quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

RESENHA: O LOBO DO MAR - JACK LONDON


Nota: 6,0

O Lobo do Mar é um romance escrito pelo autor norte americano Jack London, lançado em 1904. É tido por muitos como um clássico da literatura contemporânea, sendo muito lido e comentado ainda nos dias de hoje.

A história tem como protagonista e narrador o náufrago Humphrey Van Weyden, que navegava numa embarcação chamada Martinez quando esta se acidentou, ele se viu no desespero de um naufrágio sendo resgatado por uma embarcação chamada Ghost, que tinha como comandante Lobo Larsen.

O que a princípio se mostra como a salvação de Humphrey rapidamente se revela como um pesadelo, pois Larsen não o deixa desembarcar num porto próximo como mandam as regras marítimas, e faz com que Van Weyden passe a trabalhar para a embarcação em troca de comida e alojamento.

Se recuperando do trauma do acidente e assimilando a truculência de Lobo Larsen, Humphrey logo repara que o navio está transportando caçadores de focas, uma equipe grande, com caçadores e ajudantes. Nota logo também que Larsen é extremamente violento, impondo a todos um grande medo através de sua força física e mental.

Humphrey é tratado com desdém por Lobo e o restante da tripulação, pois é um homem intelectual, bem educado, que nunca precisou usar da força física para se manter. Ele é encaminhado a ajudar na cozinha do navio, onde iria aos poucos sarar dos ferimentos que sofrera no naufrágio.

Na cozinha Hump, como passou a ser chamado no navio, teve um anúncio do que teria que encarar, pois ajudava Mugridge, o cozinheiro da embarcação, que puxava o saco de Larsen e humilhava e ameaçava constantemente seu ajudante. A única forma de Hump superar a aporrinhação e seu medo de Mugridge foi se impondo, passando também a ameaça-lo, chegando a usar uma adaga na cintura todo o tempo.

A estadia de Humphrey se mostra cada vez mais sofrida, porém aos poucos ele vai ganhando certa intimidade com o capitão Lobo Larsen, que se mostra um homem muito inteligente, com enorme conhecimento literário e extremamente articulado nos seus dizeres. No entanto, na contramão dessa fluidez, Larsen possuía um lado extremamente violento, capaz de explodir a qualquer instante, pegando quem estivesse ao seu alcance pelo pescoço com uma força descomunal.

Nas conversas com Hump, Larsen sempre deixava claro sua falta de crença em divindades e existência de alma ou qualquer coisa do tipo, para ele tudo que temos é o corpo e o medo tem origem do temor que temos de machucar nosso corpo, coisa que ele não sentia. Ele não sentia também nenhuma compaixão por nada nem ninguém, pois via todos esses sentimentos como fraquezas.

Larsen aterrorizava a todos no navio e no decorrer da viagem dois dos caçadores chegam a tentar armar uma emboscada para o capitão, chegando a trancá-lo no quarto dos caçadores à noite no escuro, porém todas tentativas de matar Lobo Larsen se mostraram ineficientes e os dois viriam a ser abandonados no mar pelo capitão após uma fuga mal sucedida.

De tempos em tempos, Larsen sentia fortes dores de cabeça, que muitas vezes o impossibilitavam, mas mesmo assim sua força nunca era questionada, mesmo ele ficando de cama.

Hump foi ganhando com o tempo novas tarefas, aprendendo toda a sistemática de navegação, surpreendendo a ele próprio, que não sabia se virar sozinho quando subiu à Ghost. Mesmo pensando em diversas maneiras de fugir ou até mesmo matar Larsen, dada a sua proximidade com o mesmo, porém sua falta de coragem e seu bom coração sempre acabaram por barrar tal ímpeto.

Chegando ao destino, começam as caçadas as focas e Lobo cruza com a embarcação de seu irmão Morte Larsen, que dizem ser um homem ainda pior que Lobo, os dois travam um duelo por espaço na caçada, que é ganho por Lobo num primeiro momento.

O autor Jack London
Durante a caçada, a Ghost acolhe mais alguns náufragos que estavam numa canoa, entre eles está a cronista Maud Breuster, que Hump conhecia de nome, pois era muito famosa entre os magistrados. Hump se encanta pela moça e se apaixona pela mesma. Porém a proximidade assustadora da moça a Lobo Larsen o faz perder o juízo, vendo sua amada em risco, ele então ataca Lobo que mesmo ferido não é batido por Van Weyden.

Humphrey somente consegue fugir diante de uma das crises de dores de cabeça de Larsen, juntando alguns mantimentos, ele foge com Maud numa das escunas de pesca. Após muita dificuldade e inúmeros perrengues, Hump consegue chegar a uma ilha e montar um abrigo com musgos e pele de foca. O afeto entre ele e Maud se consolida diante da situação extrema que os dois passam.

Eis que numa surpresa horripilante, numa manhã Van Weyden dá de cara com a Ghost na enseada da praia que eles estão abrigados, a embarcação estava em frangalhos e os dois resolvem ir até lá verificar o que houve. Lá chegando encontram Lobo Larsen extremamente debilitado, cego, mas ainda extremamente imponente. Ele os informa que Morte Larsen destruiu a embarcação e todos debandaram.

Hump resolve então reformar a Ghost para se salvar e salvar sua amada, porém Lobo mesmo debilitado os sabota algumas vezes, desfazendo toda reforma que Van Weyden havia feito com muito esforço e tentando atear fogo na embarcação, forçando Humphrey a prendê-lo em algemas. Cada vez mais debilitado, com as dores sendo mostradas como um tumor ou algo do tipo, Lobo definha lentamente até sua morte e Humphrey se declara e salva Maud Breuster.

Considerações Finais

Um clássico da literatura, O Lobo do Mar é mais do que um romance, é um livro que propõe diversos dilemas morais e com os diálogos entre Larsen e Humphrey nos faz pensar na vida de um modo geral, ora concordando com um, ora com outro.

Lobo é o homem mal, violento, mal caráter, porém dono de um intelecto brilhante, o que o torna uma contradição ambulante, porém muito segura de sua crença no poder do homem e somente do homem. Hump é o cara bom, de bom coração, que se vê forçado a conviver com pessoas da pior espécie, que não tiveram as oportunidades que ele teve e isso o deprime num primeiro momento, mas depois o fortalece.

O livro tem passagens geniais, como as que Lobo quase convence Humphrey dos seus ideais, porém a leitura é em muitas horas maçante, como por exemplo o excesso de pormenores dos procedimentos da embarcação, além de passagens muito longas que poderiam ser mais enxutas.

A essência do livro e seu cunho filosófico o tornaram um clássico atemporal, porém não se trata de uma leitura fácil, mas certamente vai te fazer pensar.



David Oaski






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