Nota: 9,0
Uma das muitas bandas consideradas a salvação do rock no
início do milênio, os escoceses do Franz Ferdinand nunca pareceram se preocupar
muito com esse rótulo, tratando de lançar bons discos e hits marcantes no
decorrer de sua competente carreira, iniciada em 2002, na Escócia, por Alex
Kapranos (vocalista e guitarrista), Bob Hardy (baixo), Nick McCarthy (guitarra
e teclados) e Paul Thomson (bateria).
A banda em 2013 |
Os álbuns do Franz Ferdinand sempre variaram entre o garage
rock dos anos 70, o pop dançante dos anos 80 e o indie rock do começo da década
de 2000, no entanto faltava aos escoceses um álbum mais coeso, uma obra
completa que se tornasse um registro marcante para a turma de Kapranos. Realmente
o verbo está certo: faltava, pois com o lançamento de “Right Thoughts, Right
Words, Right Action”, a banda põe as mangas de foras num esporro pop, sensual,
dançante e psicodélico mostrando que ainda tem muito chão pela frente e não
será mais uma esquecida banda obscura com dois ou três sucessos como vários de
seus contemporâneos que a crítica insiste em exaltar.
O álbum é rápido, são 10 faixas e somente três chegam à casa
dos 4 minutos. A velocidade, no entanto, não gera falta de qualidade, pelo
contrário, o disco é enxuto e extremamente cativante, com canções que te pegam
de primeira, sem apelar ou soar pegajoso.
O play abre com o clima dançante e que cheira à pista de
dança de “Right Action”, com guitarras galopantes, vocais e backing vocals bem
encaixados naipe de metais, juntando as características mais marcantes da
banda. Na sequencia vem a excelente “Evil Eye”, certamente uma das melhores
músicas do ano, que abre com a bateria seguida por um grito e mistura doses de
psicodelia aos comuns teclados da banda. Já “Love Ilumination” é mais
acelerada, com ótimas linhas de guitarras e um solo esperto, formando uma
canção pop deliciosa.
O carismático front man, Alex Kapranos |
“Stand On The Horizon” começa mais amena, quebrando o ritmo
frenético do álbum pela primeira vez, mas rapidamente ganha corpo, com melodia
bem suingada e letra que fala sobre um cara orgulhoso correndo atrás de uma
garota. A balada pop ensolarada “Fresh Strawberries” mantém o clima das ótimas
canções, porém é curioso notar que a maior parte das letras não reflete a
pegada das melodias cheias de energia e dançantes, pois tratam de temas
melancólicos e desesperançosos, muitas vezes com um tom jocoso, traço forte dos
vocais de Kapranos.
O álbum volta então ao ritmo frenético com a acelerada “Bullet”,
enquanto “Treason! Animals.” mistura a levada dançante com a pegada
psicodélica. Dando um contraponto, na sequencia surge “The Universe Expanded”
com clima intimista e minimalista com Kapranos quase sussurrando os vocais, com
uma leve subida no refrão remetendo ao The Killers.
Fechando o disco, “Brief Encounters” e “Goodbye Lovers &
Friends” possuem levada mais cadenciada, com suingue das guitarras e melodias
deliciosas, sendo que a primeira é quase um reggae e a segunda remete a ritmos
havaianos e brinca com a frase “I don’t play pop music, you know i hate pop
music” com um tom sarcástico, numa canção pop até as entranhas.
O álbum possui melodias precisas. Não há nada extremamente
inovador, tampouco músicos virtuosos, mas a experiência e sagacidade dos
escoceses fizeram com que estas 10 joias se encaixassem devidamente em seu
devido lugar, formando uma obra direta e concisa e, o mais importante,
deliciosa de ser desfrutada.
I know you love pop music Kapranos, por isso seu grupo fez um
dos melhores discos do ano.
David Oaski
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