De tempos em tempos volta à moda no meio do rock esse termo
usado para definir quem gosta de bandas que fazem sucesso e estão no
mainstream, o poser. A definição busca identificar aqueles que buscam parecer
uma coisa que não são, ou seja, dizer que é do rock, sendo que não conhece o
estilo a fundo.
Esse termo é usado como ofensa nos tempos de Internet,
mencionado pelos que se acham superiores aos outros por gostar de certas bandas
mais tradicionais, tidas como clássicas por público, imprensa e no próprio meio
da música. Chegamos num ponto onde gostar de bandas como Slipknot, Avenged
Sevenfold ou Coldplay é algo proibido, como se não houvesse no mundo outra
banda além de Led Zeppelin, Beatles, Metallica e Black Sabbath.
Realmente devem haver pessoas que se passam por fãs de rock
sem muito conhecimento e passam vergonha, mas fico pensando quantos dos que
perdem seu tempo pra chamar tal banda de poser, falar que tal banda é um lixo
sem nunca ter ouvido a sério seu som e, principalmente, até que ponto esse
preconceito estúpido impede as pessoas de conhecer bandas novas que fazem um
trabalho interessante. Muitos desses que criticam são os mesmos que falam que
indie é coisa de gay, que metal farofa não presta e o pior que o rock acabou, é
de dar pena.
Claro que as bandas clássicas têm seu mérito e merecem sempre
a lembrança e reverência do público, pois através delas, o rock como movimento
cultural se desenvolveu e permanece inserido na cultura mundial há tanto tempo,
bandas como Beatles, Rolling Stones, The Who, The Doors, Pink Floyd, Creedence,
Lynyrd Skynyrd, Kiss, Queen, Black Sabbath, além é claro dos primórdios com
Elvis, Chuck Berry, Little Richard, Jerry Lee Lewis, Buddy Holly, entre tantos
outros, são os pilares de tudo que veio na sequência. São bandas que
ultrapassaram seu tempo, sua geração e viraram verdadeiras marcas, que trazem
consigo toda uma camada folclórica que é sensacional de ser desvendada.
No entanto, entendo que bandas contemporâneas como Red Hot
Chili Peppers, Nirvana, Guns N’ Roses, Foo Fighters, Mastodon, System of a
Down, Queens of the Stone Age, Black Keys e até as citadas Slipknot e Avenged
Sevenfold, entre outras, tem seu valor, e são ótimas bandas, com carreiras
sólidas e bons discos lançados. Não entra na minha cabeça que as pessoas não
possam ouvir o que quiserem na hora em que tiverem vontade. Se eu estiver a fim
de ouvir Beatles, ouvirei cheio de tesão, e se na sequencia, der na telha de
ouvir Slipknot, vou ouvir com a mesma intensidade. Uma coisa não anula a outra.
Além disso, há outro ponto importante nessa discussão que é a
porta de entrada pro rock. É difícil acreditar que alguém comece a ouvir rock
hoje em dia através das bandas dos anos sessenta e setenta, salvo exceções como
em casos de influência dos pais. O mais normal é que o cara ‘se inicie’ ouvindo
Linkim Park, Coldplay, Marron 5 e outras bandas que possuem destaque na grade
mídia, para daí então, após algum tempo se interessarem ou não pelo estilo como
um todo. Resumindo, o cara tem seus 12 anos e é apaixonado pelo Avenged
Sevenfold, digamos que daqui a dez anos ele não terá o mesmo apreço pela banda,
já curtindo rock clássico, com maior discernimento cultural e tudo mais. Sou o
exemplo vivo disso, pois minha banda preferida quando adolescente era o Blink
182, hoje não sou tão fã da banda, já tendo maior interesse em outras vertentes
do rock, com bom conhecimento do gênero.
O público de rock que tem esse comportamento de rechaçar
qualquer banda que tenha maior destaque na mídia, seja pela maquiagem, pelo som
ou qualquer outro motivo se mostra preconceituoso e ignorante, confirmando
aquela visão deturpada que a sociedade tem de que todo roqueiro é burro, quando
sabemos que é exatamente o contrário.
Ninguém é obrigado a gostar de nada e todos tem suas antipatias
com relação a bandas, mas que tal ao invés de comentar nas redes sociais ou
comentários em portais diversos frases do naipe de ‘banda lixo’, ‘poser’, ‘som
de gay’, você não simplesmente ignora ou tenta montar um argumento menos idiota
pra sustentar seu comentário.
Bandas comerciais existem, sempre existiram e sempre vão
existir e podem conviver tranquilamente com o indie, o metal, o hard, o stoner,
enfim, todos os estilos, basta que nós que gostamos de rock sejamos menos
idiotas e promovamos o estilo e não fiquemos desdenhando de tudo, trollando sem
parar na rede, ou senão ficará difícil superar a mediocridade da cultura de
massa atual.
E outra, conservadorismo não combina nem um pouco com rock n’
roll.
David Oaski
minha banda preferida é o avenged sevenfold, porém eu também curto rock clássico como Metallica e Iron Maiden, ou seja, não sou nem um pouco conservador e concordo com tudo que você disse
ResponderExcluirO importante é não se limitar devido a preconceitos!
ExcluirConcordo com tudo.
ResponderExcluirComento: na prática, constata-se que o chamado "rock farofa" é sempre o som dos outros; nunca aquele de que gostamos.
Helênio
Ou seja, melhor abolirmos essa injusta nomenclatura.
Abraço.