Nota: 8,0
A Todo Volume (título original “It Might Get Loud”) é um
documentário lançado em 2009, que tem como tema central o profundo envolvimento
de três artistas com a guitarra, sendo eles Jimmy Page (Led Zeppelin), The Edge
(U2) e Jack White (White Stripes, Raconteurs e carreira solo).
O intuito do documentário é elucidar toda a mística que
envolve o instrumento e a paixão que o mesmo desperta em todos que a empunham.
Mostra desde o início do interesse de cada um pela guitarra e seus atrativos,
até suas preferências por sons, como desenvolveram seus estilos de tocar, seus
equipamentos preferidos, influências, métodos de composição e tudo mais.
Logo no início do documentário, são mostrados os três, saindo
de suas casas, cada um num carro, contando suas expectativas sobre o encontro
com os outros dois guitarristas. Page fala sobre como Edge e White são caras de
timbre único, com muita personalidade. O documentário circula entre o encontro
entre os três, onde fazem algumas jams, com takes de cada um ouvindo música,
tocando algumas coisas e mostrando suas raízes como instrumentistas.
Jam do trio com violões |
Já de cara, entendemos o porquê da escolha do trio, pois cada
um tem um estilo peculiar, Page é um gênio, virtuoso, extremamente criativo,
tira sons impressionantes de um mesmo instrumento a cada acorde, como quando
ele exemplifica isso tocando “Ramble On”, com suas variações, ora suaves, ora
agressivas, em que ele fala que há luz e sombra em algumas de suas canções. No
entanto, The Edge é fascinado por pedaleiras e equipamentos de som e ama
explorar os diversos sons que são sua marca registrada com o U2 desde sempre.
Já White se mostra um pouco avesso à tecnologia, pois vê como uma facilidade de
uso, exigindo menos criatividade por parte dos músicos. É muito legal ver esse
contraste.
Somos transportados à Irlanda, para ver as raízes do U2, com
Edge, que mostra demos dos primórdios da banda, a sala de aula que servia como
palco para ensaios da banda e como tudo começou. Fala também sobre como ele foi
influenciado por bandas como The Jam, The Clash e Ramones, pois ele finalmente
viu alguém que falasse por sua geração no mundo da música; também vemos como
Jack White ralou antes de se tornar músico, já que morava num bairro pobre e
predominantemente negro, a onda era hip hop e house, tocar guitarra era visto
com maus olhos por sua vizinhança, desde cedo se interessou por blues da década
de 30, como Robert Johnson, e Son House, influências pouco usuais hoje em dia,
que fazem dele um músico único em sua geração; já Page descreve sua clássica
experiência como músico de estúdio na Grã Bretanha nos anos 60, quando
participou de quase tudo que era gravado, porém sentia falto de algo mais, de
criar suas próprias canções.
O discreto e brilhante The Edge |
Além disso, vemos o método de composição de cada um, sendo
que Page vê cada música sob uma circunstância, já que para ele as melodias e
ideias surgem de forma espontânea, através de uma centelha criativa que todo
artista deve ter; já The Edge gosta de testar riffs ao ar livre e conta que
começou a compor por incentivo de Bono Vox durante as gravações de “War”,
terceiro disco do U2, muito inspirado nas condições precárias atravessadas pela
Irlanda na época; e Jack gosta de guitarras meio tortas e desafinadas, gosta de
ser desafiado pelo instrumento, falou também que é preciso existir alguma luta
interior ou ao seu redor, senão você precisa criar uma para obter inspiração.
White babando em Page tocando "Whole Lotta Love" |
Outras partes marcantes são Page tocando “The Battle of
Evermore” em frente à clássica casa utilizada como estúdio pelo Led Zeppelin na
década de 70, o mesmo Jimmy tirando onda ouvindo música, com sua coleção de
discos atrás e ainda ele, falando sobre o skiffle, o ritmo pré rock, que
segundo ele, foi o leite materno do estilo. Vale destacar também o processo de fabricação
da linda guitarra de Jack White, produzida sob encomenda para o Raconteurs.
Entre a conversa em que os músicos falam sobre sua
experiência, rolam algumas jams, entre elas a cena já clássica de Page tocando
o riff de “Whole Lotta Love” e The Edge e White nitidamente emocionados como
que tivessem vendo algo mágico diante de si, e realmente estavam, é de
arrepiar. Além dessa, Page também toca, mas dessa vez acompanhado pelos dois
fazendo slide, em “In My Time of Dying”. White também dá show com “Dead Lives
and the Dirty Ground” e os três fecham o documentário com violões tocando uma
bela versão de “The Weight”, da The Band.
O trio amplificado |
A Todo Volume é altamente recomendado a todos aqueles que
admiram o instrumento das seis cordas, pois mesmo aqueles que não tocam (como
eu) ficarão instigados em apalpar o instrumento mais sexy que existe como diz
Jimmy Page num trecho. Inclusive, o que mais me causou estranheza ao acompanhar
o documentário foi ver Jimmy Page sem empunhar uma guitarra, pois parece que
ele e seu instrumento são uma coisa só, que se complementam.
Trata-se de um encontro raro de três músicos tão brilhantes
quanto humildes que batalharam muito pra se tornarem o que são hoje, são
verdadeiros operários da guitarra e não à toa merecem o reconhecimento que tem.
Que o amor à música demonstrado pelos três inspire as novas gerações a criarem
algo que se compare à obra deles no futuro.
David Oaski
Eu tenho esse doc, é ótimo!
ResponderExcluirJack White e The Edge parecem crianças bobas vendo o Page tocar. rsrsrs
Ótima recomendação! Quem curte música, rock, e guitarras, deve ver este documentário!
Abração, David.
Muito legal mesmo! Abraço Eni!
ResponderExcluirBaixar o Filme - A Todo Volume [It Might Get Loud] - É raro que um filme consiga penetrar na superfície glamorosa das figuras lendárias do rock’n’roll - http://mcaf.ee/683tw
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