Atenção amigo rocker carente de bons sons na cena nacional, pois vem de
Santos, a Califórnia brasileira, sua nova banda favorita, uma banda que poderia
ter surgido na Inglaterra no início dos anos 80, o Scuba Divers vem na
contramão de tudo que toca no rádio atualmente, pois apesar dos integrantes
terem média de idade inferior a 25 anos, as influências da banda passam por
estandartes do pop oitentista, tais como The Smiths e The Cure, passando pelo
rock alternativo dos anos 90, de bandas como Placebo e Smashing Pumpkins, isso
tudo soando original, aliando essas influências num caldeirão sonoro, criando
algo novo e poderoso.
A banda recém lançou seu primeiro álbum auto intitulado, com onze
canções que alternam climas densos, com melodias mais ensolaradas, e letras
que tratam temas diversos, sendo uma das inspirações principais os filmes de
terror, onda muito apreciada pelos irmãos Maurício Teles (baixo e vocais) e
Daniel Teles (guitarras e vocais) – completam o time Iury Cascaes (guitarras e
vocais) e Vitor Emanuel (bateria e backing vocal).
Procurando entender de onde esses caras tiraram inspiração pra fazer um
som ao mesmo tempo alternativo e original, mesmo com tão pouca idade, procurei
a banda para uma entrevista. Dá uma sacada abaixo como a molecada enxerga a
cena atual, assim como quais serão seus próximos passos:
- Como uns moleques de Santos se aproximaram da sonoridade que vocês
chegaram com o Scuba Divers? Numa época em que o sertanejo universitário impera
entre pessoas da idade de vocês, da onde surgiu o interesse por bandas
alternativas dos anos 80 e 90?
A banda no palco - pouca idade e som de gente grande |
Comigo e com Maurício foi uma influência familiar. Crescemos em contato
com bandas como Legião Urbana, Men At Work, Tears For Fears, The B52's, The
Police, U2 e todas essas bandas clássicas dos anos 80. Com a internet, foi uma
questão de tempo para explorarmos melhor as bandas que já conheciamos e
encontrar outras novas, como The Smiths e The Cure.
A ideia da banda surgiu na mesma época em que comecei a prestar mais
atenção em Indie Rock e Rock Alternativo, grupos como Kings Of Leon, Placebo,
The Killers e Weezer acabaram me levando a descobrir Pixies, Sonic Youth, My
Bloody Valentine e a partir daí não tinha mais volta, a barulheira entrou de
vez no nosso som.
Eu não lembro exatamente como o Nirvana entrou na vida do Iury, mas sei
que foi o ponto de virada para ele nesse sentido, de mergulhar fundo na
sonoridade alternativa. Iury: sinceramente, eu não sei de onde veio essa minha
verve pros lados do rock e desse tipo de som, porque aqui em casa ninguém nunca
ligou pra nada disso, e nem muito bem os meus amigos. Deve ter sido meu irmão,
que sempre ouviu muito punk rock, que me influenciou, e daí eu fui fuçando por
mim mesmo até chegar no Nirvana, a banda mais significativa pra mim.
- Qual o estágio atual da banda? Esse é o primeiro disco, certo? O que
vocês projetam para o futuro?
Capa do primeiro play |
Agora que lançamos o CD, o próximo passo natural é a sua divulgação.
Isso inclui desenvolver material multimídia, como a série "Por Trás das
Letras", realizar shows e mandar a música para rádios, sites, blogs e
canais de notícia no geral. Estamos também planejando um videoclipe e estamos
bem animados com isso!
Paralelo à divulgação do CD, já estamos trabalhando em novo material.
Temos três compositores ativos na banda, então já temos músicas para dois
discos, sendo que muitas delas já estavam prontas antes de começarmos a gravar
o primeiro. Já se tornou até difícil administrar tanto repertório, então
desenvolvemos o hábito de nos reunir às quintas para gravar demos e compor em
nosso projeto de home studio. Ouçam o CD físico até o final para terem uma
surpresinha do que estamos fazendo nas quintas feiras!
- Na visão de vocês, qual a melhor estratégia de divulgação em tempos de
interesse tão superficial por música?
Focamos nossa divulgação na internet, tanto pelas redes sociais da banda
quanto por canais sobre música, como sites, blogs e páginas de Facebook. Não
temos acesso aos grandes meios de comunicação, como rádio e TV, mas por nosso
som seguir um direcionamento alternativo, nem temos perfil para estar nesse
tipo de mídia. Tocamos uma música de nicho e a internet continua sendo a melhor
arma para alcançar esse público.
- Como vocês consomem música atualmente? Streaming? Youtube? Ainda
compram mídia física (CDs, DVDs e afins)?
Principalmente por streaming, em sites como Spotify, Youtube e Bandcamp.
Mas também adoramos mídia física, temos o costume de comprar CDs dos nossos
artistas prediletos e compraríamos mais ainda se os preços fossem mais
convidativos. Além de, é claro, ir a shows locais e internacionais.
Acho que esse carinho pelo release físico é bem nítido no lançamento de
nosso primeiro CD. Fizemos questão de lançá-lo em capa de acrílico, em oposição
as capas de papelão que grande parte das bandas menores optam por usar. Também
contratamos o artista Conehorror para fazer uma arte exclusiva para a capa e o
Maurício se encarregou de montar todo o encarte. É importante que a
apresentação do material seja condizente com o quanto de carinho temos pela
música ali presente.
- A que vocês atribuem o fato do rock estar tão em baixa na grande
mídia? E por que o jovem brasileiro médio deixou de se interessar por rock?
Eu não acho que isso seja 100% verdade. A muito pouco tempo atrás vimos
Cristopher Clark (de Santos) ganhar um reality show e bandas como Scalene,
Supercombo, Malta e Suricato tocando em programas populares da TV aberta. Se
formos para o cenário internacional, temos bandas de rock alcançando
popularidade mainstream de tempos em tempos.
O Muse lotou vários shows no Brasil, Arctic Monkeys ficou imenso com o
lançamento de seu último disco, Kings Of Leon se mantém relevante há um bom
tempo. Isso sem contar a cena de Post-HC que não conheço tanto assim, mas sei
que tem muitos fãs do movimento.
O jovem sempre foi e sempre será uma esponja que adere as tendências de
sua geração, a não ser quando a influência familiar ou de círculos de amizade
fala mais alto. Aqui no Brasil temos gêneros regionais e periféricos fortes, o
rock jamais teria o peso que ele tem em um num país como a Inglaterra, por
exemplo. O Lollapalooza está aí para provar como ainda assim existem muitos
jovens interessados em rock. O festival agrega rap, eletrônico, pop, mas
headliners como The Strokes, Arcade Fire e Muse deixam claro que o Rock ainda
tem seu espaço entre o público jovem.
- Como vocês avaliam a cena rock na Baixada Santista? Existem outras
bandas que consideram interessantes? Casas pra tocar? Existe de fato uma cena?
Temos muitas bandas aqui na Baixada Santista, então com certeza temos
sonoridades interessantes para a maioria dos gostos, mas acho que o único
movimento que poderíamos chamar de "cena" por aqui é o movimento HC
que tem um underground bem consolidado na região.
Acho que o ponto mais fraco da cena regional é a falta de casas de show
interessadas em dar espaço para som autoral. Mas só reclamar não adianta. Uma
casa de show é um negócio e se colocar o mesmo cover de AC/DC para tocar todo
final de semana dá retorno no fim do mês, para que arriscar no som autoral da
molecada? Por esse exato motivo comecei a organizar o festival de música
Alternapalooza, em uma tentativa de criar um nicho para som alternativo na
região.
De um modo geral, o rock segue por aí, em nichos como a própria banda
citou, mas com muita qualidade como é o caso desse Scuba Divers, basta
interesse e boa vontade que descobrimos novas bandas talentosas e dispostas a
dialogar com seu público.
Torçamos e sigamos acompanhando esses moleques promissores e que eles
tenham longa vida na música.
Vou quebrar teu galho e deixar os links mastigadinhos abaixo (não tem
desculpa hein mané?!):
Youtube - https://tinyurl.com/jd9w69v
Spotify - https://tinyurl.com/z4gubkk
Bandcamp - https://thescubadivers.bandcamp.com/album/the-scuba-divers
Soundcloud - https://soundcloud.com/thescubadivers/sets/the-scuba-divers
Spotify - https://tinyurl.com/z4gubkk
Bandcamp - https://thescubadivers.bandcamp.com/album/the-scuba-divers
Soundcloud - https://soundcloud.com/thescubadivers/sets/the-scuba-divers
Toma ainda uma amostrinha de um dos destaques do álbum, "I Wanna Die In London":
David Oaski