O Kings of Leon é um caso peculiar no mundo do rock. Formada
em 2000, pelos irmãos Caleb Followill (vocais e guitarra), Nathan Followill
(bateria), Jared Followill (baixo) e seu primo Matthew Followill (guitarra), em
Nashville, interior dos Estados Unidos, eles apareceram como barbudos mal
encarados que tocavam um som cru, com influências de country e Southern rock.
Nos primeiros lançamentos da banda, desde o EP “Holly Rover
Novocaine”, lançado em 2002, passando pelo aclamado primeiro álbum “Youth And
Young Manhood”, de 2003, a banda alcançou sucesso principalmente no Reino Unido
que os abraçou como uma das maiores bandas de rock surgida nos últimos tempos.
Nos lançamentos seguintes a banda ia incluindo em seu som
pouco a pouco uma diversidade maior de influências, tendo pinceladas de
diversos estilos musicais em seus discos, como pop, reggae e rock de arena.
Família Followill |
Mais experiente e com sua identidade aparentemente definida a
banda está de volta em 2013, com seu sexto álbum, “Mechanical Bull” que mostra
a evolução e maturidade alcançadas pela banda no decorrer desses 13 anos de
existência. Neste álbum a banda junta o que tem de melhor das suas influências,
formando um belo álbum, com destaque para as linhas de guitarra de Caleb e
Matthew e pelos vocais de timbre marcante de Caleb, esses fatores aliados à
ótima cozinha garantem fluidez e precisão a cada melodia do play.
O disco tem no mínimo quatro músicas totalmente acima da
média, são elas: “Rock City”, com pegada country e ótimo solo de guitarra; a
stoner “Don’t Matter” deixaria Josh Homme orgulhoso, com guitarras e teclado
fazendo a cama para os vocais de Caleb, possui um excelente solo de guitarra; já
“Temple” é um pop rock dos melhores; e “Family Tree” é comandada por uma belíssima
linha de baixo, num country rock muito potente com ótimo refrão.
Não confunda, apesar dessas canções se sobressaírem o
restante do álbum, mesmo um degrau abaixo segura bem a bronca, como no primeiro
single “Supersoaker” que abre o disco com melodia acelerada e cantada de forma
urgente, com características parecidas com “Coming Back Again”.
A balada melancólica e arrastada “Beautiful War” tem certa
beleza, mas chega a ser um pouco cansativa, ao contrário de “Wait For Me”, que
é mais direta. “Comeback Story” é uma semi balada country, com outro belo
trabalho das guitarras e notável influência de gospel americano. A fábrica de
baladas anda fértil pro lado do Kings of Leon, pois ainda há espaço para “Tonight”,
balada cuja melodia vai ganhando força, com óbvios ares noturnos; “On Te Chin” é
mais interessante, com melodia bem encaixada e ótimo clima do campo.
A versão deluxe do álbum ainda contém os pop radiofônicos (e
melhores que algumas das faixas inclusas na versão simples) “Work On Me” e “Last
Mile Home”.
Mais um bom lançamento para o farto ano de 2013, “Mechanical
Bull”, apesar de alguns escorregões se junta a curiosa e interessante
discografia do Kings of Leon, uma das poucas bandas que possuem o mérito de
compor melodias trabalhadas, com ótimas guitarras e agradar o público além do
mundo do rock, tocando em rádios e deixando adolescentes molhadas.
O rock perde cada vez mais espaço e relevância diante de
outros estilos musicais e bandas como Kings of Leon e Nickelback, apesar de
contestadas, ainda fazem as guitarras transgredirem as barreiras dos nichos
cada vez menores reservados ao rock n’ roll.
David Oaski
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