notar na maioria das histórias um viés infantil, com soluções bobas e textos mal amarrados, porém a partir dos anos 80, com o surgimento de autores como Frank Miller, Alan Moore e Chris Claremont essa abordagem se diversificou, trazendo à tona histórias mais densas, personagens com diversas nuances, trazendo além da diversão uma pitada de veracidade (se é que é possível usar esse termo em histórias de super heróis fantasiados), esses roteiros aliados às artes viscerais dos desenhistas possibilitou uma amplitude infinita à imaginação dos autores, que lançaram histórias icônicas que se tornaram clássicos da cultura pop mundial.

Vale notar que vários enredos dos filmes da Marvel que são fenômenos no cinema hoje em dia partem de premissas das HQs, quando não reproduzem literalmente histórias ou passagens de alguma fase ou arco de determinado personagem.

Realmente como eu havia imaginado no início, a brincadeira não é barata, pois os gibis mensais custam em média de oito a quinze reais; os de capa cartonada, que englobam algumas edições de determinado herói custam a partir de vinte reais; e os de capa dura não saem por menos de trinta e cinco, ou seja, dói no bolso.

O sofrido Demolidor
Mas vale a pena, principalmente no meu caso que procuro acompanhar somente o que tem boas recomendações e personagens que eu gosto – Demolidor, Justiceiro, Wolverine, John Constantine, entre outros.

Pra finalizar, deixo abaixo algumas dicas para quem está começando ou voltando a acompanhar esse delicioso universo:

- Se você é adulto e está voltando a ler gibis recomendo as HQs lançadas pelo selo Vertigo da Panini Comics. Trata-se da linha de histórias adultas da DC Comics, responsável por lançar entre outras coisas, as histórias do John Constantine (no título Hellblazer), do Monstro do Pântano e Homem Animal.

- Se procurar por uma boa dose de nostalgia existe um selo chamado Graphic MSP, ligado às produções do Mauricio de Souza, que está lançando diversas histórias divertidíssimas dos personagens do universo da Turma da Monica, Turma da Mata, Piteco, Astronauta, entre outros. São autores da nova geração revisitando a obra brilhante do Mauricio, quase todas edições são excelentes, transmitindo boas histórias de forma lúdica e singela.

- A principal editora de quadrinhos no Brasil atualmente é a Panini, que é responsável pelo lançamento dos quadrinhos da Marvel, DC e Vertigo; existe também a editora Devir, que lança entre outros, Conan, Hellboy e Besouro Verde; existem outras editoras como a JBC que lança diversos mangás; a Nemo que traz coisas mais alternativas, com boas críticas; , há também uma iniciativa independente chamada Stout Club, que vem lançando coisas bastante interessantes, entre muitas outras que estão investindo nessa arte, alternativas não faltam.

- Existe uma coleção fantástica da editora Salvat, que compilou através de 60 edições, histórias clássicas dos principais heróis da Marvel, abrangendo desde histórias clássicas dos personagens até histórias contemporâneas, como por exemplo, a Guerra Civil, escrita pelo Mark Millar. Essa coleção acaba de ser relançada e é possível encontrar a primeira edição na banca: “Homem Aranha: De Volta Ao Lar”. Além disso, no decorrer dessa coleção a Salvat iniciou outra compilação chamada Grandes Heróis Marvel, também conhecida como coleção da capa vermelha (na outra as capas são pretas), compilando uma história de origem e outra clássica de um herói específico. Em ambas coleções, os materiais são de capa dura e repletos de extras, contando o desenrolar da história até ali e contexto atual do personagem, além de abordar curiosidades e detalhes dos roteiristas e desenhistas envolvidos nas obras. O ponto negativo dessas coleções também é a grana, as edições são quinzenais e cada gibi está beirando os quarenta reais, ou seja, se for acompanhar as duas coleções o bastardo vai desembolsar cerca de cento e sessenta reais por mês. Haja dilmas.

O icônico Batman, pilar da DC
- Vendo o bom desempenho da Salvat, a editora Eaglemoss seguiu a mesma linha e lançou a coleção com as histórias clássicas da concorrente, a DC Comics, o material também é excelente e o preço é praticamente o mesmo.

- Desde sempre os quadrinhos possuem preço de capa, porém nas mega stores online, como as citadas Fnac e Saraiva, além de Amazon, Livraria Cultura e outras, é possível achar os títulos com bons descontos, basta acompanhar e ficar ligados nas promoções.

- Existem alguns bons sites para se manter atualizado sobre o que está sendo lançado e ouvir boas opiniões sobre quadrinhos, temos O Vicio e Universo HQ e no Youtube temos o 2Quadrinhos e o Central HQ que são ótimas fontes de informações, além é claro do Facebook, com suas inúmeras páginas e grupos, vale citar o Cabrito Nerd.

- Algumas dicas de títulos:

Ø  Daytripper: dos brasileiros Fabio Moon e Gabriel Bá, sensacional, tocante e sensível de um jeito que vai te deixar de queixo caído e, se no final você não sentir alguns ciscos nos olhos é porque seu coração foi retirado do seu peito;

Ø  Hellblazer (fase Infernal): Do ótimo autor Garth Ennis, foram lançados até agora seis volumes;

Ø  Wolverine: Arma X: História densa sobre os experimentos feitos no carcaju para inserir o adamantium em seu corpo. Pesadíssimo e sensacional;

Ø  Y: O Último Homem: De Brian K. Vaughan. Todos os homens da terra somem misteriosamente ao serem atingidos por um vírus misterioso, os únicos sobreviventes são um garoto e seu macaco que precisam resolver esse enigma num mundo tomado pelas mulheres. Só pelo enredo já dá vontade de ler, não?

Ø  Miracleman: Da mente genial de Alan Moore ressurge um herói a muito esquecido com uma abordagem totalmente diferente, como era de se esperar do barbudo. A Panini está lançando em formato mensal.

Era isso, gostaria de compartilhar essa experiência da retomada ao hábito de ler quadrinhos depois de tantos anos e quão gostoso é cultivar esse hobby.

Leia, sem preconceitos, se deixe levar e sinta sua mente mais leve abraçando o mundo lúdico das HQs.



David Oaski









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