quinta-feira, 10 de outubro de 2013

RESENHA: FRANZ FERDINAND - RIGHT THOUGHTS, RIGHT WORDS, RIGHT ACTION




Nota: 9,0

Uma das muitas bandas consideradas a salvação do rock no início do milênio, os escoceses do Franz Ferdinand nunca pareceram se preocupar muito com esse rótulo, tratando de lançar bons discos e hits marcantes no decorrer de sua competente carreira, iniciada em 2002, na Escócia, por Alex Kapranos (vocalista e guitarrista), Bob Hardy (baixo), Nick McCarthy (guitarra e teclados) e Paul Thomson (bateria).

A banda em 2013
Os álbuns do Franz Ferdinand sempre variaram entre o garage rock dos anos 70, o pop dançante dos anos 80 e o indie rock do começo da década de 2000, no entanto faltava aos escoceses um álbum mais coeso, uma obra completa que se tornasse um registro marcante para a turma de Kapranos. Realmente o verbo está certo: faltava, pois com o lançamento de “Right Thoughts, Right Words, Right Action”, a banda põe as mangas de foras num esporro pop, sensual, dançante e psicodélico mostrando que ainda tem muito chão pela frente e não será mais uma esquecida banda obscura com dois ou três sucessos como vários de seus contemporâneos que a crítica insiste em exaltar.

O álbum é rápido, são 10 faixas e somente três chegam à casa dos 4 minutos. A velocidade, no entanto, não gera falta de qualidade, pelo contrário, o disco é enxuto e extremamente cativante, com canções que te pegam de primeira, sem apelar ou soar pegajoso.

O play abre com o clima dançante e que cheira à pista de dança de “Right Action”, com guitarras galopantes, vocais e backing vocals bem encaixados naipe de metais, juntando as características mais marcantes da banda. Na sequencia vem a excelente “Evil Eye”, certamente uma das melhores músicas do ano, que abre com a bateria seguida por um grito e mistura doses de psicodelia aos comuns teclados da banda. Já “Love Ilumination” é mais acelerada, com ótimas linhas de guitarras e um solo esperto, formando uma canção pop deliciosa.

O carismático front man, Alex Kapranos
“Stand On The Horizon” começa mais amena, quebrando o ritmo frenético do álbum pela primeira vez, mas rapidamente ganha corpo, com melodia bem suingada e letra que fala sobre um cara orgulhoso correndo atrás de uma garota. A balada pop ensolarada “Fresh Strawberries” mantém o clima das ótimas canções, porém é curioso notar que a maior parte das letras não reflete a pegada das melodias cheias de energia e dançantes, pois tratam de temas melancólicos e desesperançosos, muitas vezes com um tom jocoso, traço forte dos vocais de Kapranos.

O álbum volta então ao ritmo frenético com a acelerada “Bullet”, enquanto “Treason! Animals.” mistura a levada dançante com a pegada psicodélica. Dando um contraponto, na sequencia surge “The Universe Expanded” com clima intimista e minimalista com Kapranos quase sussurrando os vocais, com uma leve subida no refrão remetendo ao The Killers.

Fechando o disco, “Brief Encounters” e “Goodbye Lovers & Friends” possuem levada mais cadenciada, com suingue das guitarras e melodias deliciosas, sendo que a primeira é quase um reggae e a segunda remete a ritmos havaianos e brinca com a frase “I don’t play pop music, you know i hate pop music” com um tom sarcástico, numa canção pop até as entranhas.

O álbum possui melodias precisas. Não há nada extremamente inovador, tampouco músicos virtuosos, mas a experiência e sagacidade dos escoceses fizeram com que estas 10 joias se encaixassem devidamente em seu devido lugar, formando uma obra direta e concisa e, o mais importante, deliciosa de ser desfrutada.

I know you love pop music Kapranos, por isso seu grupo fez um dos melhores discos do ano.


David Oaski








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