Nota: 6,0
O Lobo do Mar é um romance escrito pelo autor norte americano
Jack London, lançado em 1904. É tido por muitos como um clássico da literatura
contemporânea, sendo muito lido e comentado ainda nos dias de hoje.
A história tem como protagonista e narrador o náufrago
Humphrey Van Weyden, que navegava numa embarcação chamada Martinez quando esta
se acidentou, ele se viu no desespero de um naufrágio sendo resgatado por uma
embarcação chamada Ghost, que tinha como comandante Lobo Larsen.
O que a princípio se mostra como a salvação de Humphrey
rapidamente se revela como um pesadelo, pois Larsen não o deixa desembarcar num
porto próximo como mandam as regras marítimas, e faz com que Van Weyden passe a
trabalhar para a embarcação em troca de comida e alojamento.
Se recuperando do trauma do acidente e assimilando a
truculência de Lobo Larsen, Humphrey logo repara que o navio está transportando
caçadores de focas, uma equipe grande, com caçadores e ajudantes. Nota logo também
que Larsen é extremamente violento, impondo a todos um grande medo através de
sua força física e mental.
Humphrey é tratado com desdém por Lobo e o restante da
tripulação, pois é um homem intelectual, bem educado, que nunca precisou usar
da força física para se manter. Ele é encaminhado a ajudar na cozinha do navio,
onde iria aos poucos sarar dos ferimentos que sofrera no naufrágio.
Na cozinha Hump, como passou a ser chamado no navio, teve um
anúncio do que teria que encarar, pois ajudava Mugridge, o cozinheiro da
embarcação, que puxava o saco de Larsen e humilhava e ameaçava constantemente
seu ajudante. A única forma de Hump superar a aporrinhação e seu medo de
Mugridge foi se impondo, passando também a ameaça-lo, chegando a usar uma adaga
na cintura todo o tempo.
A estadia de Humphrey se mostra cada vez mais sofrida, porém
aos poucos ele vai ganhando certa intimidade com o capitão Lobo Larsen, que se
mostra um homem muito inteligente, com enorme conhecimento literário e
extremamente articulado nos seus dizeres. No entanto, na contramão dessa
fluidez, Larsen possuía um lado extremamente violento, capaz de explodir a
qualquer instante, pegando quem estivesse ao seu alcance pelo pescoço com uma força
descomunal.
Nas conversas com Hump, Larsen sempre deixava claro sua falta
de crença em divindades e existência de alma ou qualquer coisa do tipo, para
ele tudo que temos é o corpo e o medo tem origem do temor que temos de machucar
nosso corpo, coisa que ele não sentia. Ele não sentia também nenhuma compaixão por
nada nem ninguém, pois via todos esses sentimentos como fraquezas.
Larsen aterrorizava a todos no navio e no decorrer da viagem
dois dos caçadores chegam a tentar armar uma emboscada para o capitão, chegando
a trancá-lo no quarto dos caçadores à noite no escuro, porém todas tentativas
de matar Lobo Larsen se mostraram ineficientes e os dois viriam a ser
abandonados no mar pelo capitão após uma fuga mal sucedida.
De tempos em tempos, Larsen sentia fortes dores de cabeça,
que muitas vezes o impossibilitavam, mas mesmo assim sua força nunca era
questionada, mesmo ele ficando de cama.
Hump foi ganhando com o tempo novas tarefas, aprendendo toda
a sistemática de navegação, surpreendendo a ele próprio, que não sabia se virar
sozinho quando subiu à Ghost. Mesmo pensando em diversas maneiras de fugir ou
até mesmo matar Larsen, dada a sua proximidade com o mesmo, porém sua falta de
coragem e seu bom coração sempre acabaram por barrar tal ímpeto.
Chegando ao destino, começam as caçadas as focas e Lobo cruza
com a embarcação de seu irmão Morte Larsen, que dizem ser um homem ainda pior
que Lobo, os dois travam um duelo por espaço na caçada, que é ganho por Lobo
num primeiro momento.
O autor Jack London |
Durante a caçada, a Ghost acolhe mais alguns náufragos que
estavam numa canoa, entre eles está a cronista Maud Breuster, que Hump conhecia
de nome, pois era muito famosa entre os magistrados. Hump se encanta pela moça
e se apaixona pela mesma. Porém a proximidade assustadora da moça a Lobo Larsen
o faz perder o juízo, vendo sua amada em risco, ele então ataca Lobo que mesmo
ferido não é batido por Van Weyden.
Humphrey somente consegue fugir diante de uma das crises de
dores de cabeça de Larsen, juntando alguns mantimentos, ele foge com Maud numa
das escunas de pesca. Após muita dificuldade e inúmeros perrengues, Hump
consegue chegar a uma ilha e montar um abrigo com musgos e pele de foca. O afeto
entre ele e Maud se consolida diante da situação extrema que os dois passam.
Eis que numa surpresa horripilante, numa manhã Van Weyden dá
de cara com a Ghost na enseada da praia que eles estão abrigados, a embarcação
estava em frangalhos e os dois resolvem ir até lá verificar o que houve. Lá
chegando encontram Lobo Larsen extremamente debilitado, cego, mas ainda
extremamente imponente. Ele os informa que Morte Larsen destruiu a embarcação e
todos debandaram.
Hump resolve então reformar a Ghost para se salvar e salvar
sua amada, porém Lobo mesmo debilitado os sabota algumas vezes, desfazendo toda
reforma que Van Weyden havia feito com muito esforço e tentando atear fogo na embarcação,
forçando Humphrey a prendê-lo em algemas. Cada vez mais debilitado, com as
dores sendo mostradas como um tumor ou algo do tipo, Lobo definha lentamente
até sua morte e Humphrey se declara e salva Maud Breuster.
Considerações Finais
Um clássico da literatura, O Lobo do Mar é mais do que um
romance, é um livro que propõe diversos dilemas morais e com os diálogos entre
Larsen e Humphrey nos faz pensar na vida de um modo geral, ora concordando com
um, ora com outro.
Lobo é o homem mal, violento, mal caráter, porém dono de um
intelecto brilhante, o que o torna uma contradição ambulante, porém muito
segura de sua crença no poder do homem e somente do homem. Hump é o cara bom,
de bom coração, que se vê forçado a conviver com pessoas da pior espécie, que
não tiveram as oportunidades que ele teve e isso o deprime num primeiro
momento, mas depois o fortalece.
O livro tem passagens geniais, como as que Lobo quase
convence Humphrey dos seus ideais, porém a leitura é em muitas horas maçante,
como por exemplo o excesso de pormenores dos procedimentos da embarcação, além
de passagens muito longas que poderiam ser mais enxutas.
A essência do livro e seu cunho filosófico o tornaram um
clássico atemporal, porém não se trata de uma leitura fácil, mas certamente vai
te fazer pensar.
David Oaski
Gostei
ResponderExcluirQue beleza
ResponderExcluirMuito bom
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